VIAGEM ASTRAL SEGUNDO ALLAN KARDEC - EMANCIPAÇÃO DA ALMA

VIAGEM ASTRAL SEGUNDO ALLAN KARDEC – EMANCIPAÇÃO DA ALMA

Vejo alguns espíritas desinformados que sequer leram o livro fundamental da religião que defendem com total intransigência incauta: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

Eles dizem que “Viagem Astral” não tem nada a ver com espiritismo!

Há um capítulo inteiro no Livro dos Espíritos dedicado a Viagem Astral que pode receber diversos sinônimos como Projeção da Consciências, Experiência Fora do Corpo ou Emancipação da Alma.

Então resolvi postar tal capítulo inteiro aqui ipsis literis para poder citar o link em debates e discussões com essa galera “bem informada” e inflexível.

Tais questões vão desde a pergunta número 400 até a 430, aproveite!


Capítulo VIII

Emancipação da Alma

1. O Sono e os Sonhos.
2. Visitas Espirituais entre Pessoas Vivas.
3. Transmissão Oculta do Pensamento.
4. Letargia. Catalepsia. Mortes Aparentes.
5. Sonambulismo.
6. Êxtase.
7. Segunda Vista.
8. Resumo Teórico do Sonambulismo, do Êxtase e da Segunda Vista.


O Sono e os Sonhos

400. O Espírito encarnado permanece de bom grado sob seu envoltório corporal?

“É como se perguntasses se ao prisioneiro agrada estar encarcerado. O Espírito encarnado aspira, incessantemente, à libertação e, quanto mais grosseiro é
seu envoltório, mais deseja dele se livrar.”

401. Durante o sono, a alma repousa como o corpo?

“Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, os laços que o unem ao corpo estão relaxados e, como o corpo não está necessitando dele, ele percorre o
espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.”

402. Como podemos julgar da liberdade dos Espíritos durante o sono?

“Através dos sonhos. Acredita-o: quando o corpo repousa, o Espírito possui mais faculdades do que no estado de vigília; tem a lembrança do passado e, algumas vezes, a previsão do futuro; adquire maior potência e pode comunicar-se com os outros Espíritos, quer deste mundo, quer de um outro. Dizes, com freqüência: tive um sonho estranho, um sonho horrível, mas que não tem verossimilhança alguma; tu te enganas; freqüentemente, é uma lembrança dos lugares e das coisas que viste ou verás, numa outra existência ou num outro momento.

O corpo estando adormecido, o Espírito tenta quebrar suas correntes, pesquisando no passado ou no futuro. Pobres homens, como conheceis pouco os fenômenos mais comuns da vida! Julgais-vos muito sábios e as coisas mais vulgares vos confundem; a estas Emancipação da Alma perguntas que todas as crianças fazem:

O que fazemos quando dormimos?
O que são os sonhos?

Ficais embaraçados. O sono liberta, parcialmente, a alma do corpo. Quando dormimos, ficamos, durante certo tempo, no estado em que nos encontraremos, de uma maneira fixa, depois da morte.

Os Espíritos que rapidamente se desligaram da matéria, por ocasião de sua morte, tiveram sonos inteligentes; esses, quando dormem, juntam-se à sociedade dos outros seres superiores a eles; com eles viajam, conversam e se instruem; trabalham mesmo em obras que, ao morrerem, acham-se inteiramente concluídas. Isto deve vos ensinar, ainda uma vez, a não temer a morte, visto que morreis todos os dias, segundo a palavra de um santo.

Isto, para os Espíritos elevados; mas, quanto à massa dos homens que, por ocasião da morte, têm de permanecer longas horas nessa perturbação, nessa incerteza de que já vos falaram, estes vão, ora para mundos inferiores à Terra, onde antigas afeições os chamam, ora em busca dos prazeres talvez ainda mais baixos do que aqueles que aqui têm; vão haurir doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais nocivas do que as que professam no vosso meio.

