PESQUISA CIENTÍFICA EXPERIMENTAL

PESQUISA CIENTÍFICA EXPERIMENTAL

Professor Fábio Eduardo da Silva – Texto I – versão 2.2 – Março – 2000 – cURITIBA, pr

S u m á r i o

1.            Introdução ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………1
2.            Ciência ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..1
3.            natureza da Ciência ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..1
3.1         contexto social ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..1
3.2         natureza imanente da ciência …………………………………………………………………………………………………………………………………..1
3.2.1     aspecto lógico ou dimensão compreensiva …………………………………………………………………………………………………..1
3.2.2     Aspecto técnico, metodológico ou operacional ……………………………………………………………………………………..1
4.            objetivos e papéis da Ciência ………………………………………………………………………………………………………………………………………..2
5.            conhecimento científico e outras formas de conhecimento ……………………………………………………2
6.            Divisão da ciência ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………2
7.            características do conhecimento científico empírico ……………………………………………………………………..2
8.            método ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….3
9.            método científico …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..3
10.         métodos experimentais ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………..3
11.         estrutura da ciência …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..3
12.         paradigma ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….4
13.        teoria  ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….4
14.         lei ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………4
15.         hipótese …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….4
15.1      características básicas de uma hipótese aplicável ……………………………………………………………………………..4
15.2.     algumas fontes de hipóteses ………………………………………………………………………………………………………………………………………5
15.3      miopia das hipóteses ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..5
16.         variável ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………5
16.1      classificação Geral das variáveis ………………………………………………………………………………………………………………………….5
16.2      classificação das variáveis em função da natureza ………………………………………………………………………….5
16.3      classificação das variáveis em função da natureza relacional …………………………………………..6
16.4      Operacionalização das variáveis …………………………………………………………………………………………………………………………….6
17.         pesquisa …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….6
17.1      por que se faz pesquisa? ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………7
17.2      as necessidades para a realização da pesquisa ………………………………………………………………………………………..7
17.2.1   Qualidades do pesquisador ……………………………………………………………………………………………………………………………………………7
17.2.2   recursos humanos, materiais e financeiros …………………………………………………………………………………………………7
17.2.3   o projeto de pesquisa …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..7
17.3      o problema de pesquisa ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………..8
17.4      tipos de pesquisa com base em seus objetivos ……………………………………………………………………………………………..8
17.5       tipos de pesquisa com base nos procedimentos técnicos utilizados ……………………………………8
18.         pesquisa experimental ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………….8
18.1      definição do plano experimental ……………………………………………………………………………………………………………………………10
                referências bibliográficas ……………………………………………………………………………………………………………………………………………12

  1. Introdução

O presente texto visa oferecer uma introdução básica a ciência e seus principais conceitos, enfatizando algumas questões sobre a Pesquisa Experimental.

 

  1. Ciência

Segundo Ferrari (1982 p. 2): “A ciência é todo um conjunto de atitudes e de atividade racionais, dirigido ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido a verificação.”

Tinoco (1993, p.114) a define: “[…] como a investigação metodológica, causal e sistemática da realidade, objetivando responder questões, solucionar problemas e desenvolver de modo mais efetivo os procedimentos para se obterem respostas e soluções.”

 

  1. natureza da Ciência

Segundo Tinoco (1993)  a ciência pode ser compreendida num sentido amplo a partir de dois fatores: a. aspectos relacionados ao contexto social; e b. valores imanentes a própria ciência.

 

3.1       contexto social

Segundo Robert King Merton, comentado por Tinoco (1993) os valores científicos e o ritmo de crescimento da ciência estão associados a fatores sociais. Isso implica na existência de uma correlação muito forte entre as necessidades econômicas e o desenvolvimento científico. É o contexto econômico de um dado momento histórico que determina quais pesquisas devem ser realizadas, financiando-as. Dessa forma o “aparelho produtivo” subordina e direciona a produção do conhecimento científico.

Tinoco (1993, p.25) enfatiza a necessidade de “desmistificar a falsa idéia de que é o cientista isolado, o gênio abnegado, quem produz conhecimento científico para o bem estar da coletividade”. O grupo social proprietário do processo produtivo subordina a produção científica com fins de “aumentar os bens de produção da sociedade.”

