ENTREVISTA COM JESUS E COM O DIABO AO MESMO TEMPO

ENTREVISTA COM JESUS E COM O DIABO AO MESMO TEMPO

Sou, possivelmente, a única pessoa que conseguiu reunir Jesus e o Diabo na mesma sala para um bate-papo. Acredite, foi mais fácil agendar com Jesus do que com o Diabo, que anda muito ocupado ultimamente. Aparentemente, ele tem mais espaço e receptividade nos corações humanos (especialmente entre os religiosos, com ênfase nos cristãos) do que Jesus.

Jesus anda mais na boca, nos discursos, nos títulos e rótulos, mas, infelizmente, longe dos corações. O Diabo, por outro lado, todo mundo tem vergonha de assumir que o ama, embora o façam secretamente. É como na época em que comprávamos Fuscas (um carro antigo da Volkswagen) nas versões 1000, 1200 ou 1500 cilindradas. Comprávamos o 1000 ou o 1200 e, com um jeitinho, trocávamos os números para 1500, exibindo um carro que não era. Jesus, coitado, é como o rótulo que colocam sobre a placa do coração, onde na verdade se guarda o Diabo – risos.

Agendar com Jesus foi moleza, Ele vem aqui em casa todas as manhãs para conversar e relaxar um pouco. Chega sempre exausto, dizendo: “Não aguento mais tanta gente me pedindo coisas, sem oferecer nada em troca, nem sequer uma tentativa de melhorar a si mesmos. Acham que lista de pedidos é oração. A verdadeira oração é aquilo que se doa; o que eles fazem é vampirismo. E para piorar, fazem m@$%& em meu nome, e eu só prego o amor.”

Eu escuto calado, tomando meu café junto com a Andréa, deixando Ele desabafar, e depois solto uma piada, sacaneando todo mundo: eu, Ele e a humanidade. Ele adora, racha de rir, e se alivia um pouco. Sabe que espiritualidade elevada combina com bom humor, sem moralismo severo ou puritanismo arrogante. Ele fica mais leve e, antes de sair, sempre com pressa, solta uma sacaneada também: “Olhe, Dalton, os fiéis vivem querendo me encontrar no céu, mas nunca estou lá. Estou sempre no inferno, trabalhando no resgate das almas arrependidas. No inferno, nunca vejo o Diabo; ele está no coração dos homens.” Tchau.

Foi numa dessas visitas – Ele aparece de manhã cedo, de segunda a sexta-feira (finais de semana Ele nunca vem, não sei por que e nunca perguntei) – que agendei a entrevista. Vez ou outra, Ele falta, e aí eu sei que a coisa está pegando fogo. Provavelmente Ele está pacificando guerras e desmantelando movimentos pró-armamento e locais de violência.

Então, comecei a prestar atenção mais fundo dentro do meu coração. Percebi que existe uma “intermente” e uma “intercoração”, uma espécie de internet bio-psico-sócio-consciencial que conecta todas as mentes e corações dos encarnados na Terra. Foi quando pensei: “Ôpa! Por aqui, posso conversar com o Diabo, mesmo que ele esteja ocupado, afinal ele está no coração dos homens.”

Comecei a tentar: “Oi, Diabo, você está aí?” Depois de umas dez tentativas, nada ouvi. Só quando fiquei irritado e xinguei, ele respondeu: “Estou aqui, seu bacaca, o que você quer?” – É típica essa linguagem dele, sempre desbocado, arrogante, cheio de vaidades, até parece gente.

Notei que, se eu não descesse minha vibração psíquica e emocional, não o alcançaria lá embaixo, no lodo das emoções humanas. Continuei: “Calma, cara, só quero bater um papo ‘de boa’ e te convidar para uma entrevista!” O Diabo, vaidoso que é, levantou as orelhas e respondeu: “Topo! Quando e onde?” Eu, por honestidade e transparência (afinal, Jesus me ensinou esses bons sentimentos que fanáticos religiosos detestam), comentei que Jesus também estaria presente. Ele, o Diabo, respondeu: “Ah, tudo bem, o cara é gente boa, não dá para ter raiva de um sujeito desses.”

