A REALIDADE É UM CONCEITO E A VERDADE UMA PERCEPÇÃO

Paradigma, em grego, significa exemplo ou, melhor, modelo ou padrão que sugere exemplo ou padrão a ser seguido. Nos seus diferentes usos, o termo representa código, lei, que, como referência, serve à organização e atribuição de sentidos à realidade, portanto, paradigma é uma base, um ponto de referência científico, social e de senso comum, um modelo aceito, constatado, sempre uma tradição em qualquer área.

É um modelo da realidade que condiciona uma percepção, uma forma de pensar e agir. Podemos subdividir em diversas áreas, mas a principal é a científica, e até porque o paradigma de hoje é o científico, pois são constatações teórico-práticas inegáveis, pois são fatos experimentados.

A realidade não sabemos o que é, e na verdade não interessa, o que importa é nos relacionarmos bem com ela. Se relacionar bem é admitir a possibilidade de novos modelos e a coragem de abandonar os antigos por mais incômodo que isto pareça. (ROQUE, 2008 p. 54) –

Um paradigma nada mais é que a capacidade de percepção da realidade, por uma parcela que predomina (seja em número, cultura, em poder ou todas combinadas) na sociedade, que dita às regras de como se deve viver. Assim, só se evolui de paradigma, quando as percepções se ampliam.

 

Muitos que alcançam o sucesso social, intelectual e financeiro não alcançam o sucesso em ter qualidade de vida. Eles têm tempo para todos, mas não para o que lhes dá prazer e para as pessoas que amam. Perdem sua singeleza à medida que se atolam nas atividades. Mendigam o pão da alegria. Há muitos mendigos vivendo em luxuosos condomínios e trabalhando em belíssimos escritórios. (CURY, 2004, p. 65)

A realidade é um conceito e a verdade uma percepção. A verdade não se modifica nunca, ela é sempre a mesma, o que muda são as nossas descobertas científicas, sociais e espirituais e nossas argúcias de observação e análise. Estas descobertas se concretizam quando nós a percebemos, ou seja, ela não se apresenta para nós de forma dramática e teatral, ela permanece “serena e observadora”. Aguarda que nossas acuidades psíquicas, parapsíquicas, intelectuais, intuitivas, perceptivas e conscienciais (os cinco sentidos, as percepções extrassensoriais e qualquer forma de hiperacuidade) se ampliem a fim de percebê-la.

São sistemas cognitivos adequados a cada psique, ao nível de cada grupo. Sabe-se hoje que não existe uma realidade última, mas tão somente uma percepção relativa desta, estabelecida por associação a referenciais. Quero dizer que o “vermelho” que eu enxergo não é o mesmo que você “enxerga”. O que criamos são modelos e não a realidade. O observador observa o observado em uma perspectiva de interno e externo, ambas incompletas (objetividade) e na verdade o que existe é a intersubjetividade, a inter-relação e o processo, que a Física Quântica já descobriu.

Quando cito um átomo, vêm a nossa mente aquelas bolinhas (elétrons) flutuando em volta de um núcleo central. Na verdade o átomo não é assim, este é apenas um modelo. Isaac Newton não descobriu a gravidade, ele apenas a observou de outro modo, a interpretou e desenvolveu cálculos que podem prever a queda das maçãs e o movimento dos corpos. Quando Newton criou as fórmulas ele criou um modelo.

[…]

Tudo é muito amplo e os modelos científicos são diferentes dos modelos psíquicos (religiosos, filosóficos, espirituais, céticos). O que regula o primeiro é o paradigma e o segundo é se tornar feliz e evoluir.

Os grupos criam os seus modelos e os adoram apaixonadamente como verdade última ou de ponta e é até natural que recusem e/ou neguem os modelos alheios. O modelo mais complicado me parece o ceticismo, que não cria modelo nenhum a não ser o “modelo” de negar todos os outros. Ceticismo não é ciência, que mesmo num paradigma falido possui bons modelos.

A realidade não sabemos o que é, e na verdade não interessa, o que importa é nos relacionarmos bem com ela. Se relacionar bem é admitir a possibilidade de novos modelos e a coragem de abandonar os antigos por mais incômodo que isto pareça.