No caso da Parapsicologia, esse é um dos principais aspectos que impede o seu crescimento científico, visto a impossibilidade de associar o conhecimento por ela produzido aos “modos de produção da sociedade.”

 

3.2       natureza imanente da ciência

Ferrari (1982) distingue dois fatores básicos:

 

3.2.1    aspecto lógico ou dimensão compreensiva

Trata-se do método de raciocínio e inferência sobre os fatos investigados. Esse aspecto “constitui o método para a construção de preposições  e enunciados que são elaborados sobre as diretrizes de sistemas conceituais e teóricos; é uma tentativa de descrição, interpretação, explicação, e verificação exata.” (Ferrari, 1982, p. 2)

São esses: “[…] procedimentos e operações intelectuais que 1) possibilitam a observação racional e controlada dos fatos; 2) permitem a interpretação e explicação adequada dos fenômenos; 3) contribuem para a verificação dos fenômenos, positivados pela experimentação ou reobservação; 4) fundamentam os princípios da generalização ou o estabelecimento dos princípios e das leis.” (Ibid., p. 3)

 

3.2.2    Aspecto técnico, metodológico ou operacional

São as formas de manipulação dos fenômenos, com vistas a mensurá-los da forma mais precisa; a registrar as suas condições de ocorrência, sua freqüência, persistência, decomposição/recomposição e aproveitamento.

 

  1. objetivos e papéis da Ciência

Segundo Ferrari (1982)  a ciência tem múltiplos objetivos e papéis a desempenhar – dos itens a. ao e. – aos quais pode-se acrescentar o prisma de Tinoco (1993) – último item.

  1. Aumento e melhoria do conhecimento sobre os fenômenos já conhecidos.
  2. Descoberta de novos fatos ou fenômenos e criar novas realidades.
  3. Aproveitamento espiritual, desvendando mistérios e superstições. (Caso da Parapsicologia)
  4. Aproveitamento material: suprimir a fome; eliminar as doenças, o sofrimento e a morte prematura dos seres humanos e animais.
  5. Estabelecer um certo controle sobre a natureza, prevendo e evitando certos riscos ou desequilíbrios, tanto físicos como sociais.
  6. Servir a classe econômica dominante, no sentido de aumentar os bens de consumo para incrementar o desenvolvimento econômico.

 

  1. conhecimento científico e outras formas de conhecimento (Ferrari, 1982; Tinoco, 1993)

conhecimento científico e outras formas de conhecimento

  1. Divisão da ciência (Ferrari, 1982)

Com base no objeto, na diferença de enunciados e na metodologia empregada, tem-se a seguinte divisão:

  1. Ciências Formais – possuem entes ideais como objeto de estudo, ex. Matemática, Lógica;
  2. Ciências Fatuais ou Empíricas – ocupam-se com fatos, coisas, eventos ou processos.

 

  1. características do conhecimento científico empírico (Ferrari, 1982)
  2. Fatual – lida com ocorrências ou fatos;
  3. Analítico – visa a compreensão global de um fenômeno ou situação, em termos dos seus componentes. Essa análise inclui as noções complementares de dissociação e remontagem;
  4. Geral – “Não existe ciência do particular”, ela preocupa-se antes, com tipos, espécies ou classes. Busca verificar as características comuns e as leis gerais ou condições para elaborar modelos ou sistemas maiores que ordenem o conhecimento científico;
  5. Sistemático – contém: 1. Sistema de referência (modelos fundamentais), 2. Teorias e hipóteses; 3. Fontes de informação e 4. Quadros explicativos das prioridades relacionais;
  6. Cumulativo – se enriquece continuamente e seletivamente com novos conhecimentos;
  7. Falível – não é definitivo, absoluto ou final, está em constante reformulação;
  8. Verificável – uma afirmação, dado, hipótese ou teoria precisam ser testadas experimentalmente;
  9. Explicativo – existem controvérsias com relação a este aspecto. Alguns cientistas entendem que a ciência deve descrever a natureza dos fenômenos e não explicá-los. Outros porém pensam de forma contrária. Uma das dificuldades desse aspecto é que um fato pode ser explicado diversamente por perspectivas diferentes e em momentos diferentes;
  10. Preditivo – visa prognosticar probabilisticamente, prevendo a margem de erro de tal prognóstico;
  11. Útil – o conhecimento é um meio de mudar o mundo.
  12. método (Ferrari, 1982)

“Método é um procedimento racional arbitrário de como atingir determinados resultados.” (Ibid., p. 19)

É uma seqüência ordenada de procedimentos que devem ser realizados ao longo de um percurso visando obter um objetivo preestabelecido.

