Religião, por definição, quer dizer “religar”. Refere-se a se religar a Deus. Só podem ser chamadas de religiões verdadeiras as correntes de pensamento e doutrinas sadias e positivas. Portanto, a maioria das religiões e dos movimentos religiosos atuais, mais preocupada em conquistar novos fiéis (ou clientes), periga se transformar em empresas antiéticas, devido às amplas possibilidades de se ganhar dinheiro com esse próspero “negócio” (proselitismo religioso-comercial).
Quando religiosos centram sua pregação em odiar o “diabo” e em centralizar nele a causa dos males da humanidade, pode ser que o “diabo” esteja investindo em “Operação Cavalo de Tróia”, infiltrado em suas fileiras, disfarçado de líder religioso, a fomentar a intolerância religiosa, a transferência da responsabilidade de cada fiel para os “encostos” e o fanatismo ironicamente materialista (a exemplo da pejorativamente apelidada “Teologia da Prosperidade”). Qualquer credo negativo, que pode fazer o mal a alguém por meio da apologia do extremismo, não deve ser chamada de religião.
Existem várias religiões, provenientes de diversas culturas e épocas, e no Ocidente, originárias de diversas interpretações da Bíblia. Sem entrar no mérito que as palavras da Bíblia foram escritas por médiuns falíveis, transliteradas, traduzidas e distorcidas, conforme o interesse dos impérios teológicos e seus concílios e das conveniências políticas, que seria assunto para outro momento.
Também sem desejar filosofar demais, Deus não é definido, nem padronizado por nenhuma regra. Portanto, a expressão “religar a Deus” também se torna muito subjetiva, já que a percepção de Deus é algo de foro íntimo, estritamente pessoal. Alguns acreditam que Deus é como um ser humano invisível, super poderoso, emocional e vingativo e alguns até acreditam que usa barba. Outros vislumbram na Deidade a própria natureza[1] macro e microcósmica, manifestação justa e impessoal das Leis Naturais, não apenas as Leis da Física, como também os princípios da Ética Cósmica e os mecanismos calibradores do karma e do dharma em toda e qualquer dimensão, nível de densidade ou multiverso.
Isso também não importa, há algo em comum com que todos concordam: Deus é amor. Por sua vez caímos em outra subjetividade, pois o conceito de amor também varia, mas as coisas em comum que todos concordam e que o integram seriam: a paz, o bem, a harmonia, o equilíbrio, o perdão, a serenidade, o conforto – um amor universal, absoluto, impessoal, fraterno, desinteresseiro, incondicional.
Então, a religião é para nos religarmos a Deus, ou seja, para nos religarmos ao amor universal, ou ainda melhor, para nos religarmos ao conjunto de valores e princípios cosmoéticos, relacionados à paz, ao bem, à harmonia, ao perdão, ao conforto, à fraternidade, à comunhão.
Seria de se esperar, por consequência lógica, que aquele que procura e pratica a religião, também procurasse a prática dessas virtudes, o que não acontece de fato. O perdão “setenta vezes sete” foi esquecido. O “amar ao próximo como a ti mesmo” jamais foi iniciado. Fazem-se guerras em nome de Deus, jogam-se bombas, trucidam-se criancinhas inocentes, proferem-se maledicências e ofensas morais, censuras sociais as mais diversas, de punições corporais ao escracho.
O ser humano projeta seus mais instintos baixos na seara do sagrado, que deveria despertar o que existe de mais luminoso na condição humana, mas se transforma em expressão de primitivismo, principalmente do ódio, no reflexo da sombra humana que escapa ao exercício do autoconhecimento e auto enfrentamento.
Saindo desta escala maior, vemos religiosos brigando por causa de expressões bíblicas em manifestações antirreligiosas de fanatismo incauto. A religião é um meio, uma ferramenta temporária para acelerar a senda para o Criador. Os fanáticos esquecem o fim (aproximar-se de Deus) e se fixam no meio (a religião[2]). Assim o ódio de seus umbigos predomina.