E o que engendra a simpatia na Terra não é outra coisa senão o fato de nos sentirmos, ao despertar, ligados pelo coração com quem acabamos de passar oito ou nove horas de felicidade ou de prazer.

O que também explica essas antipatias invencíveis é que sabemos, no fundo do nosso coração, que essas pessoas têm uma consciência diversa da nossa, porque nós as conhecemos sem jamais tê-las visto com os olhos. É ainda o que explica a indiferença, visto que não se procura fazer novos amigos, quando se sabe que existem outros que nos amam e nos querem.

Numa palavra, o sono infl ui, sobre a vossa vida, mais do que imaginais. Graças ao sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos, e é isto o que faz com que os Espíritos superiores consintam, sem muita repulsa, em encarnar entre vós. Deus quis que, durante o contato deles com o vício, eles pudessem ir se retemperar na fonte do bem, para eles próprios não falirem, eles que tinham vindo para instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu, para irem em direção a seus amigos do céu; é a recreação após o trabalho, enquanto aguardam a grande libertação, a liberação fi nal, que deve restituí-los ao meio que lhes é próprio.

O sonho é a lembrança do que o vosso Espírito viu, durante o sono; mas observai que não sonhais sempre, porque nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que vistes. É vossa alma que não está em toda sua potência; freqüentemente, é apenas a lembrança da perturbação que acompanha vossa partida ou vossa chegada, a que se soma o que fizestes ou o que vos preocupa no estado de vigília; sem isto, como explicaríeis esses sonhos absurdos que têm os mais sábios, assim como os mais simples? Os maus Espíritos também se servem dos sonhos para atormentar as almas fracas e medrosas.

Aliás, dentro em pouco, vereis vulgarizar-se uma outra espécie de sonhos; ela é tão antiga quanto a que conheceis, mas a ignorais. O sonho de Joana, o sonho de Jacó, o sonho dos profetas judeus e de alguns adivinhos indianos: este Capítulo VIII sonho é a lembrança da alma inteiramente desligada do corpo, a recordação dessa segunda vida de que vos falava ainda há pouco.

Procurai distinguir bem essas duas espécies de sonhos entre aqueles de que vos lembrais; sem isso, cairíeis em contradições e em erros que seriam funestos à vossa fé.”

Os sonhos são o produto da emancipação da alma, que se tornou mais independente pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí, uma espécie de clarividência indefinida que se estende aos lugares mais afastados ou que nunca se viram e, algumas vezes, até outros mundos. Daí, também, a lembrança que traz à memória os acontecimentos efetuados na existência presente ou nas existências anteriores; as estranhas imagens do que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, entremeadas com as coisas do mundo atual, formam esses conjuntos singulares e confusos que parecem não ter sentido ou ligação.

A incoerência dos sonhos se explica, ainda, pelas lacunas que produz a lembrança incompleta do que nos apareceu em sonho. Seria, assim, como uma narrativa da qual tivessem truncado, ao acaso, frases ou partes de frases: os fragmentos restantes, sendo reunidos, não teriam qualquer signifi cado racional.

403. Por que não nos lembramos sempre dos sonhos?

“No que chamas de sono, só há o repouso do corpo, pois o Espírito está sempre em atividade; aí, ele recobra um pouco de sua liberdade e se corresponde com os que lhe são caros, quer neste mundo, quer em outros; porém, como o corpo é uma matéria pesada e grosseira, difi cilmente, conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque este não as percebeu através dos órgãos do corpo.”

404. O que se deve pensar do signifi cado atribuído aos sonhos?

“Os sonhos não são verdadeiros como o entendem os ledores de sorte, pois é absurdo acreditar que sonhar com tal coisa, anuncia aquela outra. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens reais para o Espírito, mas que, freqüentemente, não têm relação com o que se passa na vida corporal; com freqüência, também, como já o dissemos, é uma recordação; pode ser, enfi m, algumas vezes, um pressentimento do futuro, permitido por Deus, ou a visão do que se passa, naquele momento, num outro lugar a que a alma se transporta.