Marcada a entrevista, fiquei eufórico. Pensei: vamos tirar todas as dúvidas de céticos, espiritualistas, religiosos bons e fanáticos. Mas sei que os amantes do Diabo e odiadores de Jesus não vão gostar. Eles dirão: “É desrespeito, ofensivo. O Diabo é só meu!” ou “Jesus é só meu e da minha igreja…” Mas, pensei, se essa gente me estressar, quando Jesus voltar aqui em casa, vou ser eu a desabafar com Ele. Risos.

Chegou o dia da entrevista. Sala montada, mesas, microfones, câmeras, cadeiras confortáveis, água e café à vontade. Quando os dois entrevistados se encontraram, abraçaram-se respeitosa e amigavelmente. O Diabo chegou a se emocionar, e vi discretamente uma lágrima escorrer de um dos olhos.

Aprendizado para mim. Sou vaidoso e orgulhoso, e vendo essa cena, lembrei que Jesus viveu entre os ímpios, as prostitutas, os doentes e os criminosos, na modéstia e até na miséria. Por que não receberia bem o Diabo? Como se resgata uma alma sem ser fraterno e manso? Tapa consciencial virtuoso na minha cara orgulhosa: laft!

O Diabo, sempre muito bem-educado, chegou com um terno de microfibra italiana, azul-marinho impecável, abotoaduras de ouro, brincos discretos de brilhante, cabelo com corte desenhado e aquele coque masculino da moda. Chifres polidos, brilhando, andar imponente e altivo. Jesus, com a pele quase negra, olhos que eu não sei dizer se castanhos escuros ou negros, cabelo da mesma cor, quase crespo, vestindo mantos simples no estilo hindu. Sua aura iluminava o ambiente, mas sem humilhar ninguém. Era um brilho que não ofusca. O Diabo percebeu, mas fingiu não ver – típico dos arrogantes.

A Andréa, minha esposa, estava na câmera e testemunhou tudo. Perguntei: podemos começar? Todos concordaram, então vamos lá.


1. Pergunta ao Sr. Diabo: quem é você?

O Diabo, altivo, pegou o cigarro, fazendo pose, com um lenço branco cheio de charme no bolso esquerdo do paletó e começou a falar:

“Eu não existo. Sou um arquétipo, uma criação humana, não divina. Existo apenas no coração e na mente dos homens, especialmente dos religiosos, que me amam tanto e vivem me evocando pelo meu nome. Sou simbólico, represento o medo e o mal humanos, personalizados nesta figura grotesca. Moro no inconsciente coletivo e me movo facilmente pelas emoções vis: raiva, ódio, exclusão, avareza, mesquinhez, usura, cólera, orgulho, vaidade, ciúme, mas principalmente egoísmo. O egoísmo está presente tanto nos espiritualistas quanto nos materialistas, nos religiosos e nos ateus, e assim me movo e me multiplico com facilidade nessa ‘intermente’ e ‘intercoração’ da humanidade.”

1. Pergunta ao Sr. Jesus: como é que vocês dois se dão tão bem?

“Dalton, me parece óbvio. Você ainda não compreende os píncaros incognoscíveis do amor. Além do mais, não foi nosso Pai, Deus, que o criou; ele é uma criação da humanidade, incentivada pela religião, que o utiliza como instrumento de medo e manipulação das massas. Só me resta acolhê-lo sem julgar. Se eu o expulsar, condená-lo ou humilhá-lo, estaria fazendo isso com o coração de toda a humanidade que o ama tanto sem perceber. E eu não quero fazer mal à humanidade. Vou esperá-la acordar para expulsar o Diabo de dentro de si. Se o Diabo existisse como figura externa e independente do mal, ele seria humilhado pela infinita criatividade da maldade humana. Desde que se lançaram duas bombas nucleares na Segunda Guerra Mundial, quais diabos da Terra teriam sido envergonhados por uma maldade que eles mesmos jamais conseguiriam fazer?”


