LIVRE ARBÍTRIO X KARMA

O KARMA COMO ONDAS QUÂNTICAS DE PROBABILIDADES

Ondas de probabilidade na Física Quântica
Na física quântica, as ondas de probabilidade são descritas pela função de onda(*), que representa todas as possibilidades que uma partícula quântica pode assumir antes de ser observada. Esse conjunto de possibilidades é vasto e só se concretiza em uma realidade específica no momento da observação, fenômeno conhecido como “colapso da função de onda”. Importante notar que o “observador” neste contexto não deve ser confundido com o ego individual, mas sim com um macro conjunto cósmico, que engloba todos nós, ou melhor ainda, a Consciência Cósmica.

Probabilidade é a medida de quão provável é que um determinado evento aconteça. Em termos simples, é uma maneira de expressar as chances de algo ocorrer. Por exemplo, se você jogar uma moeda, há uma probabilidade de 50% (ou 1 em 2) de sair cara e 50% de sair coroa. Probabilidade é, portanto, uma maneira de quantificar a incerteza ou a possibilidade de diferentes resultados.

(*) A função de onda é um conceito da física quântica que descreve o estado de uma partícula, como um elétron, em termos de suas possíveis posições e estados energéticos. Imagine que é como uma “onda de possibilidades” que nos diz onde a partícula pode estar, mas não exatamente onde está até que a medimos. Quando medimos, essa onda “colapsa” e a partícula assume uma posição ou estado específico.

Determinismo vs. Indeterminismo no mundo macrocósmico

O Determinismo e o Livre Arbítrio são como uma moeda.
É um conceito onde a “cara” é o “determinismo” e a “coroa” é o livre arbítrio.
Todos as duas faces operam juntas o tempo todo.
As vezes surge um determinismo, um fato inadiável, inexorável.
As vezes surgem opções, caminhos, possibilidades.
Quanto mais opções, menor (<) é o determinismo.
Quanto menos opções, maior (>) é o determinismo.
Cada face da moeda é um conjunto de ondas de probabilidades que se interagem como forças sincrônicas (sincronicidades) atraídas e/ou repelidas pelo campo energético de nossa aura.
O livre arbítrio (opções) são nossos atenuantes (K+).
O determinismo (fatalismo – (K-)) são nossos agravantes.

No mundo macrocósmico, os eventos parecem, à primeira vista, ser governados por leis determinísticas. Isso significa que, conhecendo-se todas as condições iniciais de um sistema—como a posição e a velocidade de um objeto—poderíamos, em teoria, prever com precisão o comportamento futuro desse sistema. É essa visão que tem sustentado grande parte da ciência clássica e que continua a ser a base de muitos modelos científicos, como na física newtoniana e nas previsões meteorológicas. Contudo, essa aparente certeza é muitas vezes apenas uma máscara para nossa falta de conhecimento completo sobre as complexas interações envolvidas.

A utilização de probabilidades, nesse contexto, é frequentemente uma maneira de lidar com as limitações do nosso conhecimento ou com a imprevisibilidade de sistemas altamente complexos. No entanto, ao focarmos apenas nesse aspecto determinístico e probabilístico, deixamos de lado uma série de fatores que, embora não sejam tradicionalmente quantificáveis, desempenham um papel crucial na compreensão da realidade.

O paradigma cartesiano mecanicista, com sua ênfase na separação entre o sujeito e o objeto e na previsibilidade absoluta dos fenômenos, tem sido criticado por sua incapacidade de integrar fenômenos que transcendem essa lógica linear. Fenômenos como sincronicidades, propostos por Carl Jung, sugerem uma conexão acausal entre eventos que compartilham significado, desafiando a noção de causalidade direta. Os campos morfogenéticos de Rupert Sheldrake introduzem a ideia de que a natureza possui uma memória coletiva, onde padrões de comportamento são influenciados por campos de informação não-físicos.

Além disso, o conceito junguiano do inconsciente coletivo e os arquétipos revelam que a mente humana está profundamente conectada a uma rede de símbolos e padrões que transcendem o individual e refletem aspectos universais da experiência humana. Essa dimensão psicológica e cultural, muitas vezes ignorada pelo paradigma mecanicista, pode ter efeitos concretos e mensuráveis no comportamento humano e na realidade social.

