CAMINHOS PARA CONSTRUÇÃO DE UMA NEOCIÊNCIA O PARADIGMA CONSCIENCIAL

CAMINHOS PARA CONSTRUÇÃO DE UMA NEOCIÊNCIA O PARADIGMA CONSCIENCIAL

Pequena parte do ambiente empresarial, focado em resultados (entenda-se lucro), tido como frio, calculista, egoísta e materialista, percebendo que a produtividade aumenta, conforme melhoram as inter-relações, já considera o QE – Quociente Emocional, ou Inteligência Emocional em seus funcionários. Num universo de infinitas inteligências, já percebemos aí um ínfimo transcender ao paradigma emergente: doar para receber ao invés de explorar para ganhar.

 

A ideia essencial é que, para tornar-se um ser diferente, o homem deve desejá-lo intensamente e por muito tempo. Um desejo passageiro ou vago, nascido de uma insatisfação no que diz respeito às condições exteriores, não criará um impulso suficiente.

[…]

A evolução do homem depende de sua compreensão do que pode adquirir e do que deve dar para isso.

[…]

Se o homem não o desejar, ou não o desejar com bastante intensidade e não fizer os esforços necessários, jamais se desenvolverá. (OUSPENSKY,1991, p. 7)

 

Para uma melhoria de valores éticos, morais, filosóficos e espirituais, não é absolutamente necessário os dotes intelectuais de que tanto ainda carecem as sociedades brasileira e mundial. Eles poderão ajudar como ferramenta coadjuvante.

A instrução tem como base o intelecto, a filosofia tem como base as abstrações do pensamento e as religiões com seus princípios morais, mandamentos, doutrinas e sistemas, não foram e nem são suficientes para melhorar o comportamento e valores das massas, quase sempre alimentando preconceitos, moralismos radicais, posturas fundamentalistas, extremismos conscienciocêntricos, proselitismos capitalistas e disputas mesquinhas entre seus próprios grupos e outras religiões, criando inclusive efeito contrário dentro e fora de seus meios.

Líderes religiosos famosos e outros nem tanto são flagrados e processados por pedofilia e roubo que a mídia tanto dramatiza e explora, mostrando a falência das instituições que teoricamente deveriam ser o exemplo.

 

Este ponto nos remete a uma possível poesia, quase utópica, que desafia que entre lobos, possa nascer desses mesmos, uma ovelha sutil e inocente para as malícias interesseiras do paradigma vigente. Mas talvez as possíveis soluções sejam mais simples e factíveis que nos parece uma análise sintética de uma visão visceral.

A educação consciencial se faz não apenas em casa, mas nas empresas, nas ruas, nos lazeres, nas escolas, nas faculdades e universidades, nas religiões, nos sistemas administrativos, filosóficos e políticos e exige mais do homem como célula isolada que de sistemas e métodos, embora estes possam dinamizar a predisposição para uma modificação virtuosa no melhor dos sentidos da expressão. É mais provável que as células construam o tecido e não o tecido construa as células.

O que o homem não consegue fazer sozinho em termos de ética, bioética e cosmoética, ele não efetuará no / em grupo, mesmo se a proposta do grupo for especificamente esta. A intelectualidade, cognição, inteligência emocional e a espiritual poderão ser motivados pelo grupo – resposta mesológica.

É preciso certa parcela de divulgação, propaganda e marketing consciencial, é preciso certa dose de imposição legal, de fiscalização e de disposição social para a mudança. Penso que evoluir doa (de doer) um pouco e exija algum sacrifício pessoal e coletivo como já disse Ouspensky.

Mudem-se os métodos de ensino, as leis, sua aplicação efetiva e principalmente à mídia que formata moda e faz cultura e semeia hábitos a curto prazo. Abrindo-se mais escolas serão necessários menos presídios, havendo mais cultura alimentar, haverá menos doentes e hospitais.

As leis cerceiam os homens, mas não os educam, e, portanto, uma base educativa mais abrangente e completa se faz necessária como base para estas leis, também necessárias.

Saber dosar a tecnologia e trocá-la aos poucos pelas relações humanas, pelo desabafo, pela amizade desinteressada, elaborando as carências humanas, tão comuns e tão básicas. Talvez os relacionamentos devessem ser realizados nas bibliotecas ou no campo onde se plantem sementes e árvores juntos.

A indústria predatória ao meio ambiente e poluidora deve desacelerar exigindo uma reciclagem completa do modelo social (PIB) indo mexer no interesse dos poderosos e trocando-a gradualmente pela mão de obra humana que emprega, mata a fome e eleva a autoestima do indivíduo. Não são precisos revoluções sangrentas ou algum tipo de comunismo. É preciso vontade e conscientização gradual e o tempo fará o resto. As formiguinhas fazem o formigueiro.

Grandes linhas de produção – oligopólios – devem ser subdivididos por diversos donos e grupos que se organizam e encadeiam a produção, o transporte e a comercialização humanizando os processos, valorizando a mão de obra humana, produzindo trabalho útil sem abordagem predatória.