2. Pergunta ao Sr. Diabo: qual sua técnica preferida de trabalho?

“Aaaaahh” – com um largo sorriso – “só faço o que os homens gostam. Eles me amam tanto e, graças a Deus, odeiam Jesus, que é fácil para eu fazer o que quero deles. Eles andam com Jesus na boca, mas me carregam no coração. Andam com Jesus nas músicas gospel e nos plásticos do carro, mas me carregam na mente, nas mãos e nas atitudes. Então, o que mais gosto de fazer é separá-los, criar divisões, inimizades e exclusões. Incentivo críticas baseadas em opiniões pessoais, sem pesquisa profunda – eles têm preguiça mental de estudar – e adoro estimular notícias falsas, boatos que causam desastres e acidentes. Adoro separá-los em grupos de preconceitos específicos e levá-los a atitudes extremas e polarizadas, seja no campo político, religioso ou social. Cara, é muito fácil, eles me ouvem com uma facilidade incrível. Tenho outras formas de atuar, mas essas são as mais rudes, claras e diretas. As mais sutis e articuladas, deixo para outra hora.”

2. Pergunta ao Sr. Jesus: qual sua técnica preferida de trabalho?

“Minha técnica é a suavidade, baseada na cosmoética, que recomenda respeitar o tempo de despertar de cada um. Assim como meu colega Diabo, não trabalho sozinho; tenho muita ajuda no planeta inteiro. Tenho vários irmãos gêmeos de alma espiritual: Buda, Krishna, Ramatís, Yogananda, Babaji, Mataji, São Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá, Mahatma Gandhi, Brahma, Shiva, Maomé, Lao Tsé, Pitágoras, Platão, e muitos voluntários anônimos espalhados pelo mundo. O que caracteriza esses parceiros é o universalismo. Eles são imparciais, aceitam a todos e não cultuam livros sagrados. Precisam ter a mente aberta, pois se o Diabo quer separar, eu quero unir. Quero quebrar barreiras e preconceitos entre religiões, clubes, fronteiras, linhas evolutivas e doutrinas. Mas eu não invado o coração dos homens, só entro se for convidado. Os humanos me carregam na mente e na boca, mas muito pouco no coração. A adoração e o louvor que me dirigem são mais cognitivos e intelectuais, não são intuitivos e de coração. Se fossem, os gestos, ações e hábitos seriam diferentes, seriam mais dóceis, amáveis e tolerantes.”


3. Pergunta ao Sr. Diabo: com qual tipo de humano gosta de trabalhar?

O Diabo soltou risadas altas, com sarcasmo total…

“Prezado Dalton, as melhores figuras, com terreno mais fértil para eu trabalhar, são os líderes, de qualquer área e setor. Sou universalista, não faço distinções. Incentivo as separações, mas eu mesmo não separo, incluo a todos. Os líderes políticos são os melhores, pois são os mais poderosos e egoístas. Depois, os líderes religiosos, que na prática, são os que mais me amam, mais me chamam e mais me incentivam. É uma delícia trabalhar com esses canalhas, dou muita risada da ingenuidade dos fiéis. Incentivo esses líderes a destruírem: ciência, cultura, artes, estudo, universidades, paz e religiões alheias às deles. Através deles, manipulo seus fiéis com mais facilidade ainda. E através da lavagem cerebral e do baixo nível de leitura e cultura, vou dominando cada vez mais.”

3. Pergunta ao Sr. Jesus: o que mais atrapalha seu trabalho?

“Dalton, meu trabalho é expandir, criar união, cooperação e fraternidade. Esse caminho exige abertura e descondicionamento, a quebra de dogmas e paradigmas, desapego e mudança de hábitos e culturas. O que mais atrapalha o meu trabalho, assim como o dos meus irmãos gêmeos espirituais, são os dogmas, os condicionamentos e paradigmas, frutos de medos e ignorâncias diversas. Há paradigmas científicos, espiritualistas, psicológicos, culturais, e todos devem ser expandidos. Isso se chama evolução, e não tem a ver com tecnologia, mas com consciência, com estado de espírito. Não tem a ver com o TER, mas com o SER. O egoísmo segrega, separa; a fraternidade une, converge, coopera, cede e concede num aprendizado contínuo. Uma das coisas mais difíceis para o ser humano é desapegar, mudar hábitos, mesmo os bons, para melhores. O ser humano é fruto do meio ambiente, e as últimas pesquisas da biologia já comprovam isso, onde a genética é cada vez mais minimizada, e temos também os campos morfogenéticos familiares atuando como potentes vetores kármicos nos descendentes, atuando nas crenças limitantes. É um processo complexo que está sendo trabalhado lentamente. Observe que cada vez mais surgem métodos de tratamento e terapias alternativas de cura holística e consciencial. Nós ensinamos isso nos cursos intermissivos no plano astral a esses novos voluntários que estão ‘descendo’ e espalhando essa onda sutil de consciência expandida.”


