MEMÓRIAS – ENTREVISTA COM HERCÍLIO MAES

Arigó: maravilhoso médium-cirurgião.
Chico Xavier: magia de uma vida exemplar.
Palmelo: cidade abençoada.

Dentre os “milagres” constantes neste exemplar, que contemplava as edições de n° 316/317/318 do ano de 1964 (abril-junho), trouxe dentre as 39 reportagens, uma com Hercílio Maes (a de número 11).
Matéria essa transcrita, após receber as respostas de modo gravado em fita como mostra uma das imagens que constam na revista.
Cabe destacar o fato deste exemplar ser considerado uma raridade na documentação referencial e bibliográfica de Hercílio.

Abaixo o texto (11) em tradução livre por Pilar Valencia.

HERCÍLIO MAES

É tempo que o ser humano se emancipe e pense por si mesmo

Hercílio Maes, recebedor das mensagens do Guia Ramatís, que cada vez cobram maior importância e divulgação, é um distinto advogado de Curitiba. Atende de forma ativa suas obrigações mundanas independentemente de seu trabalho como discípulo do iluminado instrutor Ramatís, não se beneficiando de forma alguma com o lucro dos livros. Escreveu numerosas obras, como “Mensagens do Astral”, “Fisiologia da Alma”, “A Sobrevivência do Espírito”, “Mediunismo”, “A Vida Além da Sepultura” e “A Vida no Planeta Marte”, este último editado também em castelhano, graças a dedicação do senhor Manuel Valverde (calle Avelino Díaz 1031) de Buenos Aires.

P- Pode nos dar Senhor Hercílio Maes alguns dados biográficos?

R- Desde a idade de doze anos, tenho contato com o mundo espiritual, apesar disso não conseguia distinguir o fenômeno com toda clareza. Nessa época era coroinha de uma igreja católica. Aos quatorze anos, me libertei desses dogmas e ingressei no protestantismo. Depois virei ateu até os 27 anos. Foi então que por um desastre automobilístico desencarnaram duas pessoas próximas, o qual fez surgir minha mediunidade de um modo repentino. Para me curar de uma doença muito forte dos nervos, tive que me desenvolver em sessões espíritas. Finalmente me senti curado , já que sua origem era devido a minha mediunidade potencializada. Desde então me sinto perfeitamente bem e totalmente equilibrado

P- Como se manifesta sua faculdade?

R- Minha mediunidade se expressa de modo inspirativo e somente raras vezes sinto algo mecânico. Minha psicografia é realizada diretamente na máquina de escrever.

P- Como teve contato pela primeira vez com Ramatís?

R- Aos três anos, Ramatís apareceu para mim completamente materializado, às nove e meia da manhã. Era uma figura hindu-chinesa, com roupas sacerdotais muito luminosas e coloridas, que pareciam de seda fluídica. Lembro claramente que Ramatís me falou assim: “quando chegares aos 30 anos, voltarei”. E efetivamente aos trinta anos ele apareceu em vidência mental, mas somente seu busto. Disse que se chamava Ramatís e em seguida que eu teria que sofrer muito; que depois voltaria para comunicar suas mensagens em benefício do homem terrestre. Depois de muitas doenças, operações cirúrgicas e dificuldades financeiras que me deixaram bastante sensível e desiludido do mundo material, Ramatís retornou começando a ditar suas atuais mensagens mediúnicas.

P- Quantas horas por dia se dedica a escrever?

R- Trabalho tanto a noite quanto pela manhã, na madrugada ou a tarde. Minha conexão com Ramatís me permite recebê-lo ou psicografá-lo em qualquer momento porque ele não realiza incorporações semelhante ao que acontece na mediunidade corrente. Minha mente encontra a mente de Ramatís, e, no momento se estabelece um canal de comunicação.

P- Como o senhor diferencia as respostas de Ramatís das suas próprias?

R- Quando sou eu mesmo, respondo as perguntas de modo comum, sem grandes traços de genialidade ou conhecimento. Por outro lado, quando me ponho em contato com Ramatís, tudo se acrescenta, quer dizer, se centuplica tanto na soma do conhecimento das coisas espirituais quanto no nível e qualidade das expressões que são muito superiores as minhas.

P- Qual é propósito fundamental do trabalho de Ramatís?

