Introdução
retirada de: <http://www.webartigos.com/artigos/a-mudanca-de-paradigma-em-thomas-s-kuhn/71867/#ixzz48HQv94i4> de Albio Fabian Melchioretto, em 10/05/2016
Este breve relato ocupar-se-á com a abordagem da filosofia da ciência apresentada por Thomas Samuel Kuhn, de modo particular analisando a estrutura da mudança de paradigma. Antes de qualquer outro comentário se faz necessário apontar alguns dados biográficos a respeito do autor. O autor integra um grupo de pensadores epistemológicos, pós Popper, que busca fundamentar uma nova imagem da ciência ou uma nova teoria da ciência. Nasce no ano de 1922, na cidade de Cincinatti, nos Estados Unidos, e vem a falecer em 1996, em Cambridge vítima de cancro.
Torna-se internacionalmente conhecido pela sua contribuição à mudança de se pensar filosofia e sociologia científica. Tem suas ideias influencias pelos textos do médico e biólogo polonês Ludwick Fleck que escrevera sobre filosofia da ciência, criando na década de 1930 o conceito de pensamento coletivo. Fleck é considerado o precursor da noção de paradigma. Voltando para Kuhn, no ano de 1943, forma-se em física pela universidade de Harvard. Pela mesma universidade recebe o grau de mestrado em 1946 e três anos mais tarde, 1949, o de doutorado. Entre as obras e artigos publicados se destacam A Revolução copernicana em 1959. Em 1962 publica o livro Estruturas das Revoluções Científicas onde defende esta nova abordagem da ciência.
A obra do autor tece, em certo grau, críticas ao pensamento de Popper proposta na tese do falseamento publicada em 1959, intitulada A lógica da pesquisa científica. O autor sofre acusações de irracionalismo, e escreve, em 1974, um ensaio chamado Reconsiderando os paradigmas e, logo depois, publica outro livro, Teoria do corpo negro e descontinuidade quântica: 1894-1912, no ano de 1979. Ainda do autor, Tensão Essenciall de 1977 e O caminho desde a estrutura: ensaios filosóficos 1970-1993, publicado em 1995.
O que é paradigma segundo Thomas Kuhn
https://filosofonet.wordpress.com/2012/07/02/o-que-e-paradigma-segundo-thomas-kuhn/
Por Michel Aires de Souza
Entender as ciências é conhecer sua prática, seu funcionamento e seus mecanismos. É compreender o comportamento do cientista, suas atitudes e suas decisões. Foi a partir da compreensão da prática do cientista que Thomas Kuhn desvelou os mecanismos internos das ciências. Para ele as ciências evoluem através de paradigmas. Paradigmas são modelos, representações e interpretações de mundo universalmente reconhecidas que fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade científica.
É por meio dos paradigmas que os cientistas buscam respostas para os problemas colocados pelas ciências. Os paradigmas são, portanto, os pressupostos das ciências. A prática científica ao fomentar leis, teorias, explicações e aplicações criam modelos que fomentam as tradições científicas. Segundo Kuhn, os “paradigmas são as realizações cientificas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornece problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência” (Kuhn, 1991, p.13). A física de Aristóteles é um bom exemplo de paradigma, sua teoria foi aceito por mais de mil anos. A astronomia Copernicana, a dinâmica Newtoniana, a química de Boyle, a teoria da relatividade de Einstein também são paradigmas.
O conceito de paradigma surgiu das experiências de Kuhn como cientista. Ele percebeu que a prática cientifica é uma tentativa de forçar a natureza a encaixar-se dentro dos limites preestabelecidos e relativamente inflexíveis fornecido pelo paradigma. Ou seja, a ciência é uma tentativa de forçar a natureza a esquemas conceituais fornecidos pela educação profissional. Na ausência de um paradigma, todos os fatos significativos são pertinentes ao desenvolvimento de uma ciência.
O motor das ciências é a luta entre moldelos explicativos, entre teorias e concepções de mundo, “o desenvolvimentoda da maioria das ciências têm-se caracterizado pela contínua competição entre diversas concepções de natureza distintas”. (Kuhn, 1991, p.22). É o que Kuhn denomina de ciência normal. A ciência normal não se desenvolve por acumulação de descobertas e invenções individuais, mas por revoluções de paradigmas. Por exemplo, a teoria geocêntrica de Ptolomeu, que afirmava ser a terra o centro do universo, foi substituída por um novo modelo, a teoria heliocêntrica de Copérnico, que afirmava ser o sol o centro. Outro exemplo é a teoria da gravitação de Newton, que afirmava ser a gravidade uma força fundamental existente em todos os corpos. Essa teoria foi completamente modificada por um novo modelo explicativo, a teoria da relatividade-geral de Einstein. Segundo esse novo modelo, a gravidade não seria uma característica dos corpos, mas das distorções do espaço-tempo local causado pelo peso das massas dos corpos. Essas transformações de paradigmas são revoluções científicas e “a transição sucessiva de um paradigma a outro, por meio de uma revolução, é o padrão usual de desenvolvimento da ciência amadurecida” (Kuhn, 1991, 32).
Para Kuhn a ciência normal são as pesquisas que estão baseadas em conquistas do passado. Essas conquistas são reconhecidas pela comunidade científica de uma área particular e possuem duas características comuns. A primeira característica é que suas conquistas atraem um grande número de cientista em torno de uma atividade ou teoria. A segunda afirma que suas realizações estão abertas para a comunidade científica problematizar e resolver toda espécie de problemas. Os cientistas que compartilham um mesmo paradigma estão comprometidos com as mesmas “regras” e “padrões” estabelecidos pela prática científica. “A ciência normal, atividade na qual a maioria dos cientistas emprega inevitavelmente quase todo seu tempo, é baseada no pressuposto de que a comunidade científica sabe como é o mundo. Grande parte do sucesso do empreendimento deriva da disposição da comunidade para defender esse pressuposto – com custos consideráveis se necessário”. (Kuhn, 1991, p.24).
Kuhn (1991) afirma ainda que o paradigma se constitui como uma rede de compromissos ou adesões, conceituais, teóricas, metodológicas e instrumentais compartilhados. O paradigma é o que faz com que um cientista seja membro de uma determinada comunidade cientifica. Através da educação o jovem adquire os esquemas conceituais de sua atividade. É a educação profissional que lhe permitirá aprender e internalizar esses pressupostos. Uma vez aprendido o cientista vai compartilha-los em sua prática profissional.
Outra característica importante do paradigma é que ele não depende de regras externas. Para Kuhn (1991, p.69), os problemas e técnicas da pesquisa que surgem numa tradição não estão necessariamente submetidos a um conjunto de regras. A falta de uma interpretação padronizada ou de regras não impede que um paradigma oriente a pesquisa. Na verdade, a existência de um paradigma nem mesmo precisa implicar a existência de qualquer conjunto completo de regras. Isso significa que a ciência normal não é um empreendimento unificado e monolítico. As várias ciências e seus vários ramos são bastante instáveis, muitos delas não têm coerência entre suas partes. Há grandes revoluções como pequenas revoluçãos, algumas apenas afetam apenas uma parte de um campo de estudos, outras afetam grupos bastante amplos. Devido a esta estrutura instável das ciências é impossível uma total padronização dos paradigmas.
Bibliografia
KUHN, Thomas. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991.
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