O QUE É SER ESPIRITUALISTA

O QUE É SER ESPIRITUALISTA

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O QUE É ESPIRITUALISMO UNIVERSALISTA AFINAL?

Há duas correntes básicas que definem a humanidade: o materialismo e o espiritualismo. Todas as religiões e instituições PSI são espiritualistas, pois acreditam em algo além da matéria. Doutrinas, filosofias e sistemas de pensamento que não são materialistas caem automaticamente na linha espiritualista, mesmo que não queiram ou não gostem deste conceito / rótulo. No mínimo podem ser denominadas de grupos ou instituições conscienciais.

 

Há também uma confusão generalizada quando as convergências e divergências entre o que é, e o que não é ser “espírita” versus ser espiritualista. Kardec ao codificar e compilar uma pesquisa realizada com bases estatísticas de forma sólida e coerente criou um corpo de conhecimentos que atualmente é utilizado por uma religião que se autodenomina “Espírita” e que o trata como doutrina. Há controvérsias.

 

Se o indivíduo, grupo ou religião está limitado apenas em Kardec, ele não é espírita, ele é Kardecista, ou seja, o criador como pessoa é “canonizado” acima da proposta de conhecimento e evolução que ele mesmo compilou, algo incoerente, transformando a ferramenta (meio) em fim (objetivo).

 

Qualquer linha de conhecimento, ideia, conceito, pensamento ou proposta não é posse de apenas uma pessoa, mas de toda a humanidade. E qualquer um, a qualquer momento e de qualquer linha pode e poderá estudar uma outra, desde que tenha mente e coração abertos e humildade de desejar aprender.

 

Espiritismo, pela própria acepção da palavra quer dizer o estudo dos espíritos. Espiritualidade é uma palavra derivada de “espírito”, portanto semelhante e, aliás, muito convergente, senão a mesma coisa, embora não haja consenso nesta ideia no meio popular (leigo). O que acontece é que as pessoas e grupos se perdem muito na semântica, nos rótulos, esquecendo a grandeza das ideias e das propostas, exaltando as diferenças, por mais insignificantes que sejam e desprezando as semelhanças por maiores que sejam.

 

Há grupos que valorizam mais a semântica e o jargão da linha que ostentam do que o próprio conhecimento em si, novamente transformando meio em fim e exagerando ao dourar a pílula. Mera guerra de egos, um pensar pequeno, mesquinho e egoísta, cada qual louvando seu próprio grupo, doutrina e linha de pensamento, enquanto despreza as dos outros, exercendo uma necessidade umbilical de se sentir mais evoluído (salvacionismo grupuscular disfarçado).

 

Com toda esta salada de semântica popular o termo “espiritualista” tomou sentido diferente e limitado como se o espírita não fosse espiritualista, como se o católico não fosse espiritualista, como se o conscienciólogo não fosse espiritualista, como se o gnóstico não fosse espiritualista e assim sucessivamente. Na verdade, o espiritualista de hoje (2015) acabou tomando um sentido diferente, como se fosse uma outra linha, opção diferente e até divergente das demais. Espíritas ordotoxos[1] fazem questão de frisar esta diferença.

 

Discordamos, todo espiritualismo converge, independente de nossos umbigos (o umbigo é o centro energético do egoísmo e egocentrismo). Assim o rótulo “espiritualista”, que hora também está limitado infelizmente, deseja dizer: livre pensador, sem rótulo, universalista, com mais amplitude de abordagens, pesquisa e discernimento consciencial, que é onde os autores desta modesta obra desejam navegar. Assim nos arriscamos a conceituar o ESPIRITUALISTA, não desejando definir e fechar, mas conceituar e abrir.

