Caridade assistencialidade consolação esclarecimento

QUEM DOA NÃO SE DOA

Dalton Campos Roque – https://consciencial.org/apometria-espiritismo/quem-doa-nao-se-doa/

Há uma cultura generalizada, principalmente religiosa de que a caridade é uma forma de “salvação”. Uso esta palavra entre aspas – ” salvação” – pois, normalmente, ela carrega um tom dogmático, clubista e exclusivista de certas religiões e/ou grupos específicos, muitas vezes utilizada como recurso para um proselitismo sem alma, apenas com fins de engordar o clube de interesse. No entanto, a “salvação” pode carregar outros tons mais variados.

Sabemos das citações:

Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados [1 Pedro 4:8]

Em o Evangelho segundo o Espiritismo:

Fora da caridade não há salvação [capítulo 15]

Cito também Santo Agostinho:

Não se imponha verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade sem caridade. [Santo Agostinho]

A caridade, se tornou uma moeda de troca para comprar a entrada no “CÉU” de uma multidão de pessoas religiosas vazias que mal se importam – ou compreendem – o que é a verdadeira espiritualização no íntimo da própria alma e a melhoria da consciência.

Evidente sim, que toda caridade importa e faz bem. Toda caridade é boa.

E há pessoas boas que fazem coisas más e pessoas más que fazem coisas boas, ou seja, caridades eventuais, e isso também conta. As vezes até as quadrilhas de tráfico de drogas nas comunidades carentes fazem algo de bom também. É bom lembrar disso, pois qualquer um pode e deve fazer a caridade, seja ela qual for, no universo de possibilidades pessoais de cada um e de cada grupo.

O que eu digo, é que a caridade por ego, por vaidade, para comprar o “céu”, não funciona e é até contraproducente e antievolutivo.

As pessoas com mais recurso sociais e financeiros, podem fazer caridade apenas doando o fácil e o conveniente, aquela doação: “doei, agora se vire, vá embora” – e depois ainda suspiram sozinhos com seus pensamentos egoístas: “puxa como sou bom, estou doando”. São casos típicos de arrogância e egoísmo de doação para aliviar a consciência de quem sabe que é leviano e negligente evolutivamente e consciencialmente. Há ainda os que doam o que iam jogar fora, entenda, se iam jogar fora era lixo e não doação, e suspiram também se achando muito bons, sem a menor noção do que é a melhoria da alma, do ego e da evolução da consciência.

É muito conveniente e fácil fazer a doação mecânica que não transforma, que alivia a consciência egoísta e pesada que quer comprar o “céu”. É doação dos restos de comida que iam jogar fora, das roupas que não servem mais, do dinheiro do abastado fútil e leviano.

Há ainda a pretensa e arrogante doação (as vezes de forma grosseira) de conhecimento – que pode ser chamada de tarefa do esclarecimento – que apenas alimenta o sentimento patológico de superioridade de quem ostenta tal “conhecimento” como troféu do ego. Nada mais distorcido.

É FÁCIL DOAR BENS E RECURSOS SEM DOAR A ALMA

A verdadeira doação é aquela que transforma o doador para melhor, que o eleva a um novo patamar de consciência.

A melhor doação é a autodoação de seu tempo e energias conscienciais que te obriga a concentrar-se, a elevar-se e a conectar-se as esferas superiores que lhe inspiração a boas autotransformações íntimas para ajudar na melhoria do mundo.

Não estou falando dos mais simples no qual as doações de uns trocados fazem diferença no orçamento familiar e ainda assim doam de coração. Essas doações são de alma e têm valor! A doação de 1 real do pobre não é conveniência e nem egoísmo, é doação íntima de amor e verdade. No entanto, para o outro mais abastado, a doação de 1 real pode ser apenas egoísmo em forma de caridade arrogante, há exceções.

Tive uma amiga certa vez que me disse:

Doar é “arrancar um braço” e doar ao outro.

E assim comecei a aprender com ela. E não era religiosa de ordem nenhuma, era espiritualista sem rótulos. Foi com ela que comecei a aprender o sentido de …”se doar a humanidade”…

Maurício Crispim, fundador do IBBIS – INSTITUTO BRASILEIRO DE BENEMERÊNCIA E INTEGRAÇÃO DO SER – costuma dizer que há uma diferença fundamental entre “caridade” e “benemerência”, algo assim, que cito de memória e com a minhas palavras:

A caridade é a doação de algo que não vai lhe fazer falta. A benemerência é a doação de algo que vai lhe fazer falta. [Maurício Crispim, pelas palavras e má memória de Dalton]

Significado de Benemerência:

Ação ou característica de benemérito, de quem é digno de honras e louvores; merecimento. [Dicio na web em 30/09/2021 – https://www.dicio.com.br/benemerencia]

Achei ainda a diferença entre Filantropia e Caridade:

Caridade, por definição, é ato pelo qual se beneficia o próximo, utilizado para falar de auxílio aos mais necessidades, aos mais pobres. O sentido de caridade nasce com as instituições de misericórdia que atuavam na assistência médico-hospitalar. Está associado a ações assistenciais que buscar melhorar, mesmo que de forma paliativa, as condições adversas dos que necessitam de refeições, roupas, abrigo, cuidados.

Já filantropia, por definição, significa “profundo amor à humanidade”, estando relacionado à generosidade com o próximo. O sentido de filantropia nasce da necessidade de enfrentar problemas sociais e ambientais, buscando transformar, propondo ações contínuas para provocar mudanças. [https://arredondar.org.br/caridade-versus-filantropia/ – em 30/09/2021]

A melhor forma de caridade e de doação é a que transforma o mundo, e a melhor e mais potente energia que influencia isso é a mudança íntima a um novo patamar de consciência expandida e amorosa que não julga, não alimenta dogma, não impõe proselitismo, não é clubista e nem egóica. Muitas vezes uma oração sincera e elevada na solidão de um barraco numa comunidade simples, vale mais que a doação de 1 milhão doado pelo rico a uma entidade Y ou hospital X, por causa da diferença no nível vibratório elevado no íntimo do doador.

A verdadeira caridade é mudar o mundo, ou seja, mudar a si mesmo no íntimo que procura a autocura da alma, a melhoria da ética e da cosmoética. Temos que procurar uma mudança social e política mais justa que beneficie mais os mais pobres, que diminua a necessidade de esmolas e mais humilhações. Temos que privilegiar as classes sociais mais baixas e deixar de privilegiar a nossa classe e nosso egoísmo.

O brasileiro adora dar esmolas, fazer um bazar, ministrar passes, rezar, fazer rituais, mas não abre mão do egoísmo de sua classe e status social, afinal, “é um absurdo eu encontrar a minha diarista na Disney”, ou a babá de meu filho no aeroporto ou na 1ª classe dentro do avião na poltrona ao lado”, ou o jardineiro negro no mesmo clube de lazer em que levo a família no domingo, ou ver o funcionário com um carro bom.

Eu, o Dalton, autor deste site e deste artigo, tenho apenas uma posição política: “melhorar o mundo através da priorização da melhoria das condições de vida dos mais pobres, negligenciando a minha própria classe social”. Isso significa que minha posição política é a de esquerda sem preferência de partidos ou políticos, dentro de uma visão conceitual e idealista de quem acredita na humanidade e no futuro do planeta. Eu acredito que o mundo será melhor para mim e para as gerações futuras em todas as classes sociais dentro deste ideal simples de se entender.

Dalton Campos Roque – https://consciencial.org/apometria-espiritismo/quem-doa-nao-se-doa/

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