Posfácio por Sérgio Kunio
O ano é 2022.
Em 1908 ocorria a primeira manifestação do Caboclo das 7 Encruzilhadas pela mediunidade do Sr. Zélio Fernandino de Moraes, quando surgia a Umbanda.
Ainda hoje, 114 anos depois, podemos observar o preconceito e a intolerância em nossa sociedade.
Em 2022, na maior festa do Brasil, Exu foi exaltado e explicado, de maneira resumida, pelo belíssimo cântico na Marques de Sapucaí, durante o samba enredo da Grande Rio. Exu ganhou!
Agora, após ter lido esse livro, sem entrar no mérito do Orixá Exu ou das entidades Exus, recebemos um colírio para os olhos turvos da sociedade.
Ano que pudemos ser presenteados com esses dois “tapas na cara” da intolerância e do sectarismo religioso.
Mérito ainda maior por ter sido escrito pelo Dalton e pela Andréa, que dizem não serem umbandistas, mas são mais umbandistas do que muito pai-de-santo que vejo por aí…
Antes de continuar, com a licença dos autores, gostaria de esclarecer alguns pontos para os que estão estudando.
Exu (Orixá) é divindade Ketu / Nagô, do povo Iorubá.
Já Pambu-Njila é divindade Bantu / Angola.
Os exus que se manifestam nos terreiros de Umbanda são chamados de “catiços” e NÃO são divindades. Os catiços são “eguns”, ou seja, espíritos de pessoas que já tiveram uma encarnação na Terra.
Já as divindades Exu (Orixá) e Pambu-Njila (Nkisi) são originalmente masculinos e os senhores dos caminhos, os intermediários das demais divindades. De maneira simplista, diria que são a mesma divindade, porém em idiomas diferentes.
Na Umbanda, brasileira como é, houve a “apropriação” e simplificação da palavra Pambo-Njila (lê-se “pambo-indjíla”) para Pambogira, Pombogira, Bombogira, Pombagira.
Nós, humanos, resolvemos “separar” e dizer que exu (“catiço”) é masculino e pombogira (“catiço”) é feminino.
E é sobre eles, os “catiços”, que o livro fala.
Senti-me muito feliz por ter o privilégio de ler cada linha, principalmente porque foram escritas por “alguém de fora” do meio.
Sem preconceito, como a Umbanda é.
Como umbandista, senti-me respeitado. Da mesma maneira que Exu nos ensina a respeitar. Como umbandista, senti-me compreendido.
Alguém fora da Umbanda está disposto a escrever algo sério sobre a nossa fé. Da mesma maneira que os Pretos-Velhos nos demonstram a cada gira.
Como espiritualista, vi Exu desmistificado. Exu (guia – catiço), o guardião, o amparador, que nos trata como iguais (até porque o que nos diferencia é apenas a matéria e as nossas experiências pessoais no decorrer das inúmeras vidas) é a entidade que nos orienta, que briga, que brinca, que fala nossa linguagem. Enquanto os queridos Pretos-Velhos parecem nossos avós, os Exus parecem nossos amigos.
E as Pombagiras? Elas são a “polícia” feminina.
A representação da energia feminina, do Yin, do ventre. As guardiãs, as sertanejas, as mulheres destemidas, fortes, lutadoras, as nossas amigas, as brasileiras.
Exu e Pombagira, são como Preto-Velho e Preta-Velha. O masculino e o feminino, que, em equilíbrio, se complementam.
A cada gira podemos sentir, ouvir e viver cada uma das advertências dos nossos compadres.
A cada tópico da obra pude recordar alguma passagem no terreiro. Para cada rima, pude recordar um ponto cantado.
Depois de 32 anos de “pés no chão”, escutando os nossos guias, esse livro demonstrou que o mesmo conteúdo de mensagem pode ser “canalizado” independentemente dos rótulos que colocamos na Terra, aos quais chamamos religiões.
De maneira maestral, pude ver os “tapas na cara”.
Desde os mais simples (entidade não está para satisfazer os nossos desejos), até a súplica, para que tenhamos autorresponsabilidade e nos livremos das amarras do ego (o verdadeiro motivo dos nossos amigos virem a nosso socorro para ajudarem a nosso progresso espiritual).
Cada tópico foi uma pílula de conhecimento, ministrada da mesma maneira que nossos amigos espirituais nos passam, em doses homeopáticas, respeitando o nosso tempo (Nkisi Kitembo – Orixá Iroko).
Com linguagem simples, mas ao mesmo tempo profunda, a obra dá o recado, e mais, sugiro que você, leitor, após terminá-la, releia-a, desta vez, pausadamente, ao fim de cada tópico, refletindo na mensagem.
Quem sabe, quando você escutar o trecho “QUEM TEM FÉ, tem tudo, quem não tem fé não tem nada” do ponto cantado, você lembre de cada tópico dessa obra.
Dalton e Andréa, meus sinceros agradecimentos!
Mesmo vocês não sendo umbandistas “de carteirinha”, saibam que são umbandistas verdadeiros. Entenderam e puderam explicar cada pedido que a espiritualidade faz para nós (página 49 – Quem serve quem).
Um grande abraço!
Normose não mais!
Axé, Motumbá, Amém, Mucuiu, Namastê, Aboye Abosise, ou qualquer outro termo!
Sérgio Kunio Kawanami.
Administrador de Empresas, MBA em Marketing pela USP e MBA em Gestão Estratégica pela UFPR, ex-executivo de empresas. Atualmente empresário e membro do conselho de administração de algumas empresas pelo Brasil. Autor do Livro A Nova Umbanda (2008), diversos artigos sobre a religião na mídia impressa e na TV. Dirigente do Grupo Espiritualista Caboclo Pena Azul há 16 anos e umbandista há 32. Contato: sergio.kawanami@gmail.com.
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Dalton é escritor, poeta, cronista, contista, jornalista do astral, médium e humorista incorrigível da consciência. Sente uma saudade imensa de seu planeta em Sírius B e está ansioso para ser “puxado” pelo planeta Chupão. Ele alega com bom humor: “Não quero ficar com os ‘evoluídos’.” Autor de 41 obras independentes, sendo 5 sobre informática e 36 sobre espiritualidade e consciência, mas sem religião. Engenheiro Civil, pós-graduado em Educação em Valores Humanos (inspirado em Sathya Sai Baba) e Estudos da Consciência com ênfase em Parapsicologia. E, como ele sempre diz: “Me ame quando eu menos merecer, pois é quando mais preciso.”
Livros impressos – https://livros.consciencial.org
E-books – https://ebook.consciencial.org/
Cursos, áudios, meditações, práticas – https://cursos.consciencial.org
Seu livro publicado – https://seulivropublicado.com.br
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