(Os Cuidados na Comunicação Espiritual)
– Por Wagner Borges –
(Matéria Publicada na Revista Espiritismo e Ciência – Número 17 – Julho de 2004)*.
1. Como é possível identificar uma comunicação como verdadeira ou falsa? Até que ponto o médium pode ter certeza de que está mesmo recebendo a comunicação de algum espírito e não apenas ouvindo sua voz mental?
– Resposta: Quanto mais preparado espiritualmente o médium estiver, maior será o seu discernimento a respeito das mensagens que recebe. Por isso é necessário o aprofundamento do médium nos estudos espirituais sérios. À medida em que for progredindo em seus estudos, e baseado em sentimentos elevados, suas percepções se ampliarão, e aí a identificação da procedência espiritual será clara e precisa.
É essencial o mergulho consciencial nos estudos sérios da espiritualidade. Sem isso, o médium corre o risco de ser enganado, não só por espíritos maquiavélicos, mas, também, por si mesmo.
2. Que tipo de precauções se deve ter no contato com espíritos?
– Resposta: Um espírito pode alterar a própria aparência de seu corpo espiritual**, mas não é capaz de alterar o seu padrão energético. Pode até se parecer com um mentor espiritual de luz, mas, como as energias seguem o padrão do que a consciência pensa, sente e faz, o seu clima psíquico será insidioso e estranho. E o oposto também é verdadeiro: um mentor espiritual pode alterar a aparência de seu corpo espiritual para uma figura diferente, só para testar o discernimento do médium, mas suas energias e suas idéias continuarão sadias.
Logo, por uma questão de discernimento, o médium deve prestar atenção ao teor das idéias passadas e à qualidade das energias manifestadas pelo espírito. Espíritos amparadores sempre passam idéias criativas e jamais exaltam o ego de ninguém.
3. Pode-se dizer que o padrão energético de cada espírito é o seu cartão de visita consciencial. Compete ao médium saber avaliar se o cartão é válido ou não.3 – Quais os problemas que podem surgir em ocasiões de contato? Existem muitos casos em que coisas ruins, prejudiciais, ocorram nesses contatos?
– Resposta: O contato com espíritos legais é sempre sadio, pois os mesmos portam energias conscienciais elevadas. Porém, o contato com entidades enfermas causa sérias intoxicações na aura do médium. Isso pode acarretar sérios distúrbios nas vibrações dos chacras e do campo energético (duplo etérico). Além disso, há o risco de distúrbios psíquicos, com alterações de personalidade e o surgimento de tendências estranhas no jeito de ser do médium desavisado.
Pode-se dizer que muitas obsessões espirituais começam por aí. Não custa nada relembrar aqui o sábio toque espiritual de Jesus: “ORAI E VIGIAI”.
4. Algo de que sempre ouvimos falar é o cuidado na realização das famosas sessões com o copo; desde pequenos, nos dizem que é perigoso fazer sessões com o copo. Por que? Em alguns países, como os Estados Unidos, é comum se venderem tábuas ouija como se fossem um brinquedo, um passatempo. Quais os verdadeiros problemas que podem surgir da utilização desses instrumentos?
– Resposta: Para mexer um objeto no plano físico é necessária uma certa quantidade de ectoplasma (substância protoplásmica emanada do corpo físico do médium ectoplasta), para que os espíritos desencarnados possam utilizá-la na produção de efeitos físicos. Ocorre que os espíritos apegados e obsessores estão mais próximos, vibracionalmente falando, do plano físico. Por isso, há uma forte possibilidade de que quem mexa o copo ou a tábua seja alguém de um plano denso. Há espíritos levianos que adoram se passar por espíritos superiores, dando conselhos furados e aparentando uma nobreza que não possuem verdadeiramente. Esses espíritos manipulam a energia psíquica das próprias pessoas envolvidas nas sessões com o copo e a prancha, e movimentam os mesmos a partir desse uso indevido das energias alheias.
