ACADEMIA INVESTIGA VIVÊNCIAS ESPIRITUAIS E RELIGIOSAS NO PAÍS

ACADEMIA INVESTIGA VIVÊNCIAS ESPIRITUAIS E RELIGIOSAS NO PAÍS

Retirado integralmente de <https://www.otempo.com.br/mobile/interessa/academia-investiga-vivencias-espirituais-e-religiosas-no-pais-1.2669425>

Pesquisa ouviu 1.053 adultos de todas as regiões do Brasil. e 92% já tiveram pelo menos uma experiência

Por ANA ELIZABETH DINIZ – Especial para O TEMPO – Ter, 17/05/22 – 03h00
Foto: Arquivo Pessoal: Maria Cristina Barros é psicóloga e pesquisadora da USP.

Os números falam por si e não foram uma surpresa: 92% de 1.053 pessoas ouvidas tiveram pelo menos uma experiência espiritual e religiosa na vida, e quase 50% relataram ter experiências frequentemente. Este é o resultado da pesquisa realizada, pela primeira vez, em todas as regiões do Brasil, sobre prevalência de Experiências Espirituais e Religiosas (EER), numa parceria entre a Universidade de São Paulo e o Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Há vários anos acompanhando pessoas que relatam experiências espirituais, a psicóloga clínica, Maria Cristina Barros, doutoranda pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, publicou um artigo baseado na tese de doutorado que vai defender no próximo mês e que contou ainda com os pesquisadores Frederico Camelo Leão, Giancarlo Lucchetti, Homero Pinto Vallada Filho e Mário Fernando Prieto Peres.

“Os resultados mostraram uma prevalência muito maior no Brasil. O país é considerado um solo fértil para movimentos religiosos e sincréticos e práticas espirituais que compartilham a crença de uma força, criando um quadro apropriado para apoiar experiências como ‘unidade com Deus’”, avalia a psicóloga.

Segundo ela, a “pesquisa surgiu para dar suporte às pessoas que relatam ter tido experiências espirituais e que sofrem por não encontrar um contexto acolhedor e de não julgamento (fora do universo religioso) que as auxilie a integrar e dar sentido a esses fenômenos, muitas vezes irracionais e anômalos”.

Algumas dessas experiências  “vêm sendo estudadas há muito tempo, tais como as do tipo místico e as experiências relacionadas à morte, como ver, sentir e ouvir pessoas que já morreram”. “E ainda, as experiências de quase morte e as memórias de supostas vidas passadas. Também investigamos experiências que possuem características paranormais como sonhos premonitórios e intuições”, revela Cristina.

Os resultados, ela ressalta, “apontam para experiências subjetivas, que podem ser suaves ou intensas, mas que guardam relação com a dimensão transcendente ou daquilo que é ‘sagrado’ para a pessoa, sendo por elas interpretadas como de natureza espiritual ou religiosa”.

As experiências relatadas podem ser influenciadas pela religiosidade e pela espiritualidade dos experienciadores. “Mas não dependem de crença religiosa para ocorrerem. Sendo uma experiência subjetiva, a maneira como uma pessoa religiosa vai interpretar e dar sentido às EER está relacionada e vai na direção da crença que ela adota. As crenças e o tipo de religiosidade de um experienciador podem ser um fator de auxílio no enfrentamento de algumas experiências mais dramáticas, como, por exemplo, à de uma viúva que vê o ‘espírito’ do marido falecido, ou um sonho premonitório de um acidente”, analisa Cristina.

Mulheres são mais sensitivas

O resultado da pesquisa empreendida pela Universidade de São Paulo em conjunto com o Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora endossou um ponto interessante: o de que as mulheres têm mais experiências espirituais que os homens. “Elas têm 60% mais chances de terem experiências místicas, 80% mais chances de terem experiências de sentir, ver e ouvir espíritos e 60% mais chances de terem experiências de sonhos premonitórios e intuitivas quando comparadas com os homens”, ressalta a psicóloga clínica Maria Cristina Barros.

Pesquisas internacionais anteriores já haviam apontado a prevalência das mulheres nesse tipo de experiência. “Temos que levantar uma hipótese cultural relacionada à maior facilidade da mulher em falar sobre sentimentos e questões subjetivas, reconhecê-los e dar a eles uma importância e significado”, observa Cristina. Além disso, prossegue ela, “as mulheres são mais presentes em centros espíritas e de umbanda e têm mais intimidade com o fenômeno da mediunidade, por exemplo, quando comparadas aos homens”.

Um outro ponto a ser ressaltado é que a pesquisa joga por terra o preconceito de que as experiências espirituais são mais frequentes nas classes economicamente mais desfavorecidas, em pessoas de baixa escolaridade ou mesmo em certas raças.

“Havia (e ainda há) uma teoria da ‘marginalidade’, a percepção de que a adesão a uma crença/prática religiosa ou espiritual serviria como uma espécie de busca por compensação a uma situação e/ou sentimento de inferioridade e estaria associada a populações ‘marginais’ (mulheres, pessoas de baixa escolaridade e renda, ou ainda pessoas com relacionamentos desfeitos)”, infere a psicóloga.

Mas isso não se provou, trazendo luz para “a constatação de essas experiências serem fenômenos naturais e prevalentes em todas as camadas sociais”. “Tivemos associações mais significativas entre EER, gênero e idade, mas não em relação aos demais aspectos sociodemográficos”, finaliza Cristina. (AED)

Números da pesquisa

  • 92% tiveram pelo menos uma EER na vida;
  • 84% relataram experiências místicas (de união com Deus, com o universo ou de que tudo é sagrado);
  • 71.6% usaram a intuição para tomar decisões;
  • 70% relataram sonhos premonitórios;
  • 58% já viram, ouviram ou sentiram a presença de alguém que já morreu.

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