 

Ser espiritualista é ser um “cientista”, um pesquisador e autopesquisador da holossomática[2] e da consciência, sem perder o sentimento e a afetividade. É não se perder na intelectualidade vazia, teórica, arrogante e vaidosa. É trocar a fé cega pela serena convicção íntima resultante da vivência pessoal constatada, a heterocrítica pela autocrítica e a postura emocional pela racional. É ser suprainstitucional, ou seja, universalista, e estar acima de linhas de pensamento, ciências limitadas, misticismos ignorantes, dogmas bolorentos, filosofias verborrágicas, doutrinas estreitas, rótulos iniciáticos e linguajar preconceituoso. É ser cobaia consciencial de si mesmo, é ser pesquisador (sujeito), pesquisado (objeto) e pesquisa (ação, observação e inteligência).

 

É viver no Paradigma Consciencial, considerando as muitas vidas (multiexistencialidade), muitos corpos (multicorporeidadeholossomática, corpos sutis), as bioenergias (bioenergética), e a evolução consciencial ao infinito / eterno / ilimitado / transcendental. É estar acima de livros, autores, médiuns, projetores, lojas, casas, templos, instituições, paranormais, avatares, epicentros conscienciais, questionando tudo (omniquestionamentoombudsman consciencial[3]).

 

É buscar ser assistencial (amor universal ou maxifraternidade) as seus semelhantes da forma que melhor puder no momento, procurando-se priorizar o caminho das tarefas de esclarecimento (ensinar a pescar), sem desprezar cegamente as tarefas de consolação (dar o peixe), conjugando-se o melhor custo-benefício evolutivo, na ponderação contextual entre as duas.

É procurar arriscar a crescer e tocar sua empreitada consciencial sozinho, do que pegar o vácuo confortável de outros (gravitante consciencial), que são mais maduros e experientes que você (coragem evolutiva). É galgar a evolução com vontade vulcânica, confiando em si e nos amparadores (autoconscientização multidimensional), acreditando na qualidade de seu próprio trabalho (autoconfiança evolutiva), a despeito das críticas levianas dos invejosos, gratuitas dos que nada fazem, inexequíveis dos que são teóricos, falaciosas dos intelectuais improdutivos, acomodadas dos abastados confortáveis, irônicas dos céticos e sarcásticas dos espiritualistas vazios. É ter coragem de bancar o próprio custo-benefício evolutivo (autoconfiança consciencial) sem desmerecer ninguém.

 

É não se deixar levar pela patologia social generalizada, pelo rolo compressor das futilidades, idiotices tão comuns, aceitas e arraigadas nas mentes materialistas e fúteis, sedentas de emoções exteriores, densas e vivências efêmeras, fugindo de si mesmo (contrafluxo consciencial sadio – viva no mundo sem ser do mundo).

 

É assumir o próprio dharma (programação existencial, missão de vida, projeto reencarnatório) com coragem, às margens de linhas de pensamento que se autodenominam mais evoluídas, para atraírem adeptos (fiéis e voluntários – iscas do proselitismo), que se afinizam (lei do semelhante) com um holopensene (conjunto de formas-pensamentos, formas-sentimentos e energias do espírito ou consciência) vaidoso (bioenergética). É mais fácil gravitar na órbita de um epicentro consciencial (guru, mestre, mentor, professor, instrutor ou facilitador) do que se arriscar a ser um (coragem evolutiva).

 

Ser espiritualista é não possuir qualquer preconceito, conseguindo falar qualquer linguagem, sem se deter em apenas uma delas. É não possuir apenas uma linha de pensamento como fonte de pesquisa e reflexão, estudando todas elas, não vivenciando apenas uma ciência espiritualista, mas autoexperimentando todas elas (trans e multidisciplinaridade científica, consciencial e universalista), sendo receptivo às conclusões e vivências dos outros, mas priorizando a sua própria, com coragem para discordar com cosmoética[4] (lucidez consciencial, admiração-discordância, dissidência moderada não-gurulátrica).

 

É seguir seu próprio caminho com o corpo mental (mentalsoma, corpo da racionalidade e do discernimento) projetado no cosmos e os pés fincados na rocha (adequação consciencial), sem necessidade da fuga do místico ou do ego “importante” do pesquisador consciencial.