Mas seus donos e devidos governos que também lucram com isto não abrirão mão de centavo e assim teremos que aguardar a “revolução sem armas” das crises econômicas que da mesma forma ferem e humilham a sociedade em suas bases.

O comércio e a agricultura bem dosados poderão compensar a desaceleração da indústria. A agricultura poderá abrir mão das máquinas enormes frutos da indústria empregando mais mão de obra e criação de sistemas cooperativos mais justos.

As terras ociosas, improdutivas e latifundiárias deverão ser fracionadas em prol da produtividade, algo mais simples e factível de se fazer do que demonstra a mídia, os monopólios e oligopólios.

As mídias e sistemas de comunicação devem ser mais distritais e atender as suas comunidades imediatas, assim como o sistema de votação e política. As comunidades deverão participar das mídias de seus locais de origem. É o renascimento das “clãs” da era consciencial.

Isto aproximará os homens, mobilizará novamente suas esperanças adormecidas por anos de ditadura militar, cultural e agora ditadura paradigmática.

Sei que é fácil discorrer em ideias gerais e não fornecer o projeto pronto com o “caminho das pedras”, mas acredito que tanto as bases sociais como a ciência tem um papel fundamental nessa transformação. E quem é a ciência senão os cientistas? E quem são os cientistas senão estes mesmos homens que participam destes sistemas econômicos predatórios e interesseiros?

Então quando os homens que fazem ciência pararem de tentar provar que o PSI existe ou que não existe, é melhor tentarem provar a si mesmos que uma nova ordem ou onda de harmonia e organização poderá surgir devagar e sem traumas sociais e revoluções sangrentas. Ninguém tocará seu íntimo se você não permitir. Isto sempre deve ser respeitado.

Quando cada grupo religioso, místico ou conscienciológico sair do altar de seus interesses manipuladores, sair do palanque de sua superioridade, sair do orgulho da detenção de suas verdades, então iniciaremos a saída do paradigma cartesiano e adentrar o paradigma consciencial.

E como não é possível um projeto pronto, integral, social e mundial, é hora de cada agente proativo (formiguinha), de cada pensador independente, de cada pesquisador cientista, filósofo, criador artista e os homens do povo, jogarem suas sementes ao vento vivenciando a postura do universalismo integral, postura esta inversa a do interesse, da facciosidade, do prosélito, do marketing, da vantagem grupuscular e arriscar a doar ao mundo o que tanto exige para si dos governos e sistemas, que nunca irão fornecer o que os impostos podem pagar, já que são (serão) frutos da consciência de cada um.

Uma NEOCIÊNCIA só será possível com uma NEOCONSCIÊNCIA planetária.

O paradigma é imposto de cima para baixo, mas a felicidade deverá ser “imposta” de baixo para cima. As “verdades” são impostas de cima para baixo, mas as libertações das verdades íntimas serão semeadas de baixo para cima. Se alguma verdade, seja a mística, a cética, a científica ou qualquer outra, não puderem ser percebidas por cada um de persi, não devem ser impostas.

***

Fritjop Capra em seu livro O Tao da Física também propõe uma visão integral, holística onde nada existe ou deve ser analisado em separado. Então suspeita-se, seja por meio da Mecânica Quântica, seja por meios intuitivos e empíricos que podemos mudar nossa realidade para melhor se desejarmos e nos aplicarmos a isto com vontade, como aliás, reafirma Ouspenski.

Estas possibilidades são extremamente factíveis e abrangentes realimentando a qualidade de vida, motivando o indivíduo, recontextualizando o que é concorrência, competição, aprendizado, o que é lucro, convivência, sucesso e felicidade.

Há somente uma religião, a religião do amor. Há somente uma casta, a casta da humanidade. Somente uma linguagem existe, a do coração. Há um só Deus, e Ele é Onipresente. Havendo retidão no coração, haverá beleza no caráter. Se há beleza no caráter, reinará harmonia no lar. Havendo harmonia no lar, haverá ordem na nação. Se reina ordem na nação, se fará a paz no mundo. (BABA, 2005, p. 133)

Mas desejo dar um destaque especial a este pequeno trecho do mesmo livro:

 

Uma política sem princípios, uma educação sem caráter, uma ciência sem humanismo e um comércio sem moral, além de inúteis são definitivamente perigosos. (BABA, 2005, p. 134)

 

Não existe uma cartilha ou manual que irá atender a nossas demandas e necessidades de mudança. O aprender, o educar e o evoluir exige a tentativa, o erro e o acerto. Não podemos e devemos culpar a ninguém, muito menos os corajosos empreendedores que acreditam e investem num novo paradigma acreditando no ser humano e numa qualidade de vida crescente.

O educar e a educação são deveres de todos, cada qual no seu contexto respeitando-se a boa adequação pessoal e social. Temos mais é que nos metermos nas vidas uns dos outros ao invés de nos escondermos em nossos caracóis egóicos. Claro que isso pode ser distorcido a gosto do interesse.