É possível que um espírito superior possa se apresentar e ajudar alguém numa sessão dessas, mas não é o que mostra a prática mediúnica. Normalmente, os amparadores procuram passar coisas úteis pelas vias da intuição, das idéias criativas, ou mesmo encontrando-se com as pessoas durante o sono, quando elas estão projetadas fora de seus corpos densos, para aconselhamento e estudos de temas enobrecedores.
Além do risco de serem enganadas por esses espíritos manipuladores de objetos físicos, é bom considerar, também, o desgaste energético e psíquico dos participantes dessas sessões. Tal energia do grupo poderia ser direcionada para cura ou irradiações invisíveis a favor da humanidade. Mas, em sua grande maioria, quem procura (…) esses métodos, está querendo (…) uma brincadeira com o Invisível, e aí sempre haverá o risco de se iludir.
5. Existe o perigo do médium ficar dependente das comunicações espirituais ou de seu guia?
– Resposta: Sim. O médium pode evitar isso estudando e se elevando espiritualmente, sem esquecer de que também é um espírito. Como tal, apresenta o seu próprio potencial criativo, independente do espírito guia. Ele também pode produzir lindas mensagens e aportar diversas energias sadias em sua manifestação individual.
O legal é ver um conjunto sadio: espíritos comunicantes elevados trabalhando com pessoas encarnadas excelentes.
É bom assinalar para todos os estudantes espirituais, que desenvolvimento parapsíquico (incluindo aí a mediunidade, as experiências fora do corpo, a ativação dos chacras, a telepatia, a clarividência e outras capacidades fenomênicas) não é o mesmo que desenvolvimento espiritual.
Esse último é o desenvolvimento das qualidades de caráter e virtudes de um ser em evolução, e nem sempre os dois desenvolvimentos andam equilibradamente. Há médiuns que apresentam fortes qualidades mediúnicas, mas não portam bom senso e nem se utilizam de suas capacidades para melhoria de si mesmos ou de outros. Alguns chegam a se utilizar da mediunidade para finalidades destrutivas e sem ética.
Para aqueles interessados nesses estudos e práticas espirituais, é sempre bom objetivar o desenvolvimento equilibrado de suas capacidades parapsíquicas associado ao desenvolvimento de paciência, discernimento, compaixão, bom senso, inteligência, modéstia, muita alegria e agradecimento ao TODO pelas oportunidades de crescimento consciencial.
Conclusão
Concluo isso com um toque espiritual que o espírito André Luiz me passou espiritualmente, em certa ocasião em que eu estava fora do corpo:
“O subdesenvolvimento da consciência se caracteriza pelo baixo nível dos pensamentos, que nascem no seu campo mental, e pelo alto grau de radicalismo, egoísmo, medo, orgulho, raiva e preconceito que se manifestam no seu campo emocional.”
Paz e Luz.
– Wagner Borges –
– Notas:
* Esse texto foi editado para ser publicado na revista Espiritismo e Ciência, mas aqui está disponibilizado na íntegra, contendo os trechos originais que foram cortados na edição (por falta de espaço na revista).
** Corpo espiritual (Cristianismo – Cor. I, cap. 15, vers. 44) – Sinonímias: “Corpo astral” (do Latim “Astrum”: “Estrelado” – Expressão usada pelo grande iniciado alquimista Paracelso, no séc. 16, na Europa, e por diversos ocultistas e teosofistas posteriormente) – “Perispírito” (Espiritismo – Allan Kardec, séc. 19, na França) – “Corpo de luz” (Ocultismo), “Psicossoma” (do Grego: “Psique”: “Alma”; e “Soma”: “Corpo” – Significa literalmente “corpo da alma” – Expressão usada inicialmente pelo espírito André Luiz nas obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier e por Waldo Vieira, nas décadas de 1950-1960, que atualmente é mais usada pelos estudantes de Projeciologia).
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