Se alguém odeia outra religião (por exemplo, porque esta é reencarnacionista), é porque não está preocupado o suficiente com o próprio bem-estar espiritual, com o desempenho da própria missão de vida, com o estudo e a prática sensata de sua religião, em como aprender a perdoar e a fazer o bem. Prefere se concentrar em atacar a livre opção dos outros, fugindo do enfrentamento das suas próprias fragilidades psíquicas e incoerências comportamentais.
Eles devem se perguntar: “Se ninguém me atacou, por que me sinto ofendido por correntes de pensamento que não são iguais às minhas”? “Se tenho convicção da validade dos princípios e dogmas de minha religião, por que preciso demonstrar aos outros a autenticidade do meu credo?”
Há diversos tipos de manifestação de ódio, desde as mais violentas (as guerras assumidas) até as mais sutis (os preconceitos e as zombarias). Há preconceito de raça, sexo, idade, cultura, situação financeira, status social, aparência física e principalmente religião. Há até racismo espiritual e ufológico, pois existe gente que admite um certo estereótipo de espírito ou extraterrestre, mas outro não[3]. Preconceito é prova de ódio e ódio não é amor, não é religião e não expressa os ditames de Deus!
As pessoas estão mais preocupadas em converter os outros, às vezes à força, do que em converterem a si mesmas! Só há uma resposta: o ódio cega.
Se a religião leva ao ódio, é melhor não ter nenhuma. Abandone todos os autores, livros, Bíblias, doutrinas, espíritos, Evangelhos, templos, cultos, igrejas, lojas, institutos, grupos e louvores. Vá praticar o amor universal!
Por que as pessoas não fazem isso? Porque é mais fácil e cômodo se reunir, louvar, orar, gritar, ler passagens doutrinárias ao pé da letra e ouvir líderes eloquentes do que vivenciar a reforma moral e consciencial íntima, que dá muito trabalho, mas transforma o ser em direção à legítima prática do amor universal. As pessoas se preocupam com o rótulo e não com o recheio. São orgulhosas e se dizem cristãs.
Dão esmola para desencargo de consciência, doam o dízimo para pressionar Deus por aumento salarial, pregam o plástico com o nome de Jesus no carro, livro religioso embaixo do braço e vão enfeitados desfilar na praça, em exercício de autoengano e hábito social. É uma pena que o recheio esteja podre, pois o coração contém pimenta e está cheio de ódio.
Jesus “não sai da boca”, mas cadê o perdão? Jesus “não sai da garganta”, mas onde está a fraternidade? O ódio e a arrogância cegam!
Pelo princípio básico e científico da Psicologia, quem muito tenta convencer os outros de algo, demonstra que deseja se convencer, convencendo os demais. É outro fato que os mais exaltados devem atentar.
Quanto menos informação você tem, mais ignorante você é. Quanto menos você lê, menos informação você possui. Informação posta em prática é evolução acelerada. Quem lê, sabe mais, aprende a raciocinar melhor, desenvolve argumentos relevantes, questionamentos inteligentes, insights úteis e, aos poucos, vai descobrindo a ciência e a espiritualidade da simetria e da coerência.
A maioria esmagadora das pessoas tem extrema dificuldade de exercitar o autoconhecimento e a dialética, de lidar com a Lógica e a Matemática. É um dos pontos cruciais, entre outros, que tornam inevitável perguntar-se como podem raciocinar com profundidade. Embora a intelectualidade não seja discernimento consciencial, pelo menos o cidadão que raciocina tende a se desfanatizar e, se desejar, conseguirá ponderar.
O advogado de defesa, estuda todas as possibilidades dos argumentos da acusação. O promotor de Justiça, estuda todas as possibilidades de argumento da defesa. Leviano é aquele que argumenta contra o que não conhece. Faz apenas o ridículo papel de expor, com orgulho, sua ignorância e desapreço pela dignidade própria e alheia.
Um argumento deve possuir bases lógicas, uma premissa maior (ponto de partida) e uma premissa menor (apoio) para evidenciar validade, conforme o silogismo que alicerça, por exemplo, uma dissertação de Mestrado.
