AS IMPLICAÇÕES ESPIRITUAIS E CIENTÍFICAS DA EXPLORAÇÃO ESPACIAL

AS IMPLICAÇÕES ESPIRITUAIS E CIENTÍFICAS DA EXPLORAÇÃO ESPACIAL

Retirado de <https://www.interdependente.com/2018/06/as-implicacoes-espirituais-e.html> em 24/06/2018

Por AD Luna – ad.luna@gmail.com – 

Talvez devido às atuais notícias que nos informam sobre novos avanços e descobertas, há pessoas que questionam se a humanidade não deveria usar os recursos financeiros e humanos usados na exploração espacial para outras necessidades. Mas será que esse raciocínio faz realmente sentido?

Quem responde a isso é o pesquisador e escritor Alexey Dodsworth. Ele vai além e trata do impacto existencial, filosófico e teológico que a exploração espacial nos trouxe. Dodsworth é mestre em Ética e Filosofia Política pela USP. Tem como focos de interesse filosofia da ciência, transumanismo, astrobiologia e outros temas.

Em 2013, o astronauta Chris Hadfield gravou clipe com sua versão para “Space oddity”, de David Bowie, na Estação Espacial Internacional

Dizem alguns, “em vez de investir em exploração espacial, deveriam gastar esse dinheiro em pesquisas médicas, para debelar a fome” etc. Isso não seria uma falácia de falsa dicotomia? 
Poderia não ser uma falsa dicotomia se, de fato, fosse uma questão de ou investir dinheiro em questões médicas, por exemplo, ou em colonização espacial.
O fato é que dinheiro não falta, recursos a gente tem. O dinheiro que é aplicado na pesquisa médica, por exemplo, é abundante. Se a ciência não avança em termos de medicina, para descobrir coisas como a cura da AIDS, ou a cura dos cânceres, não é por que falte recurso.
Ao observarmos a História, vemos que a exploração espacial mexe até com assuntos existenciais e espirituais. Poderia comentar a respeito?
Houve um momento do céu astrológico, que digo que é da Antiguidade Clássica até aproximadamente o século 16, 17. E ele preconizava a ideia de um céu que era perfeito, feito por esferas de éter e a vida só existiria no nosso mundo. Você tinha apenas uma outra pessoa que esperneava e dizia que não como, por exemplo, Giordano Bruno, o qual insista que as outras estrelas eram sóis e que cada estrela possuiria mundos em torno dela.

“Cheguei a localizar duas cartas de suicídio de padres que disseram que o que eles acreditavam era falso: se o céu muda, ele não é a garantia da perfeição”.

E que alguns desses mundos seriam habitados, assim com a Terra. Depois do céu astrológico, chega Galileu (Galilei), Copérnico e Kepler – o trio da destruição – mostrando que o céu, na verdade, não é o lugar dessa perfeição. Pelo contrário, o céu é o lugar em que os planetas e estrelas são compostos de matéria como a do nosso mundo mesmo.
Vídeo junta imagens do filme “Perdido em Marte”, com a música “Starman”, também de Bowie
No século 17, ocorre o fenômeno que foi conhecido como a Supernova de Kepler. Ele observou que, de repente, da noite para o dia, uma estrela se acendeu no céu. E isso foi um grande escândalo. Porque se o céu é o lugar das coisas imutáveis, se o céu é o lugar das coisas que não se transformam, que diabo de estrela é aquela que não estava ali e apareceu de repente.
Então veja, cheguei a localizar duas cartas de suicídio de padres que disseram que o que eles acreditavam era falso: se o céu muda, ele não é a garantia da perfeição. É partir daí, desse céu galileano, copernicano e de Kepler que a gente inaugura o momento da cosmologia astrofísica. Recentemente, no século 20, a gente inaugurou o céu astronáutico.
Com a ida do homem à Lua, as explorações e investigações espaciais. É aquele momento em que a gente começa a investir na direção de colonizar outros planetas. Ainda não estamos saindo deste (mundo). Mas isso não deve demorar muito.
As pesquisas espaciais poderiam ajudar até na sobrevivência da espécie humana num futuro?  
Faz parte da sobrevivência da humanidade. Não é de forma alguma um luxo. E as pessoas esquecem de uma coisa: as investigações espaciais trouxeram como efeito colateral avanços tecnológicos substanciais para o desenvolvimento da Humanidade, aqui no nosso mundo. Sempre que a gente investe em pesquisa espacial, a gente consegue também coisas que valem para nosso dia a dia comum. O próprio estudo das radiações cósmicas, de ambientes extraterrestres, tudo isso nos ajuda a compreender a Terra e a vida aqui.

SPINOFF 

A NASA – que, é bom lembrar, é uma instituição pública – divulga por meio do programa Spinoff o grande número de inovações, ferramentas e técnicas usadas na Terra que surgiram a partir de ações na exploração espacial. Visite o site: https://spinoff.nasa.gov/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Site Protection is enabled by using WP Site Protector from Exattosoft.com