 

Ser espiritualista é jamais se sentir superior, mais importante, especial, seja para seu próprio umbigo (egokarma), seja para seu grupo (grupokarma), seja para os amparadores (maxipeça[5] de um minimecanismo), seja para a sociedade e a humanidade em geral (polikarma). O espiritualista tem que ser uma minipeça de um macromecanismo (autoconsciência com visão de conjunto).

 

É não seguir nada e nem ninguém, pois bebe da fonte extrafísica de onde veio (origem multidensional[6], autoconscientização espiritual, pangrafia[7]), sem se viciar nas muletas[8] conscienciais (por exemplo, cristais, incensos, jargão técnico excessivo e/ou hermético, laboratórios[9], religiões, seitas, filosofias, rituais, ornamentos místicos, verdades absolutas, verdades relativas eternas e inatingíveis, metodologias e procedimentos escravizantes).

 

Tudo é relativo, tudo é passível de entendimento e compreensão. O que alguém necessita num momento consciencial de sua vida, não pode ser criticado por outro que não necessita mais e já superou tal momento. As muletas são ferramentas evolutivas temporárias que num dado momento devem ser deixadas de lado, mas não temos nada contra elas. O que acontece é que cada linha valoriza sua muleta e desdenha das muletas das outras. Então nesse caso apenas generalizamos com o perdão dos sacrifícios. As posturas radicais contra muletas são também uma forma / postura de muleta, contraditoriamente.

 

Ser espiritualista é ser anímico, mediúnico, inspirado e intuitivo, exercer a projeção (de preferência a consciente) e a espiritualidade, procurando ser multifacetado, multímoda, pesquisador intra e extrafísico (pangrafia). Aqui também foi uma generalidade ideal.

 

Ser espiritualista é ser transdisciplinar, multidisciplinar, metadisciplinar[10], multiveicular[11] e multiconsciencial[12], sobrepairando todas as linhas e ciências (newtonianas e/ou conscienciais), com uma visão de conjunto holística, sistêmica e integral de todas elas, enxergando as contradições e observando os paradoxos, se mantendo ao largo das disputas evolutivas mesquinhas, das fugas da realidade em escala individual e coletiva e das paixões ignorantes e exacerbadas (universalismo).

 

É não possuir a humildade-doença (falta de personalidade) e nem a arrogância (que sempre é doença consciencial), mas a humildade sadia (modéstia lúcida e madura) de quem é modesto com naturalidade e fluência, aprendendo mais, por manter a xícara vazia (holomaturidade, sobriedade consciencial).

 

Ser espiritualista é não ter a necessidade de visitar túmulo, cova, cemitério[13], mas ter o poder de se conectar com as consciências que habitam noutro plano da vida. É não temer a morte, por saber que ela não existe. É não temer as passagens e mudanças, pois passamos para o lado de “lá”, mudamos para o lado de “cá”, estamos aqui de passagem e, quando “lá” estivermos, será também de passagem. Para o espiritualista, a vida é uma eterna rodoviária, ou, talvez melhor, um eterno aeroporto, onde se entra e sai de corpos transitórios, nas “decolagens e aterrisagens” existenciais.

 

É saber viver no contrafluxo da sociedade patológica sem radicalizar, sem desdenhar e desrespeitar quem deveria ajudar e não apenas criticar de forma ácida e com desprezo. É impossível a assistencialidade com desdém ou sentimento arrogante de superioridade.

 

Religiosos e espiritualistas são muitos; espiritualizados, muito poucos. Técnicos, pesquisadores, parapsíquicos, racionais, pragmáticos e intelectuais são muitos; cosmoéticos operosos e evoluciólogos[14] competentes, muito poucos.

 

Surfistas das tarefas de esclarecimento são muitos; tarefeiros lúcidos e ponderados na tarefa madura da assistencialidade consciente e eficaz, muito poucos.

 

Portadores de todos os tipos de “verdades” são muitos; os que vivenciam expansões de consciência e bebem lúcida e sobriamente da fonte extrafísica, muito poucos.