Não tendes numerosos exemplos de pessoas que aparecem, em sonho, e vêm advertir seus parentes ou seus amigos do que está acontecendo com elas? O que são essas aparições, senão a alma ou Espírito dessas pessoas que vêm se comunicar com o vosso? Quando tendes a certeza de que o que vistes realmente aconteceu, não estará aí uma prova de que não foi simples imaginação, principalmente, se aquilo não passava, absolutamente, pelo vosso pensamento, durante a vigília?”

405. Freqüentemente, vêem-se, em sonho, coisas que parecem pressentimentos e que não se confi rmam; de onde isto se origina?

“Elas podem confi rmar-se para o Espírito, e, não, para o corpo, quer dizer, que o Espírito vê aquilo que deseja porque vai ao seu encontro. É preciso não esquecer que, durante o sono, a alma está sempre, mais ou menos, sob a infl uência da matéria e que, por conseguinte, nunca se liberta completamente das idéias terrenas; daí resulta que as preocupações da vigília podem dar, ao que se vê, a Emancipação da Alma aparência do que se deseja, ou do que se teme; aí está, verdadeiramente, o que se pode chamar de um efeito da imaginação. Quando se está fortemente preocupado com uma idéia, tudo o que vemos ligamos a ela.”

406. Quando vemos, em sonho, pessoas vivas, que conhecemos perfeitamente, praticarem atos de que absolutamente nem cogitam, não seria isso um
efeito de pura imaginação?

“De que absolutamente nem cogitam, o que sabes sobre isto? Seus espíritos podem vir visitar o teu, como o teu pode visitar os delas e nem sempre sabes em que pensam. E, aliás, freqüentemente, também, atribuís a pessoas que conheceis e de acordo com os vossos desejos, o que aconteceu ou o que acontece em outras existências.”

407. O sono completo é necessário para a emancipação do Espírito?

“Não; o Espírito recobra a sua liberdade, quando os sentidos se entorpecem; ele aproveita, para emancipar-se, todos os instantes de trégua que o corpo lhe dá. Desde que haja prostração das forças vitais, o Espírito se desprende e, quanto mais fraco for o corpo, mais livre é o Espírito.” É assim que a sonolência ou um simples torpor dos sentidos apresenta, freqüentemente, as mesmas imagens do sonho.

408. Parece-nos, algumas vezes, ouvir em nós mesmos, palavras pronunciadas, distintamente, e que não têm relação alguma com aquilo que nos preocupa.
De onde isto se origina?

“Sim, e até frases inteiras, principalmente, quando os sentidos começam a se entorpecer. É, algumas vezes, um fraco eco de um Espírito que quer se comunicar contigo.”

409. Freqüentemente, num estado que ainda não é o de sonolência, quando estamos com os olhos fechados, vemos imagens distintas, fi guras cujos detalhes
mais minuciosos apreendemos; será isto um efeito de visão ou de imaginação? “

O corpo estando entorpecido, o Espírito procura quebrar suas correntes; transporta-se e vê; se o sono fosse completo, isto seria um sonho.”

410. Têm-se, algumas vezes, durante o sono ou a sonolência, idéias que parecem muito boas e que, apesar dos esforços que se fazem para retê-las, elas
se apagam da memória; de onde vêm estas idéias?

“Elas são o resultado da liberdade do Espírito, que se emancipa e goza de mais faculdades, durante esse momento. São, freqüentemente, também, conselhos que outros Espíritos dão.”

a) De que servem essas idéias e esses conselhos, visto que se perde a lembrança e deles não se pode tirar proveito?

“Essas idéias pertencem, algumas vezes, mais ao mundo dos Espíritos do que ao mundo corporal; porém, geralmente, se o corpo esquece, o Espírito se lembra e a ideia volta, no momento necessário, como uma inspiração do momento.”

