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REFLEXÕES SOBRE A EGRÉGORA DE RAMATÍS – TEXTO FINAL DA OBRA

Ah, o cancelamento, a nova e sofisticada fogueira inquisitorial da era digital, onde podemos nos deleitar com a sensação de superioridade intelectual “universalista” e “ramatista”, enquanto assistimos à queima virtual daqueles que não se alinham com as nossas preciosas crenças pessoais. É como se estivéssemos revivendo a “idade média” em toda a sua glória na era moderna.

Nessa curiosa e irônica dinâmica, as redes sociais se transformam em tribunais virtuais, onde o tribunal é formado pelos justiceiros autoeleitos e o veredicto é ditado pela turba enfurecida das opiniões em voga. Ah, quanta sabedoria, universalismo e discernimento reunidos em uma plataforma digital!

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É fascinante observar como a diversidade de pensamento é rapidamente sufocada em nome da conformidade ideológica. Afinal, quem precisa de diálogo civilizado quando podemos simplesmente bloquear, excluir e humilhar aqueles que não compartilham das nossas sagradas verdades absolutas? É quase como uma terapia coletiva de reafirmação de egos, onde podemos aplacar nossas inseguranças e incertezas por meio do silenciamento do outro.

Mas, vamos além! Nessa maravilhosa “idade média” da internet, não só cancelamos indivíduos, mas também suas ideias. Porque, afinal, quem precisa de debate e argumentação lógica quando podemos simplesmente rotular algo como “falso”, “ofensivo” ou “inadequado” e dar um fim a qualquer possibilidade de troca de ideias? Afinal, não é assim que se constrói um ambiente universalista saudável e intelectualmente enriquecedor?

Então, vamos erguer nossas tochas digitais e marchar nessa cruzada moderna contra aqueles que ousam desafiar nossas crenças pessoais. Vamos nos banhar na satisfação momentânea de ver alguém ser arrastado para a fogueira virtual, enquanto inflamos nossos egos com a sensação de estarmos do lado certo da história. Afinal, o mundo seria muito chato se todos tivessem opiniões diferentes das nossas, não é mesmo?

Enquanto isso, podemos nos maravilhar com a ironia de alegar que somos universalistas, amamos Ramatís e vivermos em uma era que se autoproclama progressista e inclusiva, mas que, ironicamente, encontra na intolerância e no cancelamento um método tão eficaz para lidar com as diferenças.

É a “idade média” da era moderna, onde a ignorância e a arrogância se encontram em um abraço cibernético, mostrando-nos que, por mais que nos consideremos avançados, algumas mentalidades retrógradas persistem em nossa sociedade virtualmente iluminada.

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Normalmente, os espiritualistas tendem a desaprovar os céticos, independentemente de suas crenças. No entanto, é importante observar que os espiritualistas também podem adotar uma postura cética em relação a abordagens espirituais não alinhadas com as suas. Isso é válido não apenas para as doutrinas espiritualistas, mas também para as doutrinas materialistas, corporativas, militares e diversas outras.

Essa dinâmica de ceticismo não é exclusiva dos espiritualistas, mas é aplicável a todas as pessoas. Todos nós temos ceticismo em relação a perspectivas e crenças diferentes, independentemente de nossa inclinação espiritual. Ao mesmo tempo, somos “crentes” em relação a alguma doutrina, mestre, religião ou visão de mundo que adotamos.

Essa situação pode ser explicada pela pluralidade de crenças e pela diversidade de opiniões presentes no orbe, que podem ser consideradas uma “multiversidade” de ideias. Cada indivíduo possui suas próprias convicções e tende a ser cético em relação a ideias que entram em conflito com suas crenças, sejam elas arraigadas ou não. Ao mesmo tempo, somos capazes de acreditar e confiar em doutrinas, religiões, filosofias, conceitos e ideias que se alinham com nossas visões de mundo – é o princípio da afinidade entre semelhantes.

Portanto, é fundamental reconhecer que a dinâmica de ceticismo e crença mútua não se restringe apenas aos espiritualistas, mas está presente em todos os grupos e indivíduos. Essa diversidade de perspectivas e a capacidade de questionamento são elementos enriquecedores que promovem o crescimento pessoal e coletivo. No entanto, é importante alertar aqueles espiritualistas que são excessivamente críticos (os canceladores) e não percebem suas próprias falhas enquanto criticam os outros.

Além disso, é relevante abordar a questão do condicionamento do “crente”. O termo “crente” deriva do verbo “crer”, e como mencionado anteriormente, todos nós somos crentes, inclusive os céticos que acreditam no materialismo como visão de mundo. No entanto, o condicionamento do “crente” assume um tom diferente, referindo-se ao comportamento de fanatismo religioso e à tentativa de impor uma doutrina absolutista aos outros. Esse tipo de comportamento “crente” pode ser observado em várias religiões e linhas evolutivas.

É importante ressaltar que muitos espiritualistas também se enquadram nessa categoria de “crentes”. Assim como ocorre em outras crenças, alguns espiritualistas podem adotar uma postura dogmática e inflexível, buscando convencer os outros de que sua doutrina (ou forma particular de interpretá-la) é a única verdade absoluta. Isso evidencia que o comportamento “crente” não é exclusivo de uma única corrente espiritual, mas pode ser encontrado em diversos contextos religiosos e evolutivos, como kardecistas, espiritistas, “ramatistas” e tantos outros.