4. Pergunta ao Sr. Diabo: você sente concorrência no seu trabalho?

“Você perguntou algo interessante. Tenho concorrência, sim. Às vezes sinto raiva, às vezes sinto inveja dos humanos, especialmente dos políticos e líderes religiosos. A criatividade deles para roubar, desviar dinheiro com as mais elaboradas artimanhas, me faz arrepiar os chifres. Observo e exclamo: ‘como não pensei nisso antes!’ Líderes religiosos começam a vender bênçãos, terrenos no céu, vassouras ungidas e as ideias mais grotescas e fico perplexo que convençam os fiéis! Se eu tivesse essa cara de pau e esse poder de convencimento, já teria dominado a Terra e a transformado em Terra plana – risos. Mas confesso, não tenho essa competência. Acompanhar a criatividade humana na canalhice é muito difícil. Quando o governo inventa algo novo para ajudar a população, como o PIX, logo inventam novos golpes criativos para roubar dos ingênuos e incultos, uma criatividade e inteligência negativa que nem eu sou capaz de acompanhar. Fico com inveja. E quando políticos são pegos roubando com provas gigantes e ainda negam descaradamente? Chego a bufar de raiva! Sim, sou o Diabo, mas não tenho toda essa maldade e criatividade humanas. Baseado nesse hálito de maldade e egoísmo, meu arquétipo foi constituído. A concorrência é grande. Até em movimentos ‘ramatistas’, há falsos ramatistas fazendo a operação Cavalo de Troia, destruindo o movimento universalista por dentro. Como destruir o universalismo que une, desunindo em nome do universalismo? Não sei se dou risadas de histeria invejosa ou se dou os parabéns pelo intelecto que inverteu o bem para o mal.”

4. Pergunta ao Sr. Jesus: o que acontece com líderes espiritualistas mercenários e outros tipos?

“Dalton, nem gostaria de entrar neste assunto duro para minha alma, mas é um fato. Devido à opulência e riqueza na história da Igreja Católica, que vem sugando bens e valores de seus fiéis desde a Idade Média, tal fato despertou cobiça em materialistas, ateus e oportunistas, que viram nisso um meio fácil de ganhar dinheiro sem precisar trabalhar. O pensamento é: se a Igreja ganha e esbanja em riqueza obtendo dos fiéis, por que eu também não posso criar uma religião e fazer o mesmo? Tais ateus se travestiram de pastores crentes numa amoralidade abaixo de qualquer imoralidade que condenam. Isso atraiu atores materialistas, céticos e ateus para a religião, fingindo serem ‘homens de Deus’, mas são apenas atores que abusam da ingenuidade do povo. A maioria das religiões tem pessoas assim. Eles são apenas atores mercenários de olho nos cofres de suas igrejas, lojas e templos. Subvertem a religião, formatando conceitos sagrados em teias de pecado e culpa, manipulando multidões incautas, mas também inocentes e ingênuas que querem ‘comprar’ o céu. Muito disso ocorre em movimentos espiritualistas exo/esotéricos e seus gurus também. Assim como os políticos que devastam a riqueza dos impostos, tais líderes religiosos e espiritualistas estão cavando um sofrimento kármico futuro devastador para suas almas. Voltarão como mendigos, viciados, numa miséria consciencial ilimitada até que assumam seus erros, se arrependam e devolvam cada centavo que roubaram em seus egoísmos frios, calculistas e insanos.”