  1. método científico

MÉTODO CIENTÍFICO

Ferrari (1982, p.23), citando Marhall Walker, indica que o método científico contém 3 passos:

  1. postula um modelo ou hipótese fundado nas observações ou medidas experimentais existentes;
  2. verifica as predições deste modelo com respeito as observações e medições ulteriores e
  3. ajusta ou substitui o modelo conforme exijam as novas observações ou mensurações.

O método científico pode ser subdividido em função da maneira que é aplicado e a natureza dos problemas aos quais é aplicado:

  1. “Sua aplicação de modo generalizado” – Método Geral – trata-se de uma base lógica. Os 4 principais métodos gerais são: Método Fenomenológico; Método Semiótico; Método Dedutivo e Método Indutivo.
  2. “Sua aplicação de forma específica” – Método Discreto – trata-se de uma orientação técnica. Os principais métodos discretos são: Observacionais; Experimentais; Clínicos; Estatísticos e Comparativos.

 

  1. métodos experimentais

São caracterizados pela manipulação preestabelecida de variáveis, visando a mensuração e o controle dos efeitos. Segundo J. S. Mill, citado por Ferrari (1982), eles tem duas funções: a. descobrir conexões causais e b. atingir a demonstrabilidade.

  1. estrutura da ciência

A ciência se estrutura basicamente por “teorias, leis ou princípios, hipóteses e variáveis, que determinam a construção dos modelos científicos.” (Ibid., p. 115)

MODELOS CIENTÍFICOS OU PARADIGMAS

  1. paradigma

 

Tinoco (1993, p.30) cita Thomas Kuhn que define paradigma como: “[…] as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de participantes de uma ciência.”

A adoção de um paradigma por parte de um cientista, implica na aceitação de uma forma padronizada de ver, indagar, experimentar e teorizar a realidade. Um paradigma torna legítimo essa padronização que, passa a ser aceita por toda uma comunidade científica. Ele define os graus de importância do que deve ser investigado e também o que não deve ser investigado, que passa a ser considerado como irrelevante.

Os paradigmas não são imutáveis, ao contrário, a mudança paradigmática é um fenômeno natural no desenvolvimento científico. Na Física, isso pode ser exemplificado com a mudança do paradigma da Mecânica Clássica (XVIII – XIX) pelo paradigma da Mecânica Relativista (1905/20 – 1982).

 

  1. teoria (Ferrari, 1982; Tinoco, 1993)

 

É um conjunto de leis ou enunciados que foram validadas, tidas como sustentáveis e que visam explicar, descrever, controlar e predizer sobre os fatos a que se referem. É um corpo de conhecimentos que “unifica uma área de interesse científico”, porém que está sujeita a constantes mudanças.

Ela deve:

  1. proporcionar uma metodologia apropriada;
  2. organizar e estruturar uma estrutura analítica dos conceitos;
  3. explicar, generalizar e sintetizar conhecimentos;
  4. fazer previsões;
  5. reforçar a contrastabilidade;
  6. descobrir lacunas no conhecimento e
  7. descobrir novos conhecimentos para preenchê-las.

 

  1. lei

Tinoco (1993, p.87) cita Souza, et. all., que define lei da seguinte forma: “Um enunciado geral estabelecido a partir de evidências factuais e por elas confirmado.” Uma lei científica deve descrever e explicar fenômenos empíricos. As leis podem ser Universais, quando “são válidas em qualquer circunstância”, ou estatísticas, quando indicam um comportamento mais provável.