Só porque algo é inverificável não o torna impossível. Negar não é verificar. Se tudo é possível, tudo é verificável… Nem que seja por meios não cognitivos. (ROQUE, 2008, p. 53)

Existem poucos meios de observação, pela ciência convencional, (por meio de experimentações ou de testes como experiências empíricas), que nos demonstram estes eventos espontaneamente no dia-a-dia, embora exista o empirismo leigo e o empirismo científico, mais elaborado e adequado aos rigores do método, onde um experimento deve ser observado inúmeras vezes, sob inúmeras condições diferentes, grosso modo.

Os cientistas não lidam com a verdade; eles lidam com descrições da realidade limitadas e aproximadas. (CAPRA, 1982, p. 45).

A crença na certeza do conhecimento científico está na própria base da filosofia cartesiana e na visão de mundo dela derivada, e foi aí, nessa premissa essencial, que Descartes errou. A física do século XX mostrou-nos de maneira convincente que não existe verdade absoluta em ciência, que todos os conceitos e teorias são limitados e aproximados. (CAPRA, 1982, p. 53).

Então, paradigma significa a forma básica e dominante do modo de se compreender o mundo de uma sociedade ou mesmo de uma civilização – do modo de se perceber, pensar, acreditar, avaliar, comentar e agir de acordo com uma visão particular de mundo, numa descrição mais aceita do que seja a nossa realidade, numa maneira de ver, se ver, nos vermos o/no mundo, e que é culturalmente transmitida às novas gerações.

Os sistemas de análise convencionais (paradigma vigente) se dão por observação e estatística agrupando-se os lotes padrão, os lotes exceção e analisando-se os comportamentos grupais, valorizando certos números e desprezando-se outros adotando um conforto matemático, um conforto empírico, vulgar e leigo como leito de Procusto. O vulgar e o leigo também são válidos, pois não é apenas a ciência que molda o paradigma, mas as crenças, modismos e hábitos populares e o que importa no final é a qualidade de vida de um contexto global.

 

Procrusto, também conhecido como “Procrustes”, “Procusto”, “Damastes” ou “Polipémon” é um personagem da mitologia grega, que faz parte da história de Teseu. Procrusto era um bandido que vivia na serra de Elêusis. Em sua casa, ele tinha uma cama de ferro, que tinha seu exato tamanho, para a qual convidava todos os viajantes para se deitarem. Se os hóspedes fossem demasiados altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama, os que tinham com pequena estatura, eram esticados até atingirem o comprimento suficiente. Ninguém sobrevivia, pois nunca uma vítima se ajustava exatamente ao tamanho da cama. (NASCENTES, 2000, p.164)

Assim como se comporta a estatística que fornece uma excelente visão de conjunto, transformando tudo em números e gráficos e muitas vezes desprezando o contexto social PSI nos estudos de Parapsicologia, o “peso”, o “valor” ou a importância do drama das minorias e de certos lotes humanos, e fornecendo instrumentos eficientes para os sistemas administrativos, financeiros, comerciais e industriais totalmente politiqueiros, materialistas, capitalistas e interesseiros, ou seja, as máquinas de poder favorecendo as minorias abastadas.

É importante falar de paradigma porque o homem é um ser social (ARENDT, 2007, p. 123). Sofre influência da educação programada e do meio em que vive (mesologia). Há uma espécie de cumplicidade coletiva baseada nos hábitos e costumes dominantes, que na forma de paradigmas molda o cidadão mediano. Em regra, o indivíduo segue de forma passiva, como “boi de manada”, facilmente seduzido pelos apelos, direcionamentos, movimentos políticos, mídias de massa, e mediocridades sociais diversas.

O próprio grupo social implanta costumes e hábitos. De forma coercitiva cerceia o livre exercício da vontade, cobrando comportamentos. Mas esses paradigmas quase nunca estão conformes às leis naturais e, assim, o homem se vê confuso e inseguro ante as novas possibilidades paradigmáticas, que são as formas de viver que ainda não conhece e, por isso teme.