A ciência não tem pátria e nem dono, pode e deve ser produzida por qualquer um em qualquer lugar fazendo parte do senso comum do novo paradigma como forma de ver e se ver no mundo, conforme sugeriu o autor Sai Baba.

Não podemos nos tornar rhineanos, quevedistas, jungianos, kardecistas, materialistas, ceticistas ou espiritualistas quando desejamos fazer ciência e vivenciar a maxifraternidade.

Devemos aprender a sermos “cientistas” e devemos fazer nossas próprias pesquisas sem necessitar de bênção do grupo, de mestre ou de guru, seja em que paradigma for.

Por motivo religioso ou não, místico ou não, encontramos em todos os locais, épocas e culturas relatos de experiências que sugerem a existência do PSI. A possibilidade da existência ou não do evento PSI mexeu tanto com os humanos que criaram várias entidades e institutos para os estudarem.

Porém a existência do evento PSI é considerada pela ciência convencional apenas uma possibilidade, sem provas definitivas aceitas, apenas com fortes evidências aceitas por uns e refutada por outros.

A Parapsicologia prioriza a hipótese que o ser humano é o agente principal dessas experiências em detrimento de agentes theta (extrafísicos), e que por hipótese, se existirem serão da mesma forma que nós mesmos.

 

A estatística é uma das principais ferramentas da Parapsicologia. A “revolução” Rhine propiciou várias benfeitorias a Parapsicologia e a principal delas foi o de providenciar um status acadêmico a esta ciência. Dra. Rhine fez uma coleção e classificação de casos PSI catalogando e classificando cartas espontâneas de pessoas (996 casos) e usando o bom senso e a estatística pode fazer boas conclusões de forma semelhante a que Allan Kardec fez em sua pesquisa de médiuns.

Cientistas exigem dos parapsicólogos que as pesquisas possam ser replicadas em laboratório, mas o fato é que metade da população mundial passa por estas experiências e isto é uma amostra mais do que satisfatória. É a necessidade de contextualização da pesquisa, ou seja, da pesquisa fora do laboratório, pois o laboratório é a pesquisa, mas a realidade é o que se passa e o que se vivencia.

Não nos basta a “ilusão do místico” ou a “ilusão do cético” ou mesmo a do pretenso doutor que ostenta seu status quo de cientista, de pesquisador concedido apenas pelo meio em que frequenta. É preciso entender, aceitar e integrar os contrários numa visão unicista e ampla que aceita e trabalha com a diversidade da vida.

 

Proponho uma recontextualização da civilização, da felicidade, do sagrado, do que se considera qualidade de vida e do que é transcendência e Deus. E não importa se Deus existe ou não. Pois sabemos que também há os que não acreditam em Deus e possuem ética, cosmoética e felicidade e há os que nele acreditam, mais ainda assim são canalhas. Enquanto possível devemos nutrir o meio (mesologia) com novos valores, perspectivas e modos, seja através da atitude cotidiana das minorias conscientes, de líderes de pequenos grupos, até podermos influenciar nossos pedagogos, professores, políticos e donos de mídias formadoras de opiniões. São sementes lançadas aos ventos.

 

A neurociência ainda precisa responder a essas questões, mas ela pode registrar o efeito que as convicções e as experiências religiosas exercem sobre o cérebro humano.

[…]

Se a crença em Deus lhe proporciona um sentido de conforto e segurança, então Deus irá melhorar sua vida. (NEWBERG, 2009, p. 15)

 

O próprio governo (em todos os níveis) é uma máquina que incentiva as modas fúteis, a industrialização predatória a fim de angariar impostos, e o crescimento da civilização infeliz e distorcida, cujo crescimento é medido através de seu Produto Interno Bruto – PIB, através de gráficos onde se lê explicitamente o crescimento dos números e o declínio da felicidade – pão e circo para o povo.

Além do paradigma científico, enquanto Economia, Ciência e Sociedade não convergirem em seus propósitos humanos, o paradigma social continuará decadente levando com ele para baixo qualquer perspectiva de ciência séria e útil socialmente que interpreto como qualidade de vida do ponto de vista bio-psico-sócio-energético-espiritual ou consciencial.

Percebo que a máquina que nós nutrimos e sustentamos nos faz vítimas de nós mesmos criando os conceitos distorcidos e patológicos de que ”felizes são os ricos”, “espertos são os que exploram, mentem e enganam”, “respeitado é quem é famoso” e infelizes são os “que não são ricos”, mesmo que os foros íntimos falidos se mostrem a nossos olhos.

É cada vez mais comum vermos ricos desgraçados, famosos solitários a beira do suicídio e outros menos abastados extremamente felizes e sorridentes em muitas circunstâncias, embora não como regra, nem num sentido nem noutro. Mas como contradição que desafia o “racional” que sempre soa como o óbvio e verdade inviolável de persi.

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