 

  1. hipótese

As hipóteses são previsões que antecedem a comprovação ou constatação dos fatos, são “formulações provisórias do que se procura conhecer.” (Ferrari, 1982, p. 129) As hipóteses de trabalho “são supostas respostas para o problema.” (Ibid., p. 129)

“[…] a hipótese é a proposição testável que pode vir a ser a solução do problema” (Gil, 1991, p.35)

 

15.1     características básicas de uma hipótese aplicável (Ferrari, 1982; Gil, 1991)

  1. Deve ser conceitualmente clara e explicitada por definições nominais e operacionais;
  2. deve ter referências empíricas, ser passível de experimentação, não deve conter julgamentos de valor;
  3. deve ser específica;
  4. deve ser parcimoniosa; se uma hipótese simples pode explicar tão bem um fenômeno quanto uma complexa, deve-se preferir aquela em vez desta, ou se todas as hipóteses conduzem ao mesmo objetivo, deve-se preferir a mais simples. (“Navalha de Ocam”)
  5. deve estar vinculada a métodos e técnicas disponíveis de investigação e
  6. deve relacionar-se a alguma teoria básica.

 

15.2.    algumas fontes de hipóteses (Ferrari, 1982; Gil, 1991)

  1. Conhecimento familiar;
  2. observação sistemática ou assistemática dos fatos;
  3. comparação de outros estudos;
  4. com base numa teoria;
  5. intuição;
  6. experiência pessoal
  7. derrocada de uma lei ou teoria (experimental)

 

15.3     miopia das hipóteses

As idéias preconcebidas dos pesquisadores podem limitar as descobertas e ainda gerar distorções.

A esse respeito, Ferrari (1982, p. 137), cita Bachrach: “A história da ciência registra muitos casos em que numerosas descobertas foram retardadas por causa de tais idéias preconcebidas, incapacitando o pesquisador de enxergar longe. Pois em tais casos o pesquisador recusa-se diante dos fatos, de aceitá-los ou procura descartar-se deles com explicações simplistas”.

 

  1. variável

A tarefa mais elementar da ciência é lidar com variáveis. Isso ocorre porque as variáveis são constituídas  por atributos ou valores com os quais se pode compreender os fenômenos ou fatos, ou ainda devido a inter-relação das variáveis (estímulo x conseqüência, causa x efeito, produtor x produto, correlações, etc.) que permitem a compreensão dos processos interacionais.

“[…] uma variável é um valor que pode ser dado por quantidade, qualidade, característica, magnitude, traço, etc., que pode variar em cada caso individual […]”(Ferrari, 1982, p.142)

 

16.1     classificação Geral das variáveis

  1. a. contínua

Esse tipo de variável possui uma quantidade grande de valores possíveis, que “são divisíveis em quantidades fracionárias cada vez menores”. (Ibid., p. 143) Elas apresentam uma ordem ou continuidade – do menor para o maior ou vice-versa – e o seus fatores apresentam-se interconectados por uma graduação progressiva e dinâmica. Dessa mutabilidade contínua advêm a dificuldade da sua medida exata.

Ex.       Idade, temperatura.

  1. b. descontínua

Nesse tipo de variável os valores são separados e não possuem graduação ou fracionamento e nem ordem seqüencial de continuidade; eles são mutuamente exclusivos e se expressam por valores inteiros.

Ex.       Um indivíduo que rouba e outro que não rouba;

Número de alunos na sala de aula; Uma pessoa é casada ou solteira.

 

16.2     classificação das variáveis em função da natureza

  1. a. qualitativas

Também chamadas de nominais, estas variáveis não oferecem base para medição  visto que apenas classificam propriedades sem estabelecer as graduações da mesma. Elas se caracterizam por atributos de aspectos não mensuráveis, não numéricos.

Ex.       Na psicologia: “neurótico, psicótico, exaltado, tímido”.

  1. b. quantitativas

Esse tipo de variável é definida “em termos de dados ou proposições numéricas”, sustentados num sistema lógico. A inferência de números ocorre de modo arbitrário, porém deve exprimir “uma utilidade para os resultados.” “[..] a quantificação científica exige que se indique números as propriedades, objetos e eventos, para dar ou obter informações mais completas.” (Ibid., p. 145)

Ex.       Velocidade de um corpo; Valor da corrente elétrica.

16.3     classificação das variáveis em função da natureza relacional

(Ferrari, 1982; Triviños, 1990; Dalton, 1997)

  1. a. independente (x)

Uma variável é denominada independente quando influencia uma outra chamada dependente (y). A variável (X) já é conhecida e aparece antes enquanto a variável (Y) será descoberta.

Ex.       Uma pesquisa foi feita para verificar a relação entre a idade (X) e a preferência por diferentes tipos de programas de rádio (Y).