Para quebrar esse fenômeno, o indivíduo tem que optar por viver no mundo, mas não ser do mundo, conquista individual difícil, porém factível. A mudança envolve a identificação do certo e do errado relativos – discernimento consciencial, e uma inquebrantável vontade contraposta aos chamamentos sociais apelativos e sedutores que podem ser questionáveis.

A identificação do certo e do errado, no contexto relativo e complexo da vida e da ciência, exige estudo, trabalho, dedicação, perspicácia, universalismo[2], despreconceito, e um amadurecimento humano que não está sendo praticado. Tal estágio ou nível de consciência está ainda muito além para o cidadão médio, massa de manobra dos que detém o poder e que gerenciam o paradigma.

É pelo consentimento coletivo que indivíduos ou grupos se deixam arrastar, como que hipnotizados. A exemplo do fascismo e do nazismo, o marketing, o carisma e determinadas doutrinas, filosofias e linhas de pensamento “maravilhosas” – idealismo, salvação, superioridade evolutiva, entre outros – têm efeito arrebatador sobre as multidões (ou mesmo pequenos grupos), que se deixam conduzir à degeneração e até mesmo ao holocausto, seja físico ou o psíquico do fanatismo desenfreado.

Os indivíduos, ao fazerem parte um grupo, colocam-se na posse de uma espécie de mente coletiva que os faz sentir, pensar e agir de modo diferente do qual cada um faria se estivesse fora do grupo. Há certas ideias e sentimentos que surgem ou se transformam em atos, mas que só se manifestam quando os indivíduos estão dentro de um grupo.

O grupo psicológico é um ser provisório, formado por elementos heterogêneos, que por um momento se combinam e formam um novo ser que apresenta características diferentes daquelas possuídas isoladamente. A superestrutura mental, cujo desenvolvimento nos indivíduos apresenta diferenças, é removida, e as funções inconscientes, que são semelhantes em todos, ficam expostas. Indivíduos de um grupo manifestam características que não manifestariam isolados.

A sociedade cobra comportamentos, manutenção de seus rituais, posturas, linguajar, jargão e costumes sob pena de alienação impiedosa, religiosos, científicos, profissionais, familiares, sociais, políticos, bairristas, entre outros. Assim discrimina tanto o indivíduo que não acompanha seu ritmo e se mostra diferente por estar para trás como também o visionário por ser diferente por estar à frente de seu tempo. O que diferencia um visionário das pessoas ditas comuns é a capacidade ampliada de percepções críticas e questionadoras de forma geral.

Portanto, há um padrão que se repete sempre no limiar de um paradigma anterior em direção ao início de outro mais evoluído, os visionários são tidos como tolos, loucos ou alienados. Tendo uma percepção mais ampliada, intuem subjetivamente a realidade antes da maioria, com capacidade mais limitada, e, mesmo sendo mais competentes por possuírem uma percepção mais ampla, são discriminados.

Assim todo paradigma vigente oferece um patamar sólido pelo qual toda humanidade pode caminhar com certa tranquilidade, durante determinada etapa evolutiva. As mudanças de paradigma causam polêmica, discussão e, principalmente, o medo do novo (neofobia). Neste sentido, a Psicologia nos aponta que o medo faz parte da natureza humana e que qualquer nova perspectiva gera temor do porvir, instigando o instinto de autopreservação e de defesa do status quo.

Vencida a etapa de transição entre o paradigma vigente e o seu sucessor – paradigma emergente -, estabelece-se nova calmaria que não necessariamente invalida o precedente ou legitima o atual. O paradigma, seja qual for, sustenta um sistema complexo de sobrevivência de atores sociais e aparelhos ideológicos de alta influência.

Os aparelhos ideológicos estão espalhados na esfera das relações interpessoais permeando o ambiente familiar, profissional, científico, religioso e social, no âmbito público e privado, cujos agentes abrangem as pessoas físicas e jurídicas existentes em um determinado espaço e momento evolutivo terrestre. Empresas, por exemplo, no campo dos serviços, da indústria e do comércio; entidades privadas sem fins lucrativos: associações, fundações, organizações da sociedade civil de interesse público; órgãos e entidades do Poder Público.

