HISTÓRIA DO MOVIMENTO UMBANDISTA

HISTÓRIA DO MOVIMENTO UMBANDISTA

Retirado do livro UMBANDA A PROTO-SÍNTESE CÓSMICA de F. Rivas Neto, médium em 23/05/2021.

Nota do Consciencial.Org: o autor escreve Orixá desta forma e sem acento: “Orishas”.

HISTÓRIA DO MOVIMENTO UMBANDISTA

O Movimento Umbandista surgiu no final do século XIX, utilizando-se como cenário os cultos miscigenados de negros, índios e brancos, conhecidos como macumbas, candomblés, catimbós, torés, xambás, babassuês, xangôs, etc. Nesse contexto, começaram a se manifestar entidades espirituais, através da incorporação, nas formas de índios (Caboclos) e de Pais-Velhos trazendo as mensagens dos espíritos ancestrais desses povos. O processo do sincretismo facilitou a inclusão da cultura católica pela assimilação dos santos com as divindades do panteão africano e ameríndio. Logo apareceriam também as entidades que se apresentavam como Crianças, completando o ternário de manifestação mediúnica que serviria de base para a sustentação da doutrina umbandista.

Essas três formas de apresentação, Crianças, Caboclos e Pais-Velhos, correspondem a arquétipos do inconsciente coletivo com seus valores intrínsecos — o enigma da esfinge desvendado. Assim, a forma “infantil” representa o início do ciclo e também a Pureza; a forma adulta, de “caboclo”, carrega o valor da Fortaleza e da Simplicidade; e a forma senil, de “pai-velho”, identifica-se com a Sabedoria e a Humildade. Pureza, Simplicidade e Sabedoria Humilde seriam as virtudes a serem cultivadas por todos os umbandistas, bem como regeriam a ética desse setor filorreligioso.

No início do século XX, com o médium Zélio Fernandino de Moraes, a Umbanda recebeu sua primeira roupagem, com organização à parte dos cultos afro-ameríndios. Nessa época também surgiu o vocábulo Umbanda para designar aquela forma ritualística monoteísta, que cultuava os Orishas como representantes da Divindade e que tinha as entidades espirituais, que se manifestavam pela mediunidade dos adeptos, como ancestrais ilustres enviados pelos Orishas. A característica mais marcante do culto, nesse tempo, era o fato de ser simples, objetivo, aberto a todos os segmentos sociais, econômicos, religiosos ou étnicos. Desde o início, a abertura universal era estigma da Umbanda.


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Com o passar do tempo, várias formas de culto surgiram, cada uma com proporções diferenciadas de influências africanas, ameríndias, européias e mesmo orientais, facilitando a adaptação e assimilação da doutrina por recém-egressos de outros cultos. Essa fase caracterizou-se por uma rápida propagação e expansão da Umbanda, especialmente pela abundância de manifestações espiríticas concretas, fenômenos físicos, curas espirituais e movimentação das forças sutis da natureza pela magia manipuladas pelos orishas, guias e protetores que “baixavam” nos vários terreiros, cabanas, choupanas, tendas de Umbanda de todo Brasil. Apesar de todas as
manifestações impressionantes, o tônus do movimento umbandista nessa época era dado pelo pragmatismo e pelo empirismo doutrinário, não havendo um sistema consistente filosófico acessível aos praticantes.

A partir de 1956, com o lançamento do livro Umbanda de Todos Nós, novo alento foi dado à Umbanda por Mestre Yapacany (W. W. da Matta e Silva) que viria mostrar o aspecto oculto do conhecimento trazido pelas entidades militantes nesse movimento. Em mais oito obras, Mestre Yapacany desenvolveu as bases da escrita sagrada da Lei de Pemba, a hierografia umbandista, apresentou os fundamentos da metafísica da Umbanda e revelou a conexão com o sistema cosmogônico ligado à cabala ário-egípcia, descrito em 1911 por Saint-Yves
d’Alveydre em seu L’Archéomètre.

Apesar de toda a contribuição filosófica e científica dada à Umbanda por Mestre Yapacany, na denominada Umbanda Esotérica, as mudanças práticas no sistema ritualístico foram modestas, considerando-se que a profundidade da doutrina era alcançada por poucos e raros iniciados, não havendo um método sistemático de transmissão de conhecimento, nem uma organização templária capaz de conduzir os neófitos aos patamares superiores da iniciação, a não ser que uma predisposição inata se fizesse sentir de maneira muito evidente.

Chegamos então à fase representada pela Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino, fundada por nós em 1970, honrando o compromisso que temos com nossos mentores e com Mestre Yapacany, do qual fomos discípulo e recebemos a incumbência de continuar a tarefa.
Dois anos se passaram do desencarne de nosso Mestre quando lançamos nossa primeira obra, esta Umbanda — A Proto-Síntese Cósmica, agora com sua quarta edição nas mãos do leitor.