Qual a relação entre a fadiga (X) e os acidentes de trabalho (Y); ou a relação entre a quantidade de trabalho (X) e a fadiga(Y)?.

Qual a relação entre o nível de neuroticismo (X) e os escores ESP (Y)?.

  1. b. dependente (Y)

Uma variável dependente (y) refere-se “[…] aos valores ou fatores quantitativos a serem explicados” ou as características do “[…] objeto, processo, agente, fenômeno ou problema.” (Ferrari, 1982, p. 149)

Ex.       Uma pesquisa feita para verificar a relação entre o nível de criatividade (X) e os escores psi (Y).

influencia variável

  1. c. interveniente (W)

Uma variável interveniente (W) é “[…] aquela que se coloca entre a variável independente (x) e a dependente (Y), tendo como finalidade anular, ampliar ou diminuir o impacto da variável X sobre a variável Y .” (Ibid., p. 149)

Ex.       Uma pesquisa avaliou a influência da procedência escolar – escola pública ou privada – (X) nos escores de exames de vestibular (Y). Porém o nervosismo do aluno ou qualquer outro fator que possa influenciá-lo no sentido de obter uma nota não compatível com o seu preparo constitui-se numa variável interveniente (W).

Uma pesquisa avaliou a influência

16.4     Operacionalização das variáveis (Triviños, 1990; Dalton, 1997)

As variáveis são formadas por conceitos, que devem ser esclarecidos de forma exata. A operacionalização diz respeito à inferência de um sentido ou conteúdo prático às variáveis, ou o esclarecimento sobre a forma que serão observadas/mensuradas.

Ex.       A variável idade, indica de forma abstrata o tempo de vida de uma pessoa, animal ou objeto. Para torná-la operacional, o pesquisador pode estabelecer faixas etárias específicas – abaixo de 18 anos, entre 18 e 25, entre 26 e 35 e acima de 35.

A variável extroversão é, em si mesma, abstrata e subjetiva, porém um pesquisador pode aplicar um específico teste psicológico para mensurá-la tornando-a assim operacional e objetiva.

 

  1. pesquisa (Gil, 1991)

Considera-se pesquisa como “[…] o procedimento racional e sistemático que tem por objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.” (Gil, 1991, p.19)

Uma pesquisa é desenvolvida a partir dos conhecimentos disponíveis, utilizando-se métodos e técnicas específicos.

17.1     por que se faz pesquisa?

  1. Por razões intelectuais – puras – trata-se do desejo de conhecer pela satisfação em si;
  2. Por razões práticas – aplicadas – conhecer para realizar algo mais eficientemente.

Esses aspectos são complementares; uma pesquisa pura pode obter conhecimentos de aplicação prática, como uma pesquisa prática pode induzir “à descoberta de princípios científicos.”

 

17.2     as necessidades para a realização da pesquisa

 

17.2.1 Qualidades do pesquisador:

  1. conhecimento do assunto a ser pesquisado;
  2. curiosidade;
  3. criatividade;
  4. integridade intelectual;
  5. atitude autocorretiva [abertura para críticas];
  6. sensibilidade social;
  7. imaginação disciplinada;
  8. perseverança e paciência;
  9. confiança na experiência;
  10. conduta ética.

 

17.2.2 recursos humanos, materiais e financeiros

Tão importante quanto as capacidades pessoais do pesquisador, são os recursos que dispõe para desenvolver sua pesquisa. Em função disso, para que uma pesquisa possa obter sucesso, se faz necessário avaliar os recursos que serão necessários. O tempo dedicado a pesquisa deve ser avaliado financeiramente. A possível remuneração de outros profissionais envolvidos, o custo dos materiais e equipamentos bem como do local apropriado, tudo isso deve ser discriminado num orçamento detalhado.

 

17.2.3 o projeto de pesquisa

Todas as ações de uma pesquisa precisam ser planejadas com antecedência. O planejamento é a primeira fase da pesquisa. Nele está incluído o cronograma das atividades e o orçamento total. Ele contêm a formulação do problema, os objetivos, as hipóteses, a operacionalização dos conceitos, etc.