R- “Os tempos chegaram”, é dizer que todos os homens necessitam ter a oportunidade de uma ação mais consciente em suas relações com o mundo. É tempo do ser humano se emancipar e pensar mais por si mesmo, em vez de fazer somente na presença de sacerdotes, instrutores e mestres. Assim terá mais responsabilidade, já que não necessitará de “muletas” para encontrar a verdade. Entretanto os homens estão presos e escravizados pelas religiões sectárias ou muito ortodoxas em suas preferências doutrinárias; todavia são como cegos guiando outros cegos! Ramatís, portanto, procura comunicarmos ensinamentos que nos impulsionem a liberação espiritual de qualquer seita religiosa. Ensina um tipo de espiritualismo universalista, que tem por fundamento a mensagem definitiva de Cristo de que só o amor salvará o homem.

P- Poderia sintetizar os fundamentos destes elevados ensinamentos?

R- Os pontos básicos da obra de Ramatís são os seguintes: existe uma Justiça Perfeita ou Lei do Karma; um processo extremamente inteligente e sensato que é a Reencarnação; o alimento principal do homem é o AMOR. Fora isso, os demais são somente divagação, rituais, compromissos e adorações, porque em todo o universo existe somente um processo da vida perfeita, o AMOR…

P- Esta mensagem tem outra finalidade?

R- A obra de Ramatís tem também por objetivo advertir o mundo sobre a hora decisiva em que vivemos para que nos examinemos espiritualmente. Também indica o remédio para sua cura. Em todos os setores do trabalho humano, Ramatís envia sua mensagem de esperança e exortação à pratica do Bem e do Amor, acima das barreiras religiosas e de falsos mestres, produtos das fantasias e do escasso mérito espiritual.
A verdade se encontra no íntimo de cada ser, já que o próprio Jesus disse “Eu e meu Pai somos Um”, “Vós sois Deuses”, “O reino de Deus está dentro de vós”. Assim Ramatís procura romper as ataduras das tradições religiosas, do fanatismo por esta ou aquela doutrina, mas aconselha um aproveitamento saudável, sem escravidão, dos ensinamentos de todos os mestres e sem apegar-se cegamente a nenhuma.
Por esta razão Ramatís não deseja que se forme seita alguma com seu patrocínio, senão das Fraternidades sob sua inspiração sejam sempre tão amorosas, prestativas, universalistas e sensatas, que qualquer homem encontre ali uma fonte para saciar sua sede de conhecimento, de afetividade e amparo espiritual.

P- As obras de Ramatís têm muita divulgação no Brasil e exterior? Qual é o número de livros vendidos?

R- Entendo que tem ampla divulgação. “A vida no Planeta Marte”, alcançou a quarta edição, com um total de 80.000 exemplares vendidos, “Mensagens do Astral”, 40.000. As demais obras, com uma edição de 20.000 exemplares cada uma, totalizam até agora 200.000 livros, sem contar as edições em espanhol, alemão e atualmente em tradução para russo e inglês.

P- O senhor é quem formula as perguntas que aparecem nos livros?

R- Uma parte é feita por cartas, pelos leitores de Ramatís, que solicitam esclarecimentos sobre assuntos de interesse particular ou geral. Outras são formuladas por amigos e familiares e participantes do “Grupo Ramatís”. E por último, uma quarta parte faço eu mesmo. Entretanto, quem mais pergunta é o próprio Ramatís, portanto é ele quem coordena os temas como se fosse um leitor perante alguma dúvida. Graças a este estilo particular, Ramatís conseguiu que muitos temas profundos não resultassem exaustivos ou demasiadamente complexos.

P- Poderíamos realizar alguma ação coletiva, oração, invocação, etc, para evitar “as terríveis matanças” que previu Ramatís para a humanidade em caso de seguir sua atual derrocada?

R- Certamente, as orações coletivas levantam fronteiras vibratórias que constituem uma verdadeira defesa entre a Luz e as Sombras. A oração modifica o ambiente animalizado, porque é a linguagem dos anjos! Assim surge a claridade e se ilumina o ambiente da Terra, estabelecendo-se lugares para a revitalização e concentração dos guias espirituais e entidades benfeitoras que se sacrificam e lutam para dissipar as sombras. Não haverá, por outro lado, uma “terrível matança” da humanidade terrena, naturalmente porque a morte não existe; tudo se transforma, nada se cria e nada se perde. A morte é apenas o abandono da vestimenta cansada de nervos, ossos e carne. A morte física, para o espírito é apenas uma nova experiência que este registra em seu arquivo sideral. Que importa viver dez ou vinte anos a menos do tempo que se deseja se o espírito é eterno?