 

Professores de cursos pasteurizados, empacotados e treinados nos oligopólios e franquias internacionais das linhas de pensamento são muitos; os práticos fluentes são muito poucos.

 

Conhecimento com arrogância é sintoma de subcérebro abdominal.

[1] Embora o sentido original da expressão “ortodoxo” seja “verdadeiro”, no Brasil o sentido popular atribuído é: radical, limitado, fanático, etc, e é justo estes últimos que estamos no valendo nesta obra.

[2] Holossomática – derivado de holossoma. Holo: todo; Soma: corpo. Todos os corpos ou veículos de manifestação da consciência: corpo físico, astral e mental e o duplo etérico ou corpo bioenergético.

[3] Ombudsman consciencial – não apenas uma ouvidoria, já que como pesquisadores “ouvimos” bastante, mas como livre pensadores inquietos e perguntadores que questionam onde vão e onde estão.

[4] Moral ou Ética Cósmica – vai além da moral social humana. É a ética dos espíritos elevados.

[5] O correto é nos sentirmos micropeças de um macromecanismo, no entanto, os que se sentem macro peças de um mini mecanismo estão vivenciando uma exacerbação egóica.

[6] Leia as páginas 130 e 131 para entender melhor esta nova expressão.

[7] Conjunto de habilidades parapsíquicas: mediunidades, viagem astral, pesquisa, etc.

[8] Nada contra as “muletas” – elas são necessárias e também as usamos, no entanto não devem criar dependência.

[9] Há linhas evolutivas que criam locais com características energéticas (holopensenes) que chamam de laboratórios de pesquisa e autopesquisa consciencial e cobram por isto. São como quartos de hotel ornamentados e organizados para determinadas finalidades como por exemplo: laboratório de dharma – ali o estudante paga para usar por hora para estudar o assunto consciencial dharma e assim sucessivamente.

[10] Vide item 4 a seguir.

[11] Refere-se a todos os veículos de manifestação da consciência: holossoma.

[12] Refere-se ao universalismo NÃO materialista, NÃO preconceituoso, NÃO dogmático, etc.

[13] Sabemos da enorme dificuldade das pessoas em lidar com as perdas dos entes amados. Respeitamos e somos solidários. No entanto, o “espírito” não morre e não está na cova. As saudades sempre existirão independente de qualquer coisa ou crença, concordamos plenamente.

[14] Evoluciólogo é quem estuda as leis evolutivas. Se incluem aí os espiritualistas estudiosos.

9 comentários em “O QUE É SER ESPIRITUALISTA”

  1. Daniela Wendling

    Olá tio Dalton! Seu texto fez muito bem pra minha alma. Posso dizer que quero viver isso, ser Espiritualista. Estar e ser livre pra amar e buscar a Deus, sem dogmas, doutrinas e crenças limitantes. E o principal, respeitando a cada ser. Estou numa fase da vida, vivendo transformações, aprendendo com o luto de minha filhinha que se foi aos 13 anos. gratidão e que boas e novas intuições venham te visitar!

    1. Daniela, receba meus respeitos e meu pesar pela perda de sua estrelinha. Estou escrevendo um livro lindo sobre a Mãe Divina que possui um texto que entra nesse mérito e é muito emocionante. Não sei quando lanço, mas parabéns por estar lidando bem com a perda. Te deixo meu abração bem carinhosos e fraterno!!!

  2. Eduardo Nunes Couto

    Excelente texto. Inspiração para palestra que vou fazer sobre espiritualismo- novos rumos. Obrigado.

  3. Excelente texto, muito esclarecedor, vai me ajudar muito na compreensão do grupo que participo. Vou indicar. Sou grata.

  4. Excelente texto, muito esclarecedor, vai me ajudar muito na compreensão do grupo que participo. Vou indicar. Sou grata.
    Gostaria de receber mais publicações.

    1. Que bom Gal.
      Seja bem vindo aqui.
      E seu grupo pode comentar a vontade aqui no site que eu respondo a todos.
      Estudem bastante.
      paz e Luz,
      Dalton

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