Ele pode ser definido “como o processo sistematizado mediante o qual se pode conferir maior eficiência à investigação para em determinado prazo alcançar o conjunto de metas estabelecidas.”(Gil, 1991, p.21)

O planejamento concretiza-se através de um projeto que indicará: a justificativa da pesquisa, os seus objetivos, o tipo de pesquisa, as formas de coleta e análise de dados, um cronograma de todas as atividades e os recursos humanos, financeiros e materiais necessários. O projeto de pesquisa constitui um roteiro de todas as ações que serão desenvolvidas especificando quando, como e quem as desenvolverá.

Um projeto de pesquisa possui vários elementos, um exemplo desses possíveis elementos segue abaixo, segundo Gil (1991, p.23):

  1. a formulação do problema;
  2. construção das hipóteses ou especificação dos objetivos;
  3. identificação do tipo de pesquisa;
  4. operacionalização das variáveis;
  5. seleção da amostra;
  6. elaboração dos instrumentos e determinação da estratégia de coleta de dados;
  7. determinação do plano e análise dos dados;
  8. previsão da forma de apresentação dos resultados;
  9. cronograma da execução da pesquisa;
  10. definição dos recursos humanos, materiais e financeiros

 

17.3     o problema de pesquisa

“[…] um problema é de natureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis […]” (Gil, 1991, p.24)

A formulação de um problema é um processo criativo que no entanto apresenta um grau de dificuldade elevado. Gil (1991, p.29) cita Selltiz (1967) e indica algumas condições facilitadoras: “imersão sistemática no objeto, estudo da literatura existente e discussão com pessoas que acumulam muita experiência prática no campo de estudo”

Ainda segundo Gil (1991, p.29-30), existem certas regras práticas para a formulação de problemas científicos:

  1. o problema deve ser formulado como pergunta;
  2. o problema deve ser claro e preciso;
  3. o problema deve ser empírico;
  4. o problema deve ser suscetível de solução; e
  5. o problema deve ser delimitado a uma dimensão viável.

 

17.4     tipos de pesquisa com base em seus objetivos

  1. Pesquisa exploratória

Possui o planejamento flexível, permitindo a consideração de muitos aspectos do tema. Objetiva uma maior aproximação com o tema ou problema visando clareá-lo e/ou a construção de hipóteses.

“Na maioria dos casos essas pesquisas envolvem:  a) levantamento bibliográfico; b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e c) análise de exemplos que estimulem a compreensão” (Selltiz et al., 1967 apud Gil, 1991, p.45)

  1. Pesquisa descritiva

Objetivam descrever as características de uma população, fenômeno ou as relações entre variáveis. Uma das características é a padronização das técnicas de coleta de dados – questionários, observação sistematizada – como por ex.: a) pesquisas para saber as características de um grupo – idade, sexo, nível de escolaridade, etc.; b) pesquisas de opinião, atitudes, crenças de um grupo; e c) pesquisas eleitorais, buscando verificar a preferência político partidária em relação ao nível de rendimento, escolaridade, etc.

  1. Pesquisa explicativa

Visa conhecer os “fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos”. (Gil, 1991, p.46)

Por ser o tipo de pesquisa que mais obtêm conhecimento da realidade ela serve de base para o conhecimento científico. Porém isso não significa que as pesquisas exploratórias e descritivas não sejam tão importantes. Quase sempre esses estudos são pre-requisitos para os estudos explicativos.

As pesquisas explicativas, são em sua maioria, experimentais e ex-post-facto.

 

17.5    tipos de pesquisa com base nos procedimentos técnicos utilizados (coleta e análise dos dados)

Segundo esse critério tem-se dois grupos de delineamento ou modelos conceituais e operacionais de pesquisa:

  1. Aqueles que utilizam as “fontes de papel” : pesquisa bibliográfica e pesquisa documental.
  2. Aqueles que utilizam os dados fornecidos por pessoas: pesquisa experimental, pesquisa ex-post-facto, levantamento e o estudo de caso.

 

  1. pesquisa experimental (Gil, 1991; Triviños, 1990; Sicher, Targ, Moore, Smith, 1998; Andrade, 196-)

“Essencialmente a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.” (Gil, 1991, p.53)

“A experimentação consiste em modificar deliberadamente a maneira controlada das condições que determinam um fenômeno e, em observar e interpretar as mudanças que ocorrem neste último. O estudo experimental estabelece as causas dos fenômenos, determinando qual ou quais são as variáveis que atuam, produzindo modificações sobre as outras variáveis” (Triviños, 1990, p. 112)

Apesar das limitações éticas e humanas envolvidas quando os objetos de estudo são pessoas, os experimentos nas ciências humanas são cada vez mais comuns.