5. Pergunta ao Sr. Diabo: você mudaria sua aparência?

“Excelente pergunta. Você parece adivinho, eu estava pensando nisso! O valor da aparência é a coisa mais importante na vida das pessoas de almas vazias. Aparência para elas é tudo. Imediatismo é tudo. Observe como cada cultura pinta o quadro de Jesus semelhante à sua raça e cultura. Para europeus, Ele tem cabelos lisos, quase louros e olhos azuis. Os latinos, com complexo de vira-latas americanizado, também engoliram isso. Acham que o que é americano (EUA) e europeu é mais chique que sua cultura. Eles até se esqueceram de comemorar o dia do Saci Pererê, da Mula sem Cabeça, do Curupira, e adoram comemorar o Halloween. Eles falam ‘job’ ao invés de trabalho, ‘brainstorm’ ao invés de tempestade de ideias, 50% off ao invés de desconto, e assim por diante em seu ‘viralatismo’. Pensando nisso, vou adotar os jargões do business, do coach, dos religiosos que de boca ‘tudo é Jesus’. Vou retirar os chifres, implantar cabelos lisos, colocar lentes de contato azuis, enfim, vou me parecer com o Jesus europeu, que é falso, mas convincente. Vou aparecer mais abertamente, entrar na política, incentivar: acabar com todos os serviços públicos de educação, cultura e saúde, deixar só para os ricos; privatizar praias; desarticular as leis trabalhistas – ter escravos é bom; incentivar as armas, a violência, os linchamentos e a vingança com as próprias mãos.
– Vou eleger uma raça qualquer como superior, que esmagará as outras com truculência. Apesar de a vida e a humanidade serem analógicas, vou transformar tudo em digital, ou melhor, em binário: Verdadeiro x Falso, Certo x Errado, Macho x Fêmea, com Deus x sem Deus. Assim, o conflito estará culturalmente estabelecido com amplo espaço para a manifestação de ódio e conflito em todo território e sociedade que eu administrar. Sinto que vai ser um sucesso total.”

5. Pergunta ao Sr. Jesus: o que você vai fazer em relação ao que o Diabo disse na pergunta anterior?

“Vou continuar incentivando a união, a fraternidade, a cooperação, acima de religiões, livros sagrados, doutrinas, e até da minha figura como referência. Vou continuar ensinando que ser espiritual é mais importante que ser religioso, que a religião é mais um rótulo, um pacote formatado, quase uma franquia limitada. E que os gestos de caridade, a bondade, são mais importantes do que qualquer pregação ou proselitismo. Caridade é ser bom com todos, sem exclusivismos religiosos, sem a crença de que apenas quem compartilha da sua fé merece ajuda. O caráter, a bondade, a caridade estão acima de qualquer religião ou livro sagrado. Todos os livros sagrados têm erros, distorções e incoerências provenientes da limitação humana que os escreveu. É necessário revisar e retificar sempre as obras humanas. Nada foi feito diretamente por Deus, que não interfere diretamente, mas envia seus prepostos imperfeitos para agir. Cabe à humanidade autoconhecer-se e aperfeiçoar-se, sem esperar milagres mágicos enquanto fica de barriga para o ar.”


6. Pergunta ao Sr. Diabo: o que mais te irrita?

“O que mais me irrita são os bons religiosos. Eles aceitam bem as outras religiões e jamais dizem que os fiéis das outras crenças estão comigo. Eles praticam a fé no dia a dia, com todas as pessoas, sem aquele sentimento idiota de ‘sou melhor do que você porque sou religioso’ ou ‘só eu e os meus temos Jesus’. Esses caras são chatos, não me ouvem. Eu sempre os incentivo a jogarem pedras na cabeça dos umbandistas e candomblecistas, mas eles não me ouvem! É um saco! Descobri que há um ponto da alma, que, quando Jesus entra de fato, nunca mais consigo chegar nem perto. Isso é muito irritante.”

6. Pergunta ao Sr. Jesus: como você se sente quando as pessoas usam o seu nome para justificar ódio, preconceito e violência?

“Quando o homem é mau, seu deus também é. Quando o homem sente ódio, o deus dele também sente. Quando o homem é violento, o deus dele também é. Em verdade, ele cultua o Diabo no coração, e na mente chama de deus. Isso é deus com ‘d’ minúsculo. Não é possível convencer à força o homem mau de que ele não contém Deus; ele não quer acreditar nisso. Ele prefere ouvir o Diabo em seu coração e fica surdo para as inspirações de Deus. Isso chama-se livre-arbítrio, que nós, como bons filhos de Deus, temos que respeitar. É preciso ter paciência para esperar que esse tipo de gente, falsos religiosos, falsos espiritualistas, acordem para a verdadeira espiritualidade. Tenhamos paciência.”


