CRÔNICAS DE PROJEÇÃO ASTRAL

Estou no litoral do Rio de Janeiro, Lagoa da Região dos Lagos, é domingo cedo de janeiro de 2015. Coloquei meu velho MP3 de 1 Gigabyte (lembra-se dele? Kkk) embaixo do boné para não precisar segurá-lo no colo, os fones nos ouvidos e estou saboreando músicas New Age sentado numa cadeira de praia, numa das praias da lagoa em São Pedro da Aldeia, RJ.

Como é bem cedo, está quase vazio, lindo dia, olho para o horizonte da lagoa encontrando-se com as nuvens e imagino uma projeção consciente…

Como seria bom uma projeção lúcida, muito lúcida, com 100% de lucidez, rasante nas águas salgadas da lagoa em alta velocidade indo em direção ao alto mar….

Ah, estas músicas me fazem sonhar…

Minha veia de poeta e escritor me lançam as nuvens da alma.

Prometi a mim mesmo jamais esquecer minha insignificância diante de toda essa magnificência para que minha arrogância não me envergonhe mais. Mas não importa, estou sonhando acordado agora…

Não preciso de muito para “viajar”, basta uma bela música, respirar fundo, relaxar a mente, abrir o coração e deixar a alma fluir…

Estou numa sombra tranquila, relaxando de férias. Embora eu possa imaginar e desejar profundamente, enquanto escrevo estes garranchos manuscritos no smartphone, não consigo sair do corpo e deixar a massa de carne na cadeira de praia.

Ah, como sou egoísta e vaidoso! Almejo os fins sem passar pelos meios do esforço próprio. Foco apenas no fenômeno e esqueço a consciência e da transformação íntima! Sair do corpo é fácil de um jeito ou de outro, o difícil é a lucidez e a qualidade consciencial da projeção.

Turismo todo mundo quer, dentro ou fora do corpo, mas o esforço da prática e disciplina eternas ou a transformação moral nós não desejamos.

Não sei porque escrevo isto, eu sou igual a você, preguiçoso, negligente, buscador de atalhos, focado mais nos fenômenos que na autotransformação moral íntima.

Ah, lidar com a droga do próprio ego não é fácil. As doutrinas ajudam a motivar-nos e a procurar uma referência evolutiva, encontrar um centro mental, mas também nos estagnam por causa dos estereótipos grupais, os modelos padronizados. As doutrinas são os empurrões, também são o entrave, os egos são os empurrões, também são o entrave, os grupos evolutivos são empurrões, mas também são o entrave. Todos são muletas evolutivas temporárias nos auxiliando e nos atrapalhando em diversos contextos complexos.

Ah, eu quero me projetar para fora de meu corpo – esta é a motivação do ego pelo fenômeno e assim busco algo que indiretamente me lança mais adentro dos conhecimentos da consciência. Um procura a religião e também adentra a consciência, outro procura o grupo evolutivo e por aí vai.

E eu aqui, insignificante, sonhando, querendo me projetar e até fugindo da consciência. Eu, como você, procuro a projeção astral, procuro clarividência, tento ver / ler as auras, tento encontrar alma gêmea romântica – ou melhor “tesão” gêmea – e o recheio de minha alma, meu “eu” fica vazio, perdido por dentro!

Sim, somos humanos, primatas, meros aprendizes da vida, do amor e da evolução, que pelo atrito da dor ou a suavidade do amor aprendemos, mas principalmente que aprendamos a aprender para aprender a evoluir consciencialmente.

Que a paz esteja com você!

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