Muitos fatores fizeram de Umbanda — A Proto-Síntese Cósmica um novo marco para o Movimento Umbandista, a começar pelo fato de ter sido a primeira obra a ser escrita diretamente por uma entidade de Umbanda, o Caboclo Sete Espadas (Mestre Orishivara)
que deixou o linguajar de terreiro, o jargão umbandista, para transmitir os conceitos próprios de um sábio do Astral Superior.
Nesta obra, o Sr. Sete Espadas apresentava, já no início, uma controvertida teoria antropológica que, se ainda não confirmada, ao menos encontra nos estudos recentes do sítio arqueológico da Pedra Furada no Piauí respaldo para o benefício da dúvida. Se esperarmos que
aconteça como na profecia concretizada em relação ao vigésimo primeiro aminoácido ou nas questões que trata de matéria e antimatéria, basta o tempo para que o rigor científico venha ratificar esses escritos.

A heterodoxia de Umbanda — A Proto-Síntese Cósmica avança ainda na demonstração geométrica e aritmética do número correto dos Arcanos Maiores e Menores e ainda explica o motivo do conceito vigente. Discorre sobre magia etérico-física em minúcias conceituais e aprofunda-se nos métodos oraculares restituindo seus valores adormecidos. Um capítulo especial é dedicado à organização do
processo iniciático, em suas várias fases, ilustrado como acontecia nos tempos antigos dos grandes Colégios Divinos da tradição hermética.

Finalizando, Mestre Orishivara levanta os véus da universalidade da Umbanda, antecipando as mudanças sociais esperadas para o Movimento Umbandista no Brasil e para a coletividade planetária como um todo. Constituindo-se como tratado de filosofia hermética, magia, doutrina espiritual e prática mediunímica, Umbanda — A Proto-Síntese Cósmica foi elevada à condição de texto sagrado basilar para boa parte dos templos umbandistas de todo o país e se tornou o paradigma da fase iniciática da Umbanda, por ela inaugurada. Tudo isso contribuiu para uma transformação da Umbanda e do que se pensava da mesma.

Vivemos, atualmente, uma fase prolífica no setor umbandista que deixou de ter um caráter regional e passou a se relacionar  naturalmente com outros setores filorreligiosos. A Umbanda participa ativamente das discussões das necessidades sociais e espirituais
brasileiras e planetárias, propondo um método de abordagem da Realidade que se direciona para o universalismo expresso na meta de Convergência com vistas à Paz Mundial. Temos sido testemunha das mudanças na Umbanda. Atuamos no meio umbandista desde a década de 1960 quando ainda aos doze anos de idade tivemos os primeiros contatos mediúnicos. Já aos dezoito anos assumíamos a direção de um templo e em 1969 tivemos a honra de conhecer Mestre Yapacany, do qual nos tornamos discípulo.

Em 1970, fundamos a Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino que, desde então, representa uma referência para os adeptos umbandistas, contando com vários templos em todo o Brasil e discípulos por todo o mundo. Em função da atividade espiritual, sentimo-nos inclinado ao estudo aprofundado das mazelas humanas, inclusive do ponto de vista físico, o que nos levou à graduação em Medicina e  especialização em Cardiologia.

Desde que iniciamos nossa produção literária, temos sentido o peso da oposição, mesmo dentro do próprio Movimento Umbandista. Acreditamos que tudo evolui, tudo precisa transformar-se e por que não a Umbanda? Afinal, o universo todo progride, caminha… E justo que nossa compreensão da Realidade também o faça. Preferimos ser heterodoxo (ter opinião diferente), especialmente em relação
àqueles que se acomodaram no misoneísmo e fizeram de suas verdades os dogmas que lhes garantiram o conforto material.
Longe, muito longe estamos da Realidade Absoluta, que é uma e não duas. O mínimo que podemos esperar daqueles que buscam a evolução espiritual é uma atitude aberta, não sectária, disposta a modificar-se em função do aprendizado.

Empenhado nessa atitude de evolução constante, iniciamos a tarefa de escritor em 1989 com Umbanda — A Proto-Síntese Cósmica. A cada novo lançamento, em obediência ao Astral, temos revisado conceitos, aprofundado conhecimentos, ampliado nossos horizontes. Esperamos assim colaborar para o ressurgimento da Tradição-Una, que é patrimônio de toda humanidade e se encontra eclipsada pela visão fragmentária e parcial que temos da Realidade.

Nossa segunda obra, Umbanda – O Elo Perdido, também psicografada por Mestre Orishivara (Caboclo Sr. Sete Espadas), lançou nova luz sobre os delicados mecanismos hiperfísicos da mediunidade, esclarecendo as várias formas de intermediação dimensional, como a incorporação nas fases inconsciente e semiconsciente, a irradiação intuitiva, a clarividência, a clariaudiência, a psicografia, a psico-hierografia e a dimensão-mediunidade. Discorre Mestre Orishivara ainda sobre os distúrbios da mediunidade classificados em animismo vicioso, ficção anímica, atuação espirítica patológica e obsessões. A fisiologia astral é detalhada em O Elo Perdido na seção que fala sobre
prana, kundalini e chacras.

(…)

Nota do Consciencial.org: O texto continua, é bem longo, mas o cortamos aqui.

 

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