Kundalini (sânscrito: enroscada). Refere-se ao feminino e pronuncia-se como oxítona, ou seja, a última sílaba é a mais forte, o “ni”. Fogo serpentino, energia primária, violenta, estruturadora das formas. É oriunda do centro do planeta, também captada pelo chacra básico. Energia da Terra, potencialmente divina, que adormece no chacra básico, podendo ser ativada por determinados processos.
Nádis são canais ou condutos bioenergéticos sutis que possuímos no corpo energético (duplo etérico). Assim como os chacras existem inúmeros nádis, mas os principais, para fins de entendimento do processo da kundalini, são o ida (canal feminino, lua, chandra, esquerdo, yin, frio) e o pingala (canal masculino, sol, surya, direito, yang, quente). Estes transportam o prana até o chacra básico. O sushumna (transporta a shakti-kundalini, quando ativada, do básico até o coronário). Este evento raro chama-se ascender a kundalini e que provoca expansões de consciência.
Os nádis ida e pingala partem do kutashta[1] (dentro da cabeça), que significa “o ponto mais alto”. Referência a ser o ponto mais alto, fisicamente, da circulação de prana primário (antes do despertar da kundalini).
A ativação da mesma libera poderes paranormais, traz a consciência de volta à ciência de ser e estar em Deus em um êxtase denominado samadhi (nirvana, satori[2], cosmoconsciência, expansão da consciência, etc). É o potencial bioenergético que existe latente em nossos corpos. Kundalini é uma força, uma energia que podemos vivenciar de muitas formas.
Todo o processo inicia-se entre as sobrancelhas. Entre o nariz (captador de ar) e o ajnã (chacra frontal) nos sub-chacras lalana (que na verdade são em número de três embora sejam tratados como um só), cuja origem vem do alto do céu da boca (nas proximidades da pineal).
Kundalini pelo autor Wagner Borges:
Kundalini (do sânscrito): “Enroscada”; “Fogo Serpentino”; “Shakti”. É a energia que entra no campo energético por intermédio do chacra básico. É também chamada genericamente aqui no Ocidente de energia telúrica (energia da terra) ou geoenergia. Contudo, essa definição ocidental é muito pobre. Os orientais, notadamente os hindus, tibetanos e chineses antigos (taoístas), aprofundaram-se bastante no estudo dessa energia. Há muito mistério em cima desse tema, principalmente por parte de gnósticos e iogues. Há também muita leviandade e ignorância das pessoas quando falam nisso. Alguns acham que é só “acender um foguete no traseiro” e decolar espiritualmente. Outros querem o despertar da kundalini sem sequer conhecerem o mecanismo dos chacras e dos nádis. Mas, os piores são aqueles que querem tratar disso sem nenhum amor ou crescimento espiritual compatível com tal empreitada consciencial.
A ascensão de kundalini ativa os poderes paranormais, além de fundir a consciência ao cosmos, proporcionando catalepsias projetivas e kundalínicas, viagens em plano mental, expansões da consciência, mediunidade, e muito mais.
Pessoas que se destacam (ou se destacaram) como líderes em nossa sociedade provavelmente fazem (fizeram) uso dela, como grandes pintores, compositores, líderes políticos e religiosos. Quem desperta essa energia não tem de ser necessariamente um santo (Hitler provavelmente possuía a kundalini desperta). Mas no caso dele, a kundalini parou no granthi do chacra umbilical, determinado por seu egoísmo e vaidade.
Granthis são uma espécie de freio bioenergético (nós), para desacelerar a subida da kundalini. Temos três granthis no nádi sushumna (principal nádi dentro da coluna vertebral): o primeiro no chacra umbilical, o segundo no chacra cardíaco e o terceiro no chacra frontal. A kundalini se completa quando consegue uma subida plena até atingir o chacra coronário.
Kundalini significa aquilo que está enrolado, deriva da palavra kunda que significa cova, cavidade. Kunda refere-se a uma serpente enrolada e adormecida. Está enrolada três vezes e meia no chacra básico. Enquanto a kundalini está dormente no Mulladhara Chacra (chacra básico), nossa inconsciência comanda nossas ações, relacionamentos, desejos. Este poder que está localizado no Mulladhara Chacra ainda tem muito do nosso lado instintivo e animal.