7. Pergunta ao Sr. Diabo: o que acha do materialismo?

“É a coisa mais linda, meu prezado. Enquanto a verdadeira fé ajuda nos processos de saúde, alegria, bem-estar, união, cura depressão, consola os problemas, o materialismo leva apenas ao vazio, ao niilismo, à ansiedade e à depressão, e por sorte, isso mata muita gente. Eu sempre incentivo líderes religiosos corruptos, fiéis fanáticos e materialistas niilistas. Quando não consigo envolvê-los de um lado religioso, os envolvo do lado oposto. Que bom que a humanidade é tão absurda, risos.”

7. Pergunta ao Sr. Jesus: como você encara o fato de que, mesmo dois milênios depois, a humanidade ainda tem dificuldades em seguir os ensinamentos básicos de amor e perdão?

“Eu não posso chamar a humanidade de burra, apesar de ela ser um pouco, risos. Vejo isso como um desafio de longo prazo. A humanidade é como uma criança aprendendo a andar: cai, tropeça, mas uma hora aprende. Tenho paciência infinita, mas confesso que às vezes sinto falta de uma conversa franca com a humanidade para ver se acelera esse processo, tipo as conversas que temos pelas manhãs na sua cozinha, onde posso dar uns puxões de orelha de vez em quando, e você recebe bem, até ri.”


8. Pergunta ao Sr. Diabo: o que acha do ‘cafizin’ e do pão de queijo de São Paulo?

“Uma desgraça! Quando paro na rodoviária ou no aeroporto e peço um trem desses, só vem gosto ruim. Sinto falta do café, do pão de queijo e da pinguinha de Minas Gerais, sô! Posso te visitar em sua casa, lá na sua cozinha, igual a Jesus, e tomar ‘cafizin’ na sua casa, já que você é mineiro? Jesus gosta de você porque você é mineiro?” – Dalton responde: “Você já gastou sua cota de influências malignas em mim em vidas passadas. Agora é vida de serviço e redenção. Não te temo, confio em mim. Mesmo que Jesus seja meu ‘chapa’, não me escoro nele para me defender de você! Me escoro em minha própria dignidade e força de vontade para automelhoria consciencial. Quem te teme não te combate. Quem teme a Deus, não O ajuda.”

8. Pergunta ao Sr. Jesus: se você pudesse adicionar um novo ensinamento aos seus já consagrados, qual seria?

“Estou cansado de ouvir ‘o sangue de Jesus tem poder’, ô frase irritante! O sangue que tem poder é numa transfusão. Um incauto fala uma m@$%& dessas e não tem nem coragem e dignidade de doar sangue, e ainda se acha muito bom! Não, não é bom. Vá doar sangue e nunca mais repita essa frase sem sentido. Deixe de ser preguiçoso e conveniente, e vá fazer o bem sem olhar a quem, sem esse preconceito de ‘só ajudo meus irmãos em Cristo’. Isso é basbaquice, seja mais amor.”


9. Pergunta ao Sr. Diabo: apresente suas considerações finais.

“Quero agradecer muito aos Engenheiros Siderais e aos Maiorais Mentores, que permitiram que muitos bolsões umbralinos antigos reencarnassem. Esses ‘queridos’ estão aqui hoje, reencarnados, fazendo m@$%& geral, e eu amo isso. Estão promovendo terra plana, negacionismo, indo contra a ciência, contra a educação, pedindo religião de Idade Média no congresso, incentivando a liberação total de armas, odiando e agredindo em nome de Deus, de Jesus e da m@$%&, invadindo países alheios, cortando cabeças em nome de religião, incentivando supremacia branca, perseguindo e matando LGBTs, incentivando machismo e feminismo tóxicos, dando golpes nas redes sociais, espalhando as notícias falsas mais idiotas e hediondas possíveis, e isso me deixa muito emocionado e feliz. Sei que minha alegria pode não durar muito, afinal esses ‘queridos’ logo serão transmigrados para orbes inferiores, mas é óbvio, lógico e claro que irei com eles para continuarmos nossa convivência em outros mundos. Muito obrigado a todos pela atenção, espero que tenham gostado do meu terno novo.”