Nesse sentido, é crucial manter uma mente aberta e estar disposto a questionar e explorar diferentes perspectivas. A diversidade de pensamentos e a capacidade de diálogo e debate saudável são fundamentais para o crescimento individual e coletivo. Ao abraçar essa postura, podemos promover uma compreensão mais ampla e enriquecedora das questões espirituais e filosóficas, transcendendo os limites do condicionamento “crente” e abrindo espaço para uma busca constante pela verdade e pelo conhecimento.

A busca pelo conhecimento não deve ser limitada pela adesão cega a uma única doutrina ou crença (ou fragmentos facetados das mesmas), mas sim pela abertura à investigação, ao questionamento e à análise crítica consciencial.

É importante lembrar que todas as visões de mundo têm suas limitações e não possuem todas as respostas. Portanto, ao reconhecer nossa própria tendência ao ceticismo e ao mesmo tempo sermos “crentes” em determinadas ideias, devemos ter em mente a importância de um equilíbrio saudável.

Isso significa estar aberto a diferentes perspectivas, mesmo que elas desafiem nossas crenças estabelecidas. Devemos buscar o aprendizado com humildade, reconhecendo que não temos todas as respostas definitivas. Ao nos envolvermos em diálogos construtivos e respeitosos com pessoas de diferentes visões de mundo, podemos expandir nosso conhecimento, desafiar nossas próprias convicções (muitas vezes bastante limitadas) e evoluir como seres humanos, ou melhor, como espíritos eternos tendo uma experiência humana.

Em vez de nos prendermos ao condicionamento “crente” que busca impor nossa visão de mundo aos outros, devemos nos esforçar para promover um ambiente de respeito mútuo, onde as diferenças são valorizadas e vistas como oportunidades para o crescimento pessoal e coletivo. Isso requer a prática da empatia, do diálogo aberto e da disposição para considerar pontos de vista alternativos.

Em suma, a dinâmica de ceticismo e crença simultâneas está presente em todos os grupos e indivíduos, não se limitando apenas aos espiritualistas. Ao reconhecer essa realidade, podemos adotar uma postura mais aberta e receptiva, valorizando a diversidade de perspectivas e estimulando o pensamento crítico. Dessa forma, estaremos no caminho para um crescimento consciencial e coletivo mais significativo e enriquecedor.

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Aqueles capazes de agir conforme suas possibilidades estão cumprindo seu dharma, ou seja, sua única responsabilidade individual. Por outro lado, aqueles que optam por não cumprir sua parte tendem a se envolver em críticas, o que reflete uma omissão a seu próprio dharma, ou seja, um karma negativo.

A qualidade do conteúdo que possuímos pode ser comparada a uma despensa íntima dentro do coração. Aqueles que possuem um conteúdo valioso em sua despensa têm a capacidade de compartilhá-la com generosidade e oferecer uma experiência enriquecedora aos outros. Porém, aqueles que possuem um conteúdo duvidoso correm o risco de se contaminar com o mofo que ele contém.

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Alguns escritores podem se envaidecer de suas obras e alegar que deixaram um legado, mas essa visão é apenas materialista e limitada. Uma perspectiva espiritual mais ampla nos leva a pensar além desses limites.

Ao adotarmos a visão do dharma, transcenderemos a vaidade e o egoísmo. O dharma não se resume apenas ao que o autor doa ao mundo através de suas obras. Vai além disso, abrangendo o que o autor aprende na pretensão motivadora de ensinar algo a alguém. Não se trata de quantidade ou de adquirir fama nos anais da sociedade cartesiana. Tudo fica registrado na consciência de si mesmo, não tendo isto qualquer relação com registros akáshicos ou outras versões espiritualistas distorcidas.

Na busca pelo dharma, compreendemos que deixar um legado não é apenas uma questão de deixar obras escritas (as vezes exageradamente valorizadas), mas sim a transformação interior e a evolução espiritual de seus autores (encarnados e/ou desencarnados). É o conhecimento que adquirimos ao longo dessa jornada, as lições que aprendemos e as experiências que vivenciamos que verdadeiramente importam. O impacto consciencial que causamos nos outros e a contribuição que oferecemos ao crescimento espiritual coletivo são reflexos desse processo de reforma íntima.

Portanto, é necessário abandonar a visão superficial e limitada da importância exagerada e literal das obras escritas e direcionar nossa atenção para a essência do que é o dharma. É uma perspectiva mais humilde, mais evolutivamente inteligente, menos preocupada com o ego e mais comprometida com o crescimento espiritual.

É por meio dessa compreensão que nos libertamos das amarras do materialismo e nos conectamos com algo muito mais profundo e significativo em nossas vidas.

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A verdadeira obra deste escritor, ninguém leu e ninguém lerá. Ele “escreveu dentro” dele mesmo, dentro do lótus dourado de seu coração

Não importa quantas obras eu escreva. Não importa quantos mestres eu assine. Não importam minhas palavras nem minhas linhas. Só importa o que eu “escrevi no silêncio invisível” de meu coração.

A caridade (tarefas da consolação e do esclarecimento) é muito importante, mas a reforma íntima é indispensável. Ninguém compra a entrada para o “céu” sem antes transformar a si mesmo em algo melhor e sem devolver até o último ceitil.

Dalton Campos Roque – Consciencial.Org


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