Os estudos da parapsicologia, incluindo psi kappa (fenômenos físicos, como telecinesia) e psi gamma (fenômenos de conhecimento, como telepatia), também desafiam a visão determinista. Esses fenômenos, que parecem controversos aos céticos, sugerem que a mente pode interagir com a matéria e com outras mentes de maneiras que não se conformam às leis físicas convencionais.

Portanto, o determinismo aparente do mundo macrocósmico é, na verdade, um reflexo da limitação de nossa compreensão e das ferramentas científicas disponíveis. Quando consideramos as variáveis metafísicas e metapsíquicas—sincronicidade, campos morfogenéticos, arquétipos, e os fenômenos psi—percebemos que a realidade é muito mais complexa e interconectada do que o paradigma cartesiano mecanicista sugere. Ignorar esses fatores é perpetuar uma visão fragmentada da realidade, que desconsidera as dimensões sutis e interdependentes que moldam tanto o micro quanto o macrocosmo.

Determinismo vs. Indeterminismo no mundo microcósmico

No domínio da mecânica quântica, a indeterminação é um princípio fundamental. A teoria quântica, ao contrário das interpretações clássicas da física, nos revela que a natureza, em sua essência, opera de maneira probabilística. A famosa equação de Schrödinger, por exemplo, nos permite calcular a função de onda de uma partícula, que descreve a probabilidade de encontrar essa partícula em um determinado estado, mas não sua localização exata até que seja medida. Esse fenômeno é intrinsecamente indeterminista, sugerindo que a realidade, em seu nível mais básico, é regida por incertezas.

Contudo, o que muitas vezes é negligenciado em discussões sobre indeterminismo quântico é como esses processos afetam o mundo macroscópico. Acreditava-se que o determinismo clássico do mundo macro não seria influenciado pela indeterminação quântica. No entanto, o advento dos computadores quânticos desafia essa visão ao utilizar superposição e entrelaçamento quântico para realizar cálculos que seriam impossíveis para computadores clássicos. Isso demonstra que os efeitos quânticos têm, sim, consequências práticas e mensuráveis no mundo macro.

Portanto, não é mais sustentável afirmar que o indeterminismo quântico está restrito ao microcosmo e que o determinismo reina absoluto no macrocosmo. A computação quântica, com seus resultados já evidentes na criptografia e na simulação de sistemas complexos, comprova que a indeterminação do mundo quântico pode influenciar de maneira direta e pragmática a realidade macroscópica.

Esse entendimento nos leva a uma nova síntese entre determinismo e indeterminismo, onde a realidade é vista como um continuum interligado, no qual as fronteiras entre o micro e o macro são permeáveis e dinâmicas. Essa perspectiva corrobora a visão transdisciplinar e holística defendida por autores como Fritjof Capra e Amit Goswami, onde a consciência e a realidade são entendidas como fenômenos inseparáveis, refletindo um universo que é, ao mesmo tempo, determinado e indeterminado, dependendo do nível de análise.

Karma como lei cosmoética
No contexto da cosmoética, o karma não deve ser visto simplesmente como uma lei moral, mas sim como uma lei universal de ensino didático evolutivo, equilíbrio e harmonia, que rege as interações conscienciais. A cosmoética transcende a moralidade convencional, sendo uma ética universal inerente à Consciência Cósmica, que considera o bem maior e a evolução de todas as consciências envolvidas, dentro de uma perspectiva multidimensional (ou melhor, multidensional).

A cosmoética

A cosmoética é uma ética universal que transcende as convenções sociais e morais humanas, sendo aplicável em todos os níveis da existência, inclusive nas dimensões espirituais. Fundamentada em princípios evolutivos, como o karma, ela determina o que é “certo” ou “errado” de forma imparcial e justa, promovendo a evolução consciente das pessoas e das sociedades. A prática da cosmoética é natural em sociedades evoluídas, onde os valores são vivenciados de forma intuitiva e integrada com o cosmos.

O que é cosmoética detalhadamentehttps://consciencial.org/apometria-espiritismo/o-que-e-cosmoetica/

Conexão entre karma e ondas de probabilidade
Podemos entender que as ações de uma consciência, permeadas por sua intenção e energia — incluindo pensamentos (mental), sentimentos (emocional), energias (campo, duplo etérico, chacras e aura) e ações (mecânica, movimento e interação direta) — geram ondas de probabilidade no “campo quântico consciencial”. Cada ação, pensamento ou emoção emite uma espécie de “sinal” que influencia e modula o campo de possibilidades futuras. No contexto do colapso da função de onda (fato consumado), essas ações não afetam apenas o indivíduo isoladamente, mas repercutem no equilíbrio e na evolução das consciências ao seu redor e até em planos superiores e inferiores (campo atuando em campos).