Entre as várias modalidades de pesquisa experimental Gil (1991) indica apenas as 3 mais comuns:

  • Experimento apenas depois – nesse tipo tem-se dois grupos (grupo experimental e grupo controle) que devem ser homogêneos “em relação a todas as características relevantes que possa ser possível controlar.” (Ibid., p. 55). Após a aplicação do estímulo no grupo experimental, verifica-se as características de ambos, inferindo-se que qualquer variação característica entre eles é conseqüência do estímulo aplicado. Ex. Experimento de Bio-PK – influência mental direta sobre o crescimento de vegetais.

Experimento apenas depois

  • Experimento antes e depois com um único grupo – considerando-se a modalidade mais simples, submete-se um único grupo a duas circunstâncias diferentes, a primeira delas sem a aplicação do estímulo e a segunda com o estímulo para verificar-se ou mensurar-se, uma possível diferença significativa entre os dois momentos, a qual seria atribuída ao estímulo. Ex. Experimentos psi que testam pessoas em vigília e em estado de sugestão pós hipnótica.

Experimento antes e depois

  • Experimento antes e depois com um dois grupos – nessa modalidade é feita a mensuração dos grupos controle e experimental no começo e no fim do experimento. Novamente o estímulo é aplicado somente no grupo experimental. As diferenças entre os resultados dos grupos é interpretada como influência do estímulo aplicado.

Ex. Experimentos voltados a testar a influência da cura a distância.

Experimentos voltados a testar a influência da cura a distância

18.1 definição do plano experimental (Gil, 1991, p.108-111; Dalton, 1997)

Dependendo do número de variáveis manipuladas e da forma de designação dos sujeitos, tem-se diferentes tipos de planos experimentais, a seguir vemos dois exemplos, a e b:

  • Plano de uma única variável independente – mão única, one way

Ex1. Uma pesquisa com a seguinte hipótese: “professores que se utilizam de técnicas de trabalho em grupo tendem a ser avaliados de forma mais positiva por seus alunos.” (Gil, 1991, p.108) Variável independente (X) = utilização de técnicas de grupo. Variável dependente (Y) = avaliação dos professores pelos alunos.

Ex2. Uma pesquisa voltada a verificar qual a influencia do nível de criatividade em relação aos escores Psi na técnica Ganzfeld.

Ex1:

Uma pesquisa voltada a verificar qual a influencia do nível de criatividade em relação aos escores Psi na técnica Ganzfeld

Ex2:

Plano de experimento sobre a avaliação dos escores Psi na técnica Ganzfeld em função do nível de criatividade

  • Planos fatoriais – Esses planos permitem a introdução simultânea de 2 ou mais variáveis independentes no experimento, visando verificar os seus efeitos conjuntos ou separados na variável dependente. Observe como ficam os exemplos anteriores se lhes forem acrescentados uma nova variável.

Ex1:

Planos fatoriais 1

Planos fatoriais  1

Ex2:

Planos fatoriais 3

Planos fatoriais 4


Referências bibliográficas

ANDRADE, Hernani Guimarães. Parapsicologia Experimental. São Paulo : Pensamento, [196-].

DALTON, Kathy. Exploring the links: creativity and Psi in the Ganzfeld. In: The Parapsychological Association 40th Convention held in conjunction with the society for psychical research,  (40.: 1997 : Brighton.) Proccedings of Papers. USA : The Parapsychological Association, 1997.

FERRARI, Alfonso Trijillo. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo : McGrawiHill do Brasil, 1982.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo : Atlas S.A., 1996.

SICHER, F.; targ, E.; moore, D.; smith, H. Positive therapeutic efect of distant healing in na advanced AIDS population. In: The Parapsychological Association 40th annual Convention,  (41.: 1998 : Halifax.) Proccedings of Presented Papers. Canada : The Parapsychological Association, 1998.

TINOCO, Carlos Alberto. Parapsicologia e ciência. São Paulo : Ibrasa, 1993.

TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução a pesquisa em ciências sociais. São Paulo : Atlas S A, 1990.

 

 

2 comentários em “PESQUISA CIENTÍFICA EXPERIMENTAL”

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