Estamos no século XXI, Era da Ciência e da Racionalidade. A Física Quântica já teoriza esboços de paralelos com as religiões e filosofias orientais[4]. A Transcomunicação Instrumental, ainda insossa, tenta se comunicar com os espíritos, na esperança de um dia se tornar ciência legitimada pelo cânone acadêmico, enquanto aguarda tecnologia intrafísica mais eficaz. A Conscienciologia, em estágio embrionário, busca sair do raso da percepção da realidade extrafísica e adquirir respeitabilidade da comunidade universitária.
Não há força que segure a verdade. Os dogmas absolutos e o exclusivismo doutrinário estão em extinção. Sustentam-se apenas nos pilares da ignorância e da soberba humanas. Todas as religiões criaram seus dogmas, sejam assumidos, como na católica, ou de diversas outras formas dissimuladas e maliciosas, sempre se cristalizando em conjunto estático de livros, autores ou doutrina, absolutamente imutáveis.
Se tudo muda, tudo evolui, por que uma religião, um dogma, uma doutrina não podem mudar? A Terra gira no espaço e não dá nem uma paradinha para “recreio”. A evolução é infinita e perene. Antes de ler a Bíblia e repetir suas expressões igual a um papagaio, leia mil livros variados e extraia deles suas próprias conclusões. Após o milésimo, talvez esteja preparado para tentar captar melhor a essência das Escrituras Bíblicas.
Seu microuniverso consciencial, sua vida e seu mundo dependem dos níveis de sua percepção. As pessoas possuem percepções diferentes. Imagine, na época de Einstein, se todos possuíssem a mesma percepção? Einstein seria tão limitado e igual a todos os outros e não teria descoberto a Teoria Geral da Relatividade. Mas ele possuía uma percepção mais ampla e viu o que muitos cientistas demoraram vinte anos a enxergar com os próprios olhos. Se não fosse a percepção avançada de Thomas Alva Edison, talvez estivéssemos no escuro até hoje. E o que falta nos fanáticos é isto: percepção ampliada da realidade e adaptabilidade a intuições inovadoras e descobertas revolucionárias.
No ano 30 d.C. apareceu um sujeito[5] com uma percepção avançada sobre fraternidade e verbalizou ensinamentos maravilhosos imortalizados no Novo Testamento. A maioria de nós (eu me incluo) ainda não entendeu e não conseguiu vivenciar o amor universal na prática. Imagine, isso faz dois mil e oito anos e hoje, aqui e agora, a nossa percepção ainda é tão falha e tosca, por mais intelectualidade que tenhamos! São os paradigmas pessoais e sociais, impedindo o deslanchar da evolução.
Como muitas pessoas são medíocres e mesquinhas, brigando por mazelas insignificantes, por um trocado, pelo troco na mesa do bar, por uma parábola bíblica, por um arranhão no carro, por um xingamento de um estranho, por questiúnculas religiosas, por ideias diferentes, por uma “fechada” no trânsito.
A religião, não importa qual seja, importa como você a pratica. Não interessa se abraçamos uma causa espiritualista ou materialista nobre. Interessa se abraçamos uma causa com nobreza de espírito. A doutrina não importa qual seja. Importa o amor que você vivencia por meio dela. Quem tem certeza, sente segurança, vive com a consciência em paz, possui fé verdadeira e cultiva alguma compaixão, não briga, não impõe e não se zanga por pouca coisa.
Para ampliar a própria percepção, o melhor caminho é a humildade: para ampliar o intelecto, basta ler e estudar com afinco, mas só com o intelecto o indivíduo não sente, não capta, não percebe e se torna apenas um teórico enciclopédico. Quando o indivíduo é humilde (sobriedade existencial), aprende com as outras pessoas e abre os canais dos sentimentos elevados. Desenvolve a sabedoria para praticar com eficácia o conhecimento adquirido.