Há ainda os aparelhos internacionais e suas forças armadas, que são utilizadas de forma fria, comercial e interesseira por seus governos com a desculpa de proteger seus cidadãos, seu modo de vida, em nome da “verdade” e em nome de “Deus”, mesmo que estes mesmos homens do alto escalão desses governos sejam ateus, céticos e materialistas. Nem é preciso citar as forças ocultas paramilitares malignas, que fazem o trabalho mais sujo no submundo da espionagem e do terrorismo.

E assim, moldam-se todos os aspectos da vida em sociedade, incluindo-se a forma como a coletividade enxerga, e se posiciona perante as ciências, artes, religiões e filosofias, as ideologias de cunho político, jurídico, social e econômico, os modismos culturais, as tendências comportamentais, os valores e interesses, as transformações pelas quais passa a natureza e a humanidade sob o prisma dos contextos sociais.

O advento e a perspectiva de um novo paradigma entusiasma os visionários, ao mesmo tempo em que assusta a maioria da humanidade, cuja mentalidade cristalizada se vê ameaçada ante o declínio de “verdades” e preconceitos. Pois é isto que alicerça as relações interpessoais, usos e costumes, normas e procedimentos, muitas vezes voltados à manutenção do modo de produção vigente e de interesses dogmáticos, financeiros, econômicos, empresariais e as estruturas de poder – estas últimas muitas vezes religiosas ou espiritualistas.

Tudo isso acontece porque o ser humano prefere travar a mudança a ele próprio mudar e acompanhar a evolução de um paradigma, pois é uma atitude mais cômoda. Novas readequações exigem esforço, estudo e trabalho em torno da reciclagem individual e coletiva, requerendo novas habilidades comportamentais e sobriedade: autoconfiança, autoestima, autoconhecimento, percepção, modéstia, hiperacuidade, lucidez, abstração, síntese, cognição, cultura, memória, intuição, visão de conjunto, liderança, multi / inter / pluridisciplinaridade, quanto às limitações a sobrepujar. E o indivíduo teme não ter estas capacidades.

É interessante notar que o paradigma não é externo à individualidade, mas inerente à consciência, ou seja, foro íntimo. Uma mudança de paradigma não é senão uma abertura ou elevação do nível de consciência, pois é uma mudança numa reinterpretação ou reperspectivação do ponto de vista. Por exemplo, quando Einstein desenvolveu a Teoria da Relatividade, obteve muita resistência no meio científico, que só o entendeu muitos anos mais tarde. Hoje, ela é corriqueiramente aceita e já existem alguns físicos visionários que já tentam associar a Física/Mecânica Quântica a eventos paranormais. (CAPRA, 2000, p. 59)

Neste sentido, os fenômenos paranormais/PSI é um outro exemplo que causa resistência. Pois há muito vêm incomodando os cientistas questionadores e corajosos, cuja quantidade, com o passar do tempo, têm aumentado e se tornado mais comum, visível, contundente e incomodadora. Céticos usam o argumento que religiosos fanáticos sem racionalidade tentam criar conceitos institucionais, justificativas mistificadoras e dogmáticas para justificar os fenômenos PSI adstritos a seu contexto.

Na verdade, o que existem são diversos grupos com interesses diferentes. Basicamente podemos dividir tudo em dois grandes grupos: os espiritualistas e os materialistas. A partir daí podemos fazer infinitas subdivisões até chegarmos a nuances detalhadas e sofisticadas, o que foge ao objetivo deste trabalho. Ainda assim será prático fazer algumas subdivisões para facilitar a didática de nossa abordagem.

Os espiritualistas podem ser divididos nos que assumem seu lado transcendente sem especificação religiosa e/ou rótulo qualquer, que podemos chamar de independentes, desinstitucionalizados, livre pensadores; estes tendem a respeitar as opções alheias, são universalistas de mente e coração, aceitam melhor e compreendem as diferenças. São menos competitivos, proselitistas e menos intolerantes.

E há os que a assumem sua opção transcendental com base em alguma linha de pensamento mais sistematizada: religiões, filosofias, sistemas ritualísticos, sistemas posturais, grupos autorrotulados, instituições conscienciocêntricas, doutrinas, etc. É exatamente aqui o maior campo de subdivisões, nas instituições, filosofias, doutrinas e religiões que beiram o ilimitado. São mais proselitistas, competitivos, intolerantes e sempre seguem um líder máximo.

