SAUDADES

SAUDADES

Oh! Que saudades!

 

Eu podia voar sem me preocupar;

As energias eram leves, limpas, brancas e sutis.

A brisa era sempre suave e gostosa;

Sentia perenemente o perfume das flores;

Não existia noite, nem escuridão;

Em todo canto um grande grupo de amigos;

Afinidade, semelhança, amor e compreensão.

Era o que eu tinha…

 

Muitos planos e expectativas;

Ansiedades e vacilações;

Mas a confiança e a certeza eram maiores.

Não existia assédio ou obsessão.

Grandes mestres palestravam e nos iluminavam com a grandeza de sua humildade e sabedoria.

Eram muitos sorrisos e lágrimas, todos de alegria.

O bem, a luz e o amor pulsavam fortes em nossos corações.

 

Abraçávamo-nos e volitávamos juntos.

Íamos estudar em outros orbes.

Às vezes, descíamos à crosta da Terra, a fim de estudar os encarnados e suas atribulações;

Sempre confiantes e sinceros dizíamos:

 

“Comigo isso não vai acontecer!”

 

Muitos planos, projetos para um corpo físico novo.

Energias renovadas, conhecimentos avançados.

Cursos de autoconhecimento e controle do ego.

Estávamos sempre firmes e motivados.

Ouvíamos respeitosamente os mestres espirituais nos avisando:

 

“Fulano, você vai ter projeções conscientes esporádicas!”

“Cicrano, você vai ser médium de psicografia intuitiva!”

“Beltrano, você vai ter clarividência!”

 

Cada um se preparava, solícito aos conselhos dos Orientadores Evolutivos, que há muito nos conheciam e as nossas forças e fraquezas cármicas.

Cada plano bem adequado ao perfil de cada consciência, proporcional a sua competência, lucidez e força de vontade.

 

Estudávamos os preceitos do bem, da paz e do amor e as causas crísticas-búdicas-dhármicas, etc.

Cada um há seu tempo veio “descendo”.

São os “paraquedistas” da espiritualidade.

Despojaram-se um pouquinho para se doarem e para cá trazerem o amor de Cristo.

Sabiam que podiam falhar, mas vieram assim mesmo.

Que coragem abençoada!

 

Uns com um “fardo” maior, outros com um “fardo” menor, conforme suas possibilidades.

Todos sabiam que eram pequenas peças de um grande quebra-cabeça.

E assim se fez.

E assim “aterrissaram”.

Um foi para lá e outro para cá.

 

Alguns se esqueceram do amor, outros de seus compromissos espirituais mais dignos, outros se voltaram a associar aos antigos comparsas do mal e outros, engolidos pelo próprio ego, mas ainda assim muitos restaram no caminho do bem e estão aqui.

 

Não que não errem ou que não tropecem, mas continuam confiando em si e no próprio amor.

Sabem que hoje ainda são peças insignificantes, mas não são desprezíveis.

Ainda não são fatos, são apenas promessas.

Quem sabe um dia!

 

Talvez um dia nós nos tornemos grandes, não em nosso ego, mas em nossos corações e serviços espirituais.

 

Sim, estou aqui embaixo, agora!

Meu corpo é tão denso e eu sou tão pesado.

Dirijo no meio do trânsito e penso: “Sinto saudades…”

Estou na fila do banco e atrás de mim tem alguém irritado, sinto saudades…

 

Amo a vida e acordo feliz, vou trabalhar e encontro os colegas cabisbaixos, sinto saudades…

Sinto a presença de meu amigo espiritual, sinto saudades…

 

Ah, que bom meu Deus! Mais um dia!

Mais um dia para servir humildemente a Ti, a me provar meu amor e minha força espiritual.

 

Mas, ah, meu Deus!

Que saudades…

 

Ofereço este texto a todos os encarnados que se sentem “estrangeiros” nesta terra densa, porém abençoada de infinitas oportunidades evolutivas. Não esmoreçam!

 

 

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