O campo kármico de probabilidades
O karma não é estático; ele é dinâmico e interage continuamente com seu gerador (consciência geradora). A consciência manifestada gera karma ao interagir com a manifestação de outra consciência. O karma é uma via de mão dupla, agindo tanto na origem (consciência de origem) quanto no destino (consciência de destino ou alvo). Esse fluxo é contínuo, indo e voltando da origem ao destino e retornando o tempo todo. Ele é polarizado pela cosmoética, que avalia o nível desse fluxo, atribuindo-lhe uma qualidade positiva ou negativa conforme o contexto. Este campo kármico dinâmico, ou “campo quântico consciencial”, está em constante movimento, sendo reforçado ou atenuado de acordo com a qualidade das interações. Por isso, nossos pensamentos, decisões e atitudes moldam nosso karma dentro desse campo quântico fluído constantemente, reforçando-o negativamente ou atenuando-o positivamente.

Colapso da função de onda e o karma
Assim como na física quântica, onde a função de onda colapsa em um estado definido no momento da observação, no âmbito macrocósmico (vida humana real) podemos considerar que o “colapso” das ondas de probabilidade ocorre quando uma consciência age ou toma uma decisão (ação resultante do livre arbítrio), que será sempre avaliada pela cosmoética em tempo real. Esse colapso, então, manifesta uma realidade temporal, que reflete o grau de alinhamento daquela ação com as leis universais de equilíbrio e harmonia (a cosmoética). No entanto, a cosmoética não “julga” como um agente externo; ela influencia a própria consciência geradora do ato, que “julgará” a si mesma, qualificando seu próprio campo consciencial. Essa qualificação colapsada é o que determina o karma naquele contexto, considerando todos os atenuantes e agravantes nas suas variáveis complexas, ocultas ou não. Paradoxalmente, como na própria física quântica, a consciência “julga” (ou melhor, mede – medida do observador) a si mesma diante da lei inexorável da cosmoética.

Sincronicidade, ressonância e cosmoética
A sincronicidade pode ser compreendida, neste contexto, como a manifestação da ressonância entre os campos modulados por ações anteriores, avaliados pela cosmoética, acumulados e interinfluenciados por ondas de possibilidades, que reduzem a probabilidades, posteriormente colapsando em eventos e experiências significativas. Quando uma consciência atua de maneira correta, ela ressoa sincronicamente com as leis universais (cosmoética), alinhando-se com um fluxo de eventos que promovem a evolução e o crescimento consciencial.

Integração e síntese cosmoética
Ao reinterpretar o karma com o conceito de ondas de probabilidade, chegamos a uma compreensão mais profunda de como nossas escolhas e intenções impactam o campo consciencial e, por extensão, a realidade em que vivemos. Em vez de entender o karma como um sistema de recompensa e punição, ele se revela como uma dinâmica de interações fluídas e dinâmicas de campos que moldam a realidade de acordo com o grau de alinhamento (convergência) da consciência com as leis universais (moral, ética, bioética e cosmoética).

Reflexão final
Nesse sentido, o Paradigma Consciencial, que transcende o Paradigma Quântico, nos convida a uma postura de responsabilidade ampliada, onde cada ação, pensamento e intenção deve ser examinada à luz da cosmoética. Ao agir de acordo com esses princípios, influenciamos as ondas de probabilidade de maneira a favorecer o crescimento, a harmonia e a evolução não apenas de nós mesmos, mas de todas as consciências com as quais interagimos, reverberando por todo o planeta e pelo cosmos.

Dessa forma, ao compreender o karma como um campo de probabilidades regido pela cosmoética, somos incentivados a alinhar nossas ações com o bem maior, promovendo a evolução pessoal e coletiva em sintonia com as leis do universo, ou seja, está aberto o novo conceito de ATIVISMO CONSCIENCIAL, “acima” e além do conceito de ATIVISMO QUÂNTICO.

Dalton Campos Roque, autor de 34 obras espiritualistas.

 

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