CIRCUNSPECTO AO CAIR DA CHUVA

CIRCUNSPECTO AO CAIR DA CHUVA

Estamos em outubro de 2019. Hoje o dia amanheceu meio bucólico, nublado e chuvoso com ar de solidão e reflexão…

Eu sempre almoço sozinho em casa, e hoje não foi diferente. Após fazer as necessárias e obrigatórias tarefas do dia pela manhã, fui almoçar, sempre na companhia querida de minha calopsita carinhosa me rodeando os pés, subindo em minhas pernas, bicando meus dedos, meus sapatos e também por cima de meus ombros. É um macho, que chamei de Juju, que por acaso apareceu em meu quintal sem qualquer pista de sua origem até hoje.

Após o almoço, eu sempre tomo uma caneca grande de café feito na hora e vou para uma salinha exclusiva para som. É uma sala confortável e simples montada exclusivamente para ouvir música. Levo meu café, sento-me, enquanto minha calopsita permanece em meu ombro. Ao sentar-me ele desce do ombro e vai para meu joelho ficar se coçando e sujando minha calça com aquele pó branco que cai de suas penas, maravilhoso amar um animalzinho como se fosse seu filho, somos super apegados um no outro.

Eu coloco uma música linda, digna dos anjos para tocar (essa aqui) e vou saborear meu café melancólico num dia de chuva quieto e gostoso, enquanto curto um amor inexprimível a natureza e aos animais.

Uma pequena lágrima emocionada escorre de meus olhos agradecidos, pelas bênçãos da vida, das amizades e de poder fazer – mesmo que muito simples – um trabalho espiritual em prol da humanidade.

Meu coração conversa comigo como se fosse uma alma amiga que sai de dentro de mim e diz:

_ Quanta coisa há para aprender!

_ São tantas coisas que não dá para ser mais orgulhoso e arrogante por nada neste mundo!

_ Só é permitido agora se sentir um “ignorante” diante de tudo, todos e da vida que é a melhor a maior mestra de todas.

_ Nem as experiências fora do corpo são capazes de ensinar algo a uma alma arrogante!

_ É preciso se curvar na modéstia lúcida inteligente que transforma, abre o coração, intui e inspira…

E o silêncio reflexivo flui com atmosfera de um livre pensador…

Um suave perfume de minhas flores invade o ar como que conversando comigo:

_ “Eu sou” as flores que você ama e cuida.

_ Você cuida de mim e eu agradeço, mas agora eu peço licença que eu vou cuidar de você e perfumar sua alma lúgubre.

_ Vim acalentar seu momento através de uma essência e um odor que só eu possuo.

_ Eu te abraço…

Mais gratidão brota em meu peito, me dizendo que só as almas simples vivenciam tal momento, que é muito bom estar sempre num estado de “poder aprender mais” com cada momento da vida.

E vou saboreando aquele café que emana um vapor cheiroso em meu rosto me fazendo flutuar em meus pensamentos tão singelos.

Penso nas coisas a fazer mais tarde e suspiro fundo como se carregasse dentro de mim todas as dores de minha vida ao mesmo tempo, mas a verdade é que todos carregamos. Isso só é percebido com a maturidade da terceira idade, quando o cinismo diminui e a poesia cresce, numa expansão de consciência natural de quem viveu, e deseja apenas melhorar a si mesmo, sua alma e consciência.

Agora, nessa fase da vida, os odores são mais vívidos, as cores são mais fortes, o tempo passa mais rápido, os abraços são mais apertados e demorados nos poucos amigos sinceros que restaram.

Sim, eu sou um eterno romântico, “pensador”, “escrevedor”, “viajante nas maioneses da alma”, que circunspecto converso comigo mesmo, na maior parte do tempo em voz alta, sem me preocupar se alguém vai me rotular de algo, pois tenho a bênção de conversar com minha própria alma.

Eu sou Dalton Campos Roque, eterno poeta do coração, com 17 livros publicados até 10/2019 – http://autor.consciencial.org

Este texto inaugura minha nova seção do site Consciencial.Org “CRÔNICAS DO DIA-A-DIA.

 

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