João era um cientista. Metódico e organizado, debruçava-se sobre diversas questões complexas da fronteira da ciência contemporânea, com enfoque multidisciplinar. Frequentava, com assiduidade, congressos, em que proferia palestras e discursos concorridos. Em meio a sua vasta biblioteca, pesquisava durante muitas horas por dia. Debatia ideias que considerava “avançadas” com seu grupo de amigos e colaboradores de projetos de pesquisa, que também considerava seleto. Orgulhava-se e se envaidecia muito de sua produtividade intelectual, da sua “inteligência acima da média” e de seu grupo “brilhante”.
Escrevia artigos científicos publicados em periódicos de renome internacional. Deleitava-se redigindo manuais grossos, permeados de jargões técnicos, neologismos peculiares e frases de efeito ferinas, recursos estilísticos que lhe proporcionavam a sensação de ser superior às “massas impensantes”. Como desejava cada vez mais investir em seus atributos mentais, cada vez mais reprimiu suas emoções e sentimentos, acreditando que assim se tornaria mais inteligente, intelectualizado e evoluído.
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José era um escritor. Adorava improvisar, em meio à sua desorganização. Caloroso na sua afetividade, sensível às questões da alma, exímio poeta, refinado cultor das artes e da literatura. Dono de uma vasta biblioteca, na qual predominavam a poesia, a filosofia e as belas histórias de ficção, do pensamento e do sentimento humano. Lia muito por prazer e participava de saraus, em que recitava seus cativantes poemas.
Participava de encontros e cafés literários com outros amigos escritores. Além de declamarem seus poemas e lerem suas crônicas, debatiam filosofia, literatura e arte e dialogam a respeito das questões sociais e políticas do seu tempo. Orgulhava-se e se envaidecia de seus sentimentos “elevados”, dos seus prestigiosos prêmios literários e de seu requintado grupo de literatos.
Escrevia longas poesias e vertia uma prosa de estética neobarroca. Rebuscava os mecanismos da retórica, em suas analogias e hipérboles, sentindo-se acima das “massas insensíveis”. Como desejava cada vez mais investir em sua inspiração e intuição, cada vez mais evitou o pensamento técnico e lógico, desenvolvendo certa preguiça mental em relação a determinadas áreas da ciência, consideradas ramos do saber mais “frios” e “desumanizados”, “sem alma”.
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Pedro era um religioso. Desleixado para as coisas da “vida material”, revelava-se, ao mesmo tempo, disciplinado em suas orações e mantras. Abstinha-se de leituras “mundanas”, dedicando-se às obras sagradas e aos tomos esotéricos de sua predileção. Não estudava o que estivesse além do seu sistema de crença. Não escrevia nem palestrava. Apenas se encontrava e era afável com quem comungava, integralmente, do seu credo e linha de pensamento. Rigoroso com seus rituais, práticas e modus vivendi, saia de casa apenas para trabalhar e participar de eventos religiosos.
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Cada um dos três tipos ressequiu-se na ignorância de si mesmo. Ressequiram-se na vaidade, no orgulho e no egoísmo de si mesmos. Cada um se aferrou a uma espécie de visão de mundo, “doutrina” e um tipo de fé. Cada um negligenciou vários atributos conscienciais que existem, para abençoar suas vidas e premiar sua evolução.
Embora haja vários tipos de intelectualidade, de sentimentos, de emocionalismos, de modos de vida e de fé, cada um é incompleto em si mesmo, cada um precisa dos demais atributos.
O caminho do intelectualismo isolado (plano mental) resseca os sentimentos, criando “rachaduras” na alma, criando uma falsa sensação de poder, que distorce e amplifica a vaidade. É como uma poderosa ferramenta usada sem critério, por gente destreinada. É como uma arma poderosa, na mão de quem deveria defender os outros, mas almeja proteger apenas a si e a seu grupo, isolando-se dos demais, em uma redoma grupuscular de vidro. Egoísmo com aparência de discurso científico inovador.
O caminho do sentimentalismo isolado (plano astral, corpo das emoções – afetividade) resseca o discernimento, o juízo, a razão e a visão de conjunto, tornando, também, o indivíduo egoísta e, quando é o caso, vaidoso de suas obras e de seu grupo.
O caminho do religiosismo isolado (fé sem razão – que negligencia o plano mental – e sem sentimentos e emoções) torna o indivíduo um verdadeiro incauto e fanático. Não sente empatia nem compaixão pelos outros e passa longe da razão e da intuição, alimentando a cegueira de sua fé. Outra espécie de egoísmo camuflado de fidelidade a princípios religiosos.
Um bom leitor deve ler de tudo – universalismo cultural.
Um bom escritor deve escrever de tudo – universalismo comunicativo.
Um bom espiritualista (místico) deve navegar bem em todas as linhas de pensamento – universalismo puro ou holossomático.
Contemos com vários potenciais, vários atributos, várias ferramentas, em um holossoma complexo, no qual nenhuma parte deve ser negligenciada, para que se promova a saúde evolutiva integral.
Procuremos desenvolver bem todos os nossos atributos conscienciais. Uns preferem as poesias, outros os artigos técnico-científicos e outros apenas livros sagrados ou rituais. Devem ser respeitados, porém, os que desejam trilhar os caminhos dos sábios devem abrir a mente, o coração e a “fé”, conjugando, a um só tempo, ciência/neociência/paraciência, filosofia/pensamento/abstração e religião/espiritualidade/intuição/metafísica/não-materialismo.
O holossoma é o conjunto de veículos de manifestação da consciência: corpo físico, corpo astral ecorpo mental, além de outros menos conhecidos. Devemos aprender a trabalhar com esses três corpos e também com o corpo energético (energossoma ou duplo etérico).
Temos sete chacras (bioenergética) e sete parachacras (psiquismo) principais, e devemos desenvolver todos eles.
Há quem sinta, mas não pense.
Há quem pense ou seja parapsíquico, mas não sinta.
Há quem crê, mas não pense nem sinta.
Melhor fazer os três: pensar, sentir e “crer”. E também agir, para que a inércia não nos domine, para que a idiotia das mídias, dos grupos, dos institutos e das religiões não nos envolva, para que a manipulação dos grupos e seus interesses não nos controlem e a ressequidão da alma não nos atinja.
Devo confessar que, como provável coautor deste texto, estou ainda muito aquém dessa sadia proposta, mas estou tentando concretizá-la, com todas as minhas forças.
Não pense que cheguei lá, caro leitor.
De consciência tranquila,
Se você acha que este texto pode auxiliar alguém espiritualmente compartilhe e divulgue, obrigado!
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Dalton é escritor, poeta, cronista, contista, jornalista do astral, médium e humorista incorrigível da consciência. Sente uma saudade imensa de seu planeta em Sírius B e está ansioso para ser “puxado” pelo planeta Chupão. Ele alega com bom humor: “Não quero ficar com os ‘evoluídos’.” Autor de 41 obras independentes, sendo 5 sobre informática e 36 sobre espiritualidade e consciência, mas sem religião. Engenheiro Civil, pós-graduado em Educação em Valores Humanos (inspirado em Sathya Sai Baba) e Estudos da Consciência com ênfase em Parapsicologia. E, como ele sempre diz: “Me ame quando eu menos merecer, pois é quando mais preciso.”
Livros impressos – https://livros.consciencial.org
E-books – https://ebook.consciencial.org/
Cursos, áudios, meditações, práticas – https://cursos.consciencial.org
Seu livro publicado – https://seulivropublicado.com.br
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Gratidão, Dalton, pela excelente reflexão.
Obrigado Elias!!!!
Dalton