411. O Espírito encarnado, nos momentos em que está desprendido da matéria e age como Espírito, sabe a época de sua morte?

“Freqüentemente, ele a pressente; algumas vezes, disso tem a consciência bem nítida e é o que, no estado de vigília, lhe dá a intuição; daí resulta que certas pessoas preveem, por vezes, sua morte, com uma grande exatidão.”

412. A atividade do Espírito, durante o repouso ou o sono do corpo, pode ocasionar a fadiga deste último?

“Sim, pois o Espírito se mantém preso ao corpo, como o balão cativo se mantém preso à estaca; ora, assim como as sacudidelas do balão abalam a estaca, a atividade do Espírito reage sobre o corpo e pode fazê-lo experimentar a fadiga.”

413. Do princípio da emancipação da alma, durante o sono, parece resultar que temos uma dupla existência simultânea: a do corpo, que nos dá a vida de relação exterior, e a da alma, que nos dá a vida de relação oculta; isto é exato?

“No estado de emancipação, a vida do corpo cede à vida da alma; porém, não são, propriamente falando, duas existências; são, antes, duas fases da mesma existência, pois o homem não vive duplamente.”

414. Duas pessoas que se conhecem podem visitar-se durante o sono?

“Sim, e muitas outras que julgam não se conhecer, reúnem-se e se falam. Podes ter, sem que o suspeites, amigos num outro país. O fato de ir ver, durante o sono, amigos, parentes, conhecidos, pessoas que podem vos ser úteis, é tão freqüente, que vós mesmos o fazeis, quase todas as noites.”

415. Qual pode ser a utilidade destas visitas noturnas, já que delas não nos lembramos?

“Comumente, dela fi ca uma intuição ao despertar e, freqüentemente, originam certas idéias que vêm, espontaneamente, sem que se possa explicá-las e que não são outras senão as que se adquiriram nessas conversações.”

416. O homem pode, pela sua vontade, provocar as visitas espirituais? Pode, por exemplo, dizer, ao preparar-se para dormir: esta noite, quero me encontrar, em
Espírito, com tal pessoa, falar-lhe e dizer-lhe tal coisa?

“Eis o que acontece. O homem adormece, seu Espírito desperta e aquilo que o homem havia resolvido, o Espírito está, freqüentemente, bem longe de seguir, pois a vida do homem pouco interessa ao Espírito desligado da matéria. Isto para os homens já bastante elevados. Os outros passam de maneira muito diversa sua existência espiritual; entregam-se às suas paixões ou permanecem na inatividade. Pode, portanto, acontecer que, conforme sua motivação o predisponha, o Espírito vá visitar as pessoas que deseja; mas, pelo fato de ter vontade, quando desperto, não há razão para que o faça.”

417. Um certo número de Espíritos encarnados pode se reunir e formar assembléias?

“Sem dúvida alguma; os laços de amizade, antigos ou novos, freqüentemente reúnem, assim, diversos espíritos, felizes por estarem juntos.” Pela palavra antigo, é preciso entender os laços de amizade contraídos em outras existências anteriores. Ao despertar, trazemos uma intuição das idéias que haurimos nessas conversações ocultas, mas ignoramos-lhes a fonte.

418. Uma pessoa que julgasse morto um de seus amigos, embora não o estivesse, poderia encontrar-se com ele, em Espírito, e saber, assim, que ele estava
vivo? Poderia, neste caso, ter a intuição disto, ao despertar?

“Como Espírito, ela pode, certamente, vê-lo e conhecer sua situação; se não lhe tiver sido imposto, como prova, crer na morte de seu amigo, ela terá um pressentimento de sua existência, como poderá ter o de sua morte.”