P- O que nós, os espiritualistas, podemos fazer para a divulgação destes elevados ensinamentos?

R- Os espiritualistas sem vínculos sectários, que pensam livremente e sem compromissos religiosos podem unir-se em uma mesma afinidade de pensamentos e sentimentos em favor do homem da Terra. Os planos divinos são precisos; não existe equívoco nem desordem em sua realização. O que se poderá fazer pela humanidade nessa hora tão crucial? Sem dúvida: divulgar a paz, o amor, a esperança e a piedade por aqueles que sofrem em sua ignorância espiritual.

P- O Brasil tem alguma missão especial para realizar por haver iniciado a mensagem de Ramatís por esse país?

R- A principal missão do Brasil é a mensagem da “fraternidade”. Lhe compete albergar em seu solo todas as raças angustiadas e aflitas, o que em princípio se assemelhará a uma mistura exótica. Entretanto, a medida em que se acomodem em sua superfície, que se misturem e produzam filhos brasileiros, irá se fortificando e consolidando desta maneira um dos povos mais fraternos do mundo. Assim, se formará um tipo de homem em cujo coração vibrem as emoções de todas as raças e em seu cérebro os ideais de todos os seres. No Brasil o socialismo (1) chegará com grande êxito e sem derramamento de sangue, sem sementes de ódio. Assim quer Deus!… O brasileiro todavia é um homem jovem de espírito, pouco irresponsável e ingênuo. Não obstante é muito intuitivo de nascimento e no futuro será um tipo muito avançado e que constitui desde já, o fundamento da sétima raça mãe.

P- Queríamos pedir ao Mestre Ramatís uma orientação para a Argentina. Poderia nos dizer qual é a missão de nosso país?

R- O Brasil é o viveiro das atividades mais avançadas do mundo espiritual na Terra. A Argentina é “a porta amiga” que se abre para a divulgação das mensagens brasileiras em todos os povos de idioma espanhol.
No Brasil, as grandes mensagens espirituais necessitam do irmão argentino para que sejam divulgadas com alegria dos Mestres do Alto. Muito em breve, o intercâmbio entre Brasil e Argentina, no campo espiritual servirá de exemplo para os demais povos. A missão do Brasil é receber as mensagens da espiritualidade, mas o êxito entre os povos necessitados requer o auxílio do outro país amigo: a Argentina. É por isso que temos muitos discípulos e simpatizantes na Argentina porque são nosso prolongamento vivo, cumprindo a tarefa de materializar estes elevados pensamentos na Terra

(1) Nota: Transparece que Hercílio comungava do que vinha a ser o “Socialismo” em conceito, principalmente naquele que se deixou entrever e pregar por Leon Denis, na obra Espiritismo e Socialismo do original de 1924. Onde podemos ver a síntese de seu pensamento, já em seu início, quando infere a correlação entre ambos: “estão unidos por laços estreitos, visto que um oferece ao outro o que lhe falta a mais, isto é, o elemento de sabedoria, de justiça, de ponderação, as altas verdades e o nobre ideal sem o qual corre ele o risco de permanecer impotente ou de mergulhar na escuridão da anarquia. Todavia, antes de tudo, importa bem definir os termos que empregamos. Para nós, o Socialismo é estudo, a pesquisa e a aplicação de leis e meios susceptíveis de melhorar a situação material, intelectual e moral da Humanidade. Nessas condições são numerosas as nuances, as variedades de opiniões, de sistemas, desde o Socialismo Cristão até o Comunismo, e todo o homem cuidadoso com a sorte de seus semelhantes pode se dizer socialista, quaisquer que sejam, aliás, suas predileções”.

Os médiuns de Ramatís Hercílio Maes e Dinorah Azevedo

“Embora respeitando as evasivas modestas de Ramatís, devo dizer que também o tenho visto no seio de uma massa de luz policrômica tão cintilante e transparente, que elimina todas as rugas, sulcos e sinais de maturidade de sua fisionomia, apresentando-o com o aspecto de um jovem de quinze anos, cujo rosto assume um tom rosado; seus olhos amendoados arredondam-se pela luz que os inunda facilmente.
Ramatís remoça-se de tal modo pelos fulgores luminescentes que se irradiam de sua intimidade, que será dificílimo crer-se que o seu perispírito abandonou o corpo carnal aos 30 anos de idade física, pois até seus lábios perdem os contornos orientais”. Hercílio Maes

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