9. Pergunta ao Sr. Jesus: apresente suas considerações finais.

“Quero aproveitar para deixar para vocês o texto de um amigo meu que vem bem a calhar neste momento e espero que aproveitem. DIFERENÇAS ENTRE O CRISTÃO E O CRISTÓLATRA:

– O cristólatra adora Cristo;
– O cristão compreende Cristo em profundidade.

– O cristólatra prega Cristo;
– O cristão vivencia os ensinamentos de Cristo.

– O cristólatra vê outras linhas como más ou inimigas;
– O cristão respeita e aceita outras ideologias.

– O cristólatra se limita à Bíblia;
– O cristão expande sua compreensão além dela.

– O cristólatra interpreta a Bíblia conforme a conveniência da sua fé;
– O cristão interpreta a Bíblia com uma visão ampla e integral.

– O cristólatra leva Cristo na língua;
– O cristão leva Cristo nas atitudes.

– O cristólatra se ofende facilmente;
– O cristão perdoa com serenidade.

– O cristólatra acredita que Cristo perdoa;
– O cristão sabe que Cristo não precisa perdoar, pois não se ofende.

– O cristólatra se vê como soldado de Cristo;
– O cristão é um agente da paz.

– O cristólatra faz propaganda de Cristo;
– O cristão vive a doutrina de Cristo em silêncio sereno.

– O cristólatra quer mudar o mundo;
– O cristão busca mudar a si mesmo.

– O cristólatra é religioso;
– O cristão prioriza o bem acima de tudo.

– O cristólatra promove a separação doutrinária;
– O cristão cultiva a união na diversidade.

– O cristólatra acredita na infalibilidade da sua religião;
– O cristão reconhece a falibilidade humana e valoriza conceitos universais.

– O cristólatra é um guerreiro;
– O cristão é um pacificador ativo.

– O cristólatra coloca sua religião acima do bem;
– O cristão sabe que o bem transcende religiões e doutrinas.

– O cristólatra busca outros cristólatras;
– O cristão busca a presença de Deus.

– O cristólatra é faccioso e sectário;
– O cristão é universalista e sem preconceitos.

– O cristólatra acredita em demônios;
– O cristão reconhece que os verdadeiros demônios são o medo, o preconceito e a ignorância.

– O cristólatra teme que a ciência derrube suas crenças;
– O cristão entende que a ciência pode confirmar a fé.

– O cristólatra acredita que Deus e Cristo estão nos cultos e templos;
– O cristão os encontra no recanto silencioso de seu coração.

– O cristólatra é moralista, purista e dramático;
– O cristão compreende as falhas e limitações humanas.

– O cristólatra possui uma fé dogmática e irracional;
– O cristão desenvolve uma fé raciocinada e flexível.

– O cristólatra guarda rancor de outras religiões;
– O cristão reconhece que diferentes caminhos, como o Budismo, Espiritismo e Umbanda, levam a Deus.

Muito obrigado a todos, que vocês me aceitem em seus corações. Jesus. Nota: texto “cristólatra” de Ramatís e Dalton.


Relato de Dalton, o autor desta crônica, sobre o final dela

Acordei hoje cedo com toda esta crônica pronta na minha cabeça. Fiquei escrevendo-a das 09:00 até as 16:00, considerando as devidas paradas naturais exigidas. Não tenho dúvidas, em experiência lúcida fora do corpo, amparadores me passaram este texto sadio, positivo, bem-humorado e brincalhão, para provocar os brios dos dogmáticos, dos detentores de crenças limitantes e outros tipos de corações cristalizados. Como sou bem-humorado, universalista e tenho a mente e o coração abertos, me utilizaram para passar esta mensagem. Nem posso dizer que é minha: me foi passada fora do corpo, no fenômeno que chamo de PROJECIOGRAFIA. O indivíduo sai do corpo, testemunha e/ou vivencia as experiências, retorna para o corpo, acorda e as escreve. Se você é um fanático, azar o seu, eu não sou. Fico com meu ‘cafizin’, ‘biscotin’ e ‘quejin’ na companhia de Jesus, que teima em não visitar os ‘grandes’, mas vem sempre visitar os simples, de coração modesto, mente flexível.

 

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