A prática do Yoga, da Meditação, do Tai Chi Chuan, da caridade (consolação e esclarecimento), exercícios bioenergéticos diários, do amor como um todo e da evolução espiritual natural, desperta a kundalini gradualmente, e o desenvolvimento pleno dos chacras. O perigoso é forçar a kundalini de forma artificial, podendo ficar louco ou sofrer combustão espontânea[3]. Quando kundalini desperta e começa sua ascensão para o cérebro, ela passa pelos chacras principais de baixo para cima.
Ela sobe pelo sushumna, principal nádi de nosso ser que está dentro da coluna vertebral. Mas antes se origina no chacra frontal e desce pelos nádis ida e pingala, paralelos e externos ao nádi sushumna (dentro da coluna) de forma mais sutil até despertar a kundalini no chacra básico.
Quando kundalini desperta o chacra Sahashara (chacra coronário), ocorre o Samadhi: a iluminação. Dissolve-se a ilusão do “ser individual”, é quando o indivíduo atinge a união com o Princípio Cósmico que governa todo o Universo.
Obstruída que se encontra sua passagem no Sushumna pelo nó (granthi[4]) de Brahma, a Kundalini não tem acesso aos demais centros em linha reta. A ruptura deste nó de Vishnu e do frontal – nó de Rudra, com a subida da kundalini também pelo canal central unindo assim os três nádis, torna-se extremamente perigosa, podendo resultar na loucura e morte, quando mãos inexperientes tentam realizá-la. A projeção de kundalini através dos centros inverte o processo natural – é que a ascensão natural se realiza depois que os centros estão desabrochados e os canais ao longo da coluna vertebral se encontram livres. Isto quer dizer que ao invés de subir pelo nádi principal sushumna, ela acaba subindo por onde deveria ter apenas iniciado e descido, os nádis ida e pingala, que não possuem “bitola” (diâmetro ou potencial para tamanha pressão bioenergética) suficiente para aguentar a subida da shakti.
A subida das energias resulta numa queima extravagante, se o indivíduo não se encontra devidamente preparado física, mental e espiritualmente determinando sua destruição. Daí a necessidade de muita paciência, elevação cosmoética e várias vidas para a realização de tal ascensão. O próprio circuito de ascensão de kundalini é distinto de indivíduo para indivíduo e vai depender do despertamento de seus centros. Suspeita-se de que em casos de combustão espontânea, sejam efeitos de uma subida de kundalini por pessoas despreparadas[5].
[1] Chamado também de terceiro olho, olho espiritual, olho de Shiva, ao contrário do que pensa a maioria associando ao chacra frontal. Práticas de krya yoga devem ser focalizadas no kutashta. Visualizar a mandala de Krya Yoga no kutashta ajuda a ativar a kundalini. Há referências esotéricas àquele desenho, feitas por Krishna, nos livros agrados hindus.
[2] Há controvérsias de conceitos quanto a estas expressões no Budismo, Hinduísmo e em outras linhas. Não nos deteremos isto e vamos sobrevoar a ideia geral da coisa.
[3] Livro O Grande Livro do Maravilhoso e do Fantástico – Seleções do Reader’s Digest – maio 1977, pg. 385, Fogos Interiores – Estranhos casos de bombas incendiárias humanas. Isto é uma probabilidade e não uma afirmação.
[4] Granthi é a mesma coisa que nó, mas o melhor sentido para este entendimento seria “válvula”, no sentido de válvula bioenergética a fim de regular o fluxo.
[5] Vide livro O Grande Mundo do Maravilhoso e do Fantástico já citado.
Dalton é escritor, poeta, cronista, contista, jornalista do astral, médium e humorista incorrigível da consciência. Sente uma saudade imensa de seu planeta em Sírius B e está ansioso para ser “puxado” pelo planeta Chupão. Ele alega com bom humor: “Não quero ficar com os ‘evoluídos’.” Autor de 41 obras independentes, sendo 5 sobre informática e 36 sobre espiritualidade e consciência, mas sem religião. Engenheiro Civil, pós-graduado em Educação em Valores Humanos (inspirado em Sathya Sai Baba) e Estudos da Consciência com ênfase em Parapsicologia. E, como ele sempre diz: “Me ame quando eu menos merecer, pois é quando mais preciso.”
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