419. Qual a causa de uma mesma ideia, a de uma descoberta, por exemplo, se produzir em vários pontos, ao mesmo tempo?

“Já dissemos que, durante o sono, os Espíritos se comunicam entre si; pois bem! Quando o corpo desperta, o Espírito se lembra do que aprendeu e o homem acredita tê-lo inventado. Assim, muitos podem, simultaneamente, descobrir a mesma coisa. Quando dizeis que uma idéia está no ar, é uma fi gura mais justa do que supondes; cada um contribui para propagá-la, sem o suspeitar.”

Desse modo, nosso Espírito revela freqüentemente, ele próprio, a outros Espíritos e sem nosso conhecimento, o que constituía o objeto de nossas preocupações, durante a vigília.

420. Os Espíritos podem se comunicar, se o corpo estiver completamente desperto?

“O Espírito não se acha encerrado no corpo, como numa caixa: ele irradia à sua volta; é por isso que pode comunicar-se com outros Espíritos, mesmo no estado de vigília, embora o faça mais difi cilmente.”

421. Como se explica que duas pessoas, perfeitamente despertas, tenham, com freqüência, instantaneamente, o mesmo pensamento?

“São dois Espíritos simpáticos que se comunicam e vêem, reciprocamente, seu pensamento, mesmo quando o corpo não dorme.” Há, entre os Espíritos que se encontram, uma comunicação de pensamentos que faz com que duas pessoas se vejam e se compreendam, sem necessitarem dos sinais exteriores da linguagem. Poder-se-ia dizer que falam a linguagem dos Espíritos.

422. Geralmente, os letárgicos e os catalépticos vêem e ouvem o que se passa em torno deles, mas não podem manifestá-lo; será pelos olhos e pelos ouvidos
do corpo que têm as percepções?

“Não, é pelo Espírito; o Espírito se reconhece, mas não pode comunicar-se.”

a) Por que ele não pode comunicar-se?

“O estado do corpo a isso se opõe; esse estado particular dos órgãos vos dá a prova de que há, no homem, outra coisa além do corpo, visto que o corpo não funciona mais; o Espírito, porém, age.”

423. Na letargia, o Espírito pode se separar inteiramente do corpo, de maneira a dar-lhe todas as aparências da morte e a ele retornar, depois?

“Na letargia, o corpo não está morto, visto que há funções que se efetuam; a vitalidade dele se encontra em estado latente como na crisálida e, não, aniquilada; ora, o Espírito está unido ao corpo, enquanto este vive; uma vez rompidos os laços, pela morte real e a desagregação dos órgãos, a separação é completa e o Espírito a ele não mais retorna. Quando um homem que tem as aparências da morte, retorna à vida, é que a morte não era completa.”

424. Pode-se, através de cuidados dispensados em tempo útil, reatar laços prestes a se romper e fazer voltar à vida um ser que, por falta de socorro, estaria
defi nitivamente morto?

“Sim, sem dúvida, e disso tendes a prova, todos os dias,. O magnetismo, neste caso, representa, freqüentemente, um poderoso meio, porque restitui ao corpo o fl uido vital que lhe falta e que era insufi ciente para manter o funcionamento dos órgãos.”

A letargia e a catalepsia têm o mesmo princípio, que é a perda momentânea da sensibilidade e do movimento, por uma causa fi siológica ainda inexplicada; elas diferem no sentido de que, na letargia, a suspensão das forças vitais é geral e dá ao corpo todas as aparências da morte; na catalepsia, ela é localizada e pode afetar uma parte mais ou menos extensa do corpo, de maneira a deixar a inteligência livre para se manifestar, o que não permite confundila com a morte. A letargia é sempre natural; a catalepsia é, algumas vezes, espontânea, mas pode ser provocada e interrompida, artifi cialmente, pela ação magnética.