Sempre há alguém com mais percepção do que nós para nos ensinar em alguma temática ou campo do conhecimento. Se bem que podemos aprender com qualquer um, até mesmo com pessoas que sabem menos que nós. Essa é a experiência prática que trago após 12 anos de sala de aula como professor.
A minha percepção me diz:
- Não foque nos rótulos – invista no recheio;
- Evite o ego – prefira a humildade;
- Aprenda com os livros – mas não se esqueça de aprender com as pessoas;
- Trilhe a intelectualidade e a lógica – mas jamais abandone o caminho do coração;
- Veja menos TV e rádio – prefira ler mais;
- Faça a tarefa do esclarecimento em alto nível – mas não abandone a consolação;
- Seja ecológico e defenda a natureza – evite roupas e objetos de couro e a carne vermelha se isto faz bem a você;
- Jamais tente impor suas ideias – exponha-as, se convidado;
- É preferível o recolhimento e o silêncio prático – à exposição teórica;
- Se o debate ficou exaltado – retire-se e leve “desaforo” para casa.
Faça seu trabalho espiritual de cabeça erguida, com dignidade. Quando ouvir críticas, extraia dela o que houver de útil ao seu melhoramento e, ao mesmo tempo, aproveite o ensejo para produzir mais ainda. Sorria para todos, seja gentil e cordial, evite a arrogância e a “rabugice”, cultive o bom humor e a serenidade, não tenha medo de ser criança e não confunda malícia e sarcasmo com maturidade e lucidez, espirituosidade com escárnio, seriedade com sisudez.
Sabem o que nós somos? Não temos nem praticamos nenhuma religião, não temos credo, doutrina ou filosofia, não somos ateus, agnósticos ou cristãos. Gostamos de Krishna sem sermos hinduístas ou hare krishna, de Buda sem sermos budistas, de Jesus sem sermos cristãos, dos serenões sem sermos conscienciólogos, etc. Não somos nada, respeitamos tudo e pisamos em qualquer lugar saudável, sem medo e sem preconceito, pois preferimos o universalismo de livres pensadores.
Onde houver uma alma, nós podemos servir, onde houver algum amor, podemos aprender. Nós somos Dalton, Andréa e alguns amigos espirituais, oferecemos esta conclusão a todas as pessoas que buscam o verdadeiro universalismo e também aos exaltados e fanáticos. Em relação a estes, não esperamos que este texto os toques ou que eles sequer o compreendam. Quem possui nível de percepção reduzido pelo ego estufado, não capta sentimentos elevados, engessa a capacidade de ponderação.
Que Deus nos ilumine a todos! Nós, queiramos ou não, somos irmãos em Cristo, em Buda, em Krishna, em Gandhi, em São Francisco de Assis, em Sai Baba, em Chico Xavier, etc.
[1] Nós os autores compartilhamos desta interpretação.
[2] A religião sem Deus é apenas uma manifestação egoísta, como qualquer outra.
[3] Como exemplo, há os que aceitam o espírito do doutor desencarnado, mas renegam o preto velho, ambos consciências extrafísicas, irmãos e filhos de Deus.
[4] O Tao da Física, Fritjof Capra, Ed. Cultrix, São Paulo.
[5] Jesus Cristo.
Dalton é escritor, poeta, cronista, contista, jornalista do astral, médium e humorista incorrigível da consciência. Sente uma saudade imensa de seu planeta em Sírius B e está ansioso para ser “puxado” pelo planeta Chupão. Ele alega com bom humor: “Não quero ficar com os ‘evoluídos’.” Autor de 41 obras independentes, sendo 5 sobre informática e 36 sobre espiritualidade e consciência, mas sem religião. Engenheiro Civil, pós-graduado em Educação em Valores Humanos (inspirado em Sathya Sai Baba) e Estudos da Consciência com ênfase em Parapsicologia. E, como ele sempre diz: “Me ame quando eu menos merecer, pois é quando mais preciso.”
Livros impressos – https://livros.consciencial.org
E-books – https://ebook.consciencial.org/
Cursos, áudios, meditações, práticas – https://cursos.consciencial.org
Seu livro publicado – https://seulivropublicado.com.br
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