Na prática do Zen, encontramos uma sabedoria profunda que integra as atividades diárias com a expansão espiritual, demonstrando que não há separação entre os momentos mundanos e os transcendentais. Sua essência é capturada na antiga máxima: “Antes da iluminação, rache lenha e carregue água. Após a iluminação, rache lenha e carregue água.” Este ensinamento reflete uma compreensão profunda de como a espiritualidade deve ser incorporada na vida cotidiana, sem se perder em deslumbramentos ou ilusões.
1. Rachar Lenha: A atividade de rachar lenha, uma tarefa comum e terrena, simboliza as responsabilidades e atividades mundanas que preenchem nossa vida diária. É uma ação que requer esforço físico, atenção e presença no momento presente. Ao realizar tarefas simples como essa, estamos profundamente enraizados na realidade tangível da existência.
2. Meditar e a Expansão da Consciência: A prática da meditação, por outro lado, nos conduz a um estado de consciência expandida. Durante esse momento de quietude, transcendemos as fronteiras da mente cotidiana e experimentamos uma compreensão mais profunda de nossa existência. Esse é o momento em que o “eu” se dissolve, e nos conectamos com algo maior.
3. Nada de Deslumbramento: O Zen adverte contra o deslumbramento após tais experiências. A expansão da consciência não deve levar à arrogância espiritual ou à ilusão de superioridade. Em vez disso, é uma lembrança de que, independentemente das experiências transcendentais, a vida continua em seu curso normal.
4. A Integração da Experiência: A verdadeira sabedoria do Zen está na integração desses dois estados aparentemente opostos. Depois de experimentar a expansão da consciência na meditação, o ensinamento é claro: volte a rachar lenha. Ou seja, reintegre-se completamente à sua vida diária, sem perder de vista a transcendência experimentada.
5. A Profundidade no Cotidiano: Rachar lenha depois de uma expansão de consciência não é apenas retomar uma tarefa mundana, mas sim fazê-lo com uma nova perspectiva. Cada movimento, cada golpe na madeira, é realizado com uma presença renovada, uma consciência aprimorada. A atividade cotidiana torna-se uma expressão do divino, uma continuação da experiência transcendental.
6. A Harmonia Entre o Céu e a Terra: Assim, o Zen nos ensina a harmonizar o céu (a expansão da consciência) e a terra (a atividade cotidiana). Não há dualidade; ambos são aspectos interconectados de uma existência completa. Rachar lenha após a meditação não é uma regressão, mas sim uma progressão em um ciclo contínuo de crescimento espiritual e vida prática.
Em última análise, a sabedoria zen nos lembra que o divino está presente em todas as nossas atividades diárias, e a verdadeira iluminação reside na capacidade de viver plenamente enquanto permanecemos conectados à essência transcendental da existência.