425. O sonambulismo natural tem relação com os sonhos? Como se pode explicá-lo?

“É uma independência da alma, mais completa do que no sonho e, então, suas faculdades fi cam mais desenvolvidas; ela tem percepções que não tem no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, o Espírito se acha na posse plena de si mesmo; os órgãos materiais, estando de alguma forma em estado de catalepsia, não recebem mais as impressões exteriores. Este estado se manifesta, principalmente, durante o sono; é o momento em que o Espírito pode deixar, provisoriamente, o corpo, porque este está entregue ao repouso indispensável à matéria. Quando os fatos de sonambulismo se produzem, é porque o Espírito, preocupado com uma coisa ou outra, entrega-se a uma ação qualquer que necessita da utilização de seu corpo, do qual se serve, então, de uma forma análoga ao uso que ele faz de uma mesa ou de qualquer outro objeto material, no fenômeno das manifestações físicas, ou mesmo da vossa mão, no das comunicações escritas. Nos sonhos de que se tem consciência, os órgãos, inclusive os da memória, começam a despertar; estes recebem imperfeitamente as impressões produzidas pelos objetos ou causas externas e as comunicam ao Espírito que, então, também em repouso, delas apenas percebe sensações confusas e freqüentemente desordenadas e sem nenhuma razão de ser aparente, misturadas que estão com vagas lembranças, seja desta existência, seja de existências anteriores. É fácil, então, compreender por que os sonâmbulos nenhuma recordação guardam, e por que os sonhos, de que se conserva a memória, na maioria das vezes, não têm sentido algum. Digo na maioria das vezes, pois também acontece serem a conseqüência de uma recordação precisa de acontecimentos de uma vida anterior e, algumas vezes até, uma espécie de intuição do futuro.”

426. O sonambulismo chamado magnético tem relação com o sonambulismo natural?

“É a mesma coisa, só que ele é provocado.”

427. Qual a natureza do agente chamado fluido magnético?

“Fluido vital; eletricidade animalizada, que são modificações do fluido universal.”

428. Qual a causa da clarividência sonambúlica?

“Já o dissemos: é a alma quem vê.”

429. Como pode o sonâmbulo ver através dos corpos opacos?

“Só há corpos opacos para os vossos órgãos grosseiros; já não dissemos que, para o Espírito, a matéria não representa um obstáculo, visto que ele a atravessa, livremente? Freqüentemente, ele vos diz que vê pela fronte, pelo joelho, etc., porque vós, inteiramente presos à matéria, não compreendeis que ele possa ver sem o concurso dos órgãos; ele próprio, pelo vosso desejo, acredita necessitar desses órgãos; mas, se o deixásseis livre, ele compreenderia que vê por todas as partes de seu corpo, ou, melhor dizendo, que ele vê de fora do seu corpo.”

430. Já que a clarividência do sonâmbulo é a de sua alma ou de seu Espírito, por que ele não vê tudo e por que se engana com tanta freqüência?

“Primeiramente, não é dado aos Espíritos imperfeitos tudo verem e tudo conhecerem; sabes bem que eles ainda comungam de vossos erros e de vossos preconceitos; e, depois, quando presos à matéria, não gozam de todas as suas faculdades de Espírito. Deus deu ao homem esta faculdade com um fi m útil e sério, e não para informá-lo do que não deva saber; eis por que os sonâmbulos não podem dizer tudo.”

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E para você que pode não acreditar em mim, aqui está o link do livro original para você pesquisar e confirmar por si mesmo: https://www.espiritismo.net/sites/default/files/pages/LE_LD.pdf

4 comentários em “VIAGEM ASTRAL SEGUNDO ALLAN KARDEC – EMANCIPAÇÃO DA ALMA”

  1. Muito oportuna sua colocação sobre a estreiteza de visão dos que se deixam levar por palavras sem atentar para seu significado. Realmente dizer que “viagem astral” não tem nada a ver com a Doutrina Espírita indica ou que a pessoa não sabe o que é “viagem astral”, ou que desconhece pontos básicos da Doutrina, ou ambas as coisas.

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