 

Dentre os materialistas existem os céticos e os negadores. Os céticos são os que não importam com o transcendente. Desprezam o espiritualismo, as religiões e seus praticantes sem qualquer pejorativo. Possuem menos intolerância, menos competitividade. Não se incomodam tanto com as opções alheias, as combatem menos, sendo mais seguros de si não necessitam defenderem sua posição e não a discutem com seus contrários. Se o fazem eventualmente é com menor emoção ou sentimento de repugnância. Estes são os céticos autênticos.

Os negadores são os falsos céticos. Possuem na verdade um comportamento PSI negativo. O sentido negativo aqui não é pejorativo que tem intenção de dizer ruim ou mal, mas de negação, sinal contrário como nos números relativos da matemática básica.

Considerando que cada pessoa possa ser predominantemente um sujeito psi-positivo (com boa marcação nos resultados dos testes PSI de laboratório) ou psi-negativo (com marcações abaixo do acaso), ambos podem evidenciar a psi. Quer dizer, podem existir resultados significativamente desviados para abaixo do acaso sugerindo a PSI ao invés de refutá-la. Portanto, os psi-negativos não incluí conceitualmente no grupo de céticos que denominei autênticos.

 

Eles negam, lutam pelo que no fundo sentem, vivenciam, desconfiam, mas temem e por razões que ainda desconhecemos, apenas negam desesperadamente e sentem necessidade compulsiva de combater os que não são negadores como eles.

Estes tipos são constatados em testes científicos nas pesquisas em Parapsicologia em laboratório com controle metódico e rigoroso. Evidente, que recontextualizei, generalizei minha perspectiva, já que é esta mesmo a proposta do trabalho. Esta visão com novas definições é pessoal, a partir de minhas próprias observações empíricas.

O mais interessante é que nenhum destes grupos e suas possíveis subdivisões definem a qualidade da ética (cosmoética) do homem que frequenta o grupo, ou seja, a ética ou moral é inerente ao homem e não ao sistema ou grupo que ele frequenta ou professa em seu discurso de marketing pessoal ou grupal – máscara social.

Daí a falência dos sistemas organizados transcendentais, hierarquizados, conscienciocêntricos, gnósticos, religiosos, espiritualistas e as religiões em função de suas propostas básicas e de seu discurso doutrinário, filosófico e comportamental, porém de comportamento contraditoriamente malicioso. A mídia já flagrou grandes líderes religiosos em escândalos morais reveladores.

Observamos com relativa clareza que nem sempre o meio – mesologia – forma o cidadão íntegro e feliz e os comportamentos adversos desafiam especialistas (principalmente antropólogos, biólogos, psicólogos e psiquiatras) e teorias pragmáticas, genéticas, etc, de todas as áreas e razões. Exemplo: por que alguém que nasce e se cria dentro de um ambiente criminoso, desafia estas tendências e se torna um cidadão íntegro e correto? O sentido contrário também é válido.

 

A criminologia, não trata unicamente da pessoa humana, porque o homem é o agente do ato antissocial, mas sobre este agente existem várias causas e muitas ainda desconhecidas, que modificarão o caráter essencialmente humano ou antropológico do fenômeno. (SILVA, 2003)

 

Mas também é fácil notar nas massas que uma parcela mais significativa de indivíduos responde aos estímulos e condicionamentos mesológicos a altura da intensidade destes em diversos níveis: familiar, profissional, religioso, filosófico, patriótico, empresarial, conscienciológico, virtual (relativo à internet), fazendo que este se molde ao sistema, seja ele qual for e como for, tornando-o não um cidadão livre, mas tão somente “um boi de manada” bem adequado a seu momento grupal e contexto social, copiando o comportamento destes.

É evidente que existem determinismos biológicos, geográficos e históricos, mas a influência cultural é mais imediata e mensurável. Muitos pesquisadores e autores respeitáveis acreditam, sentem e utilizam em seus métodos de terapias, diversos níveis de campos psíquicos que influem e atuam nos grupos em várias camadas de forma e intensidades variáveis: inconsciente coletivo, os arquétipos, campos morfogenéticos, campos dos grupos familiares (vide Constelações Familiares), campos grupais culturais (mesologia que gera holopensenes), campos PSI (parapsicologia), bioenergias (energias vitais nos seres vivos – grupos que geram holopensenes), etc. Seria dispensável citar os nomes dos autores, pesquisadores e terapeutas históricos e contemporâneos: Carl Gustav Jung, Rupert Sheldrake, Waldo Vieira, Bert Hellinger, Hernani Guimarães, entre muitos outros, que criaram e utilizaram os termos e expressões que empreguei anteriormente.

Até a mãe ou o pai de família constatam a mudança de comportamento do filho ante a frequentar um novo ambiente. Até mesmo num ambiente empresarial é fácil vermos um conjunto de pessoas com as mesmas referências, posturas, modos de falar e vestirem-se. Alguém tendente a fortes desvios de ética ao adentrar nova religião pode-se melhorar quase instantaneamente, assim como deixar vícios e hábitos negativos antigos.

Mas o principal problema nos grupos e que ao invés de tornarem-se ferramentas ou meios para melhorar a qualidade de vida, tornam-se ferozes concorrentes: os grupos metafísicos disputam verdades; os grupos capitalistas disputam o dinheiro; os grupos políticos disputam o poder.

Não há um revezamento democrático e diametralmente fiscalizado, ou seja, um revezamento democrático e fiscalizado das estruturas de poder. Elas tendem a serem autoritárias, vitalícias e heteroprotetoras. Cada nicho de poder luta desesperadamente para manter não apenas seu poder no modo de controle e manipulação máxima, mas de seu status quo contextual. Serve para materialistas e espiritualistas e seus respectivos ambientes.

Neste ponto cabe mais uma questão vital: por que acontece isto? São os egos humanos?

Aqui cai-se em outro problema metafísico, já que o ego não é uma entidade tridimensional mensurável pela fita métrica ou tubos de ensaio, ou seja, podemos estar falando de um outro campo.


Pós-metafísica

Nenhuma perspectiva da realidade é dada a consciência. Toda perspectiva é mediada, você precisa de um paradigma para observar a “coisa”.

Pós-metafísica - www.consciencial.org

O paradigma não é o fim, é o meio. Todos os que creem que o paradigma é a verdade última ou a “realidade” estão iludidos, seja qual for o paradigma.

Para mim a consciência é mais que um observador senciente, ela é “tudo”: é o observador, o processo ou paradigma e a “coisa” ou enfoque da pesquisa em todos os níveis multidensionais (antigo multidimensionais).


Este esquema representa melhor:

Observador - paradigma - objeto - www.consciencial.org
Observador – paradigma – objeto – www.consciencial.org

 

Os observadores são informações, assim como os paradigmas e as “coisas” também. É como se fôssemos os bits da informática e a consciência fosse muito maior e transcendente, uma integração cósmica universal de todos os bits e seus processos de operações, cálculos, permutações, etc.

É como se a terra-solo / Terra-planeta fossem a consciência, os vegetais que nela nascem fossem os observadores, a natureza a observada e a luz do sol o paradigma vigente.

É como se o cosmos, o céu fosse à consciência, as estrelas-sóis fossem os observadores e os planetas fossem os observados e o espaço fosse o paradigma.

O paradigma é a lente, o prisma, o filtro, o tom, a nuance de se observar algo e está diretamente ligada ao nível evolutivo e consciencial da humanidade ou a condição de sua expansão de consciência.

Nivel de consciência e a interpretação dos paradigmas - www.consciencial.org
Nivel de consciência e a interpretação dos paradigmas – www.consciencial.org

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6 comentários em “A REALIDADE É UM CONCEITO E A VERDADE UMA PERCEPÇÃO”

  1. Luciano Elísio Pinto de Vasconcellos

    Parabéns por compartilhar seus pensamentos, vivências e estudos. Seu texto é de grande valia, inevitávelmente tenho que julgar, seu poder de síntese e clareza a mim foi extraordinário. Apena posso dizer: gratidão!

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