Médium, mediunidade, medianeiro, mediúnico, mediunato, medianímico,

A mediunidade vista por alguns pioneiros da área mental

Retirado integralmente de: https://www.scielo.br/j/rpc/a/TD7y8SYqpBYfRzZF9b9DGcd/

As vivências tidas como mediúnicas são descritas na maioria das civilizações e têm um grande impacto sobre a sociedade. Apesar de ser um tema pouco estudado atualmente, já foi objeto de intensas investigações por alguns dos fundadores da moderna psicologia e psiquiatria. Foi revisado o material produzido por Janet, James, Myers, Freud e Jung a respeito da mediunidade, com ênfase em dois aspectos: suas causas e relações com psicopatologia. Esses pesquisadores chegaram a três conclusões distintas. Janet e Freud associaram mediunidade com psicopatologia e a uma origem exclusiva no inconsciente pessoal. Jung e James aceitavam a possibilidade de um caráter não-patológico e uma origem no inconsciente pessoal, mas sem excluírem em definitivo a real atuação de um espírito desencarnado. Por fim, Myers associou a mediunidade a um desenvolvimento superior da personalidade e tendo como causa um misto entre o inconsciente, a telepatia e ação de espíritos desencarnados. Como conclusão, é apontada a necessidade de se conhecer os estudos já realizados para dar continuidade nessas investigações em busca de um paradigma realmente científico sobre a mediunidade.

mediunidade; dissociação; inconsciente; espiritismo; história


Introdução

 

Uma das definições possíveis de mediunidade é “a comunicação provinda de uma fonte que é considerada existir em um outro nível ou dimensão além da realidade física conhecida e que também não proviria da mente normal do médium” (Klimo, 1998). Tal definição parece-nos adequada para a investigação científica, pois é neutra quanto às reais origens de tais vivências, apenas requerendo que aqueles que as vivenciem sintam que a origem é de alguma fonte externa. As vivências tidas como mediúnicas têm sido identificadas na maior parte das sociedades ao longo da história e possuem uma enorme influência sobre aqueles que as vivenciam direta ou indiretamente. Foram extremamente importantes no surgimento das principais religiões do Oriente Próximo e Ocidente: Moisés e os profetas hebreus recebendo mensagens de Jeová ou dos anjos (Ex 19 e 20; Jz 13:3; IIRs 1:3; Jl 2:28; ISam 28), a conversão de Paulo às portas de Damasco (At 9:1-7) e os dons do Espírito Santo dos primeiros cristãos (At 2:1-18; 19:6; ICor 12:1-11 e 14), bem como Maomé recebendo os ditados do anjo Gabriel que compõem o Corão. O tema torna-se ainda mais relevante no Brasil, onde possuímos diversas religiões que enfatizam os transes: espíritas, afro-brasileiros, evangélicos pentecostais e católicos carismáticos. Além do valor cognitivo de se estudar e compreender melhor essa milenar vivência dissociativa, deve-se ressaltar as implicações clínicas. Faz-se mister a realização de um adequado diagnóstico diferencial dessas vivências consideradas mediúnicas, buscando distinguir quando se tratam de uma vivência religiosa não-patológica das situações em que são manifestações de psicopatologia dissociativa ou psicótica.

 

Apesar de tamanho impacto exercido sobre a humanidade, a mediunidade tem sido praticamente ignorada pelos pesquisadores da área de saúde mental. Entretanto, nem sempre foi assim. No surgimento da moderna psiquiatria e psicologia, na transição entre os séculos XIX e XX, diversos pioneiros estudaram detidamente a mediunidade. Infelizmente, tais trabalhos permanecem largamente desconhecidos. Com o intuito de resgatar tais pesquisas, o presente artigo fará uma breve revisão dos principais fundadores da psiquiatria e psicologia que pesquisaram o tema. Para tanto, discutiremos Pierre Janet, William James, Frederic Myers, Jung e Freud. Destes, apenas Freud não investigou detidamente o assunto, mas, devido à importância do autor, julgamos útil apresentar também suas reflexões. As duas questões principais que receberão maior destaque são: causas da mediunidade e sua relação com psicopatologia.

 

Pierre Janet (1859-1947)

 

Janet, que teve formação em psicologia e psiquiatria, apesar de pouco conhecido atualmente, é amplamente reconhecido como o fundador das modernas visões sobre dissociação (Colp, 2000; Putnam e Lowenstein, 2000; Rieber, 2002). Seu trabalho mais importante intitula-se “L’Automatisme Psychologique“, uma tese defendida em 1889 na Sorbonne (Janet, 1889). Esta obra pode ser considerada como a primeira abordagem científica do inconsciente, trazendo os principais elementos sobre os quais se ergueria posteriormente a psiquiatria dinâmica (Faure, 1973).

 

É de se notar a relevância que a investigação de diversos tipos de experiências mediúnicas teve nesses esforços iniciais de se entender o inconsciente e a dissociação. O estudo da mediunidade e do espiritismo ocupa quase todo o capítulo destinado ao estudo das “desagregações psicológicas”, pois buscou perscrutá-las a partir de sujeitos que as apresentavam em seu mais alto grau (médiuns). Apesar de considerar o espiritismo “uma das mais curiosas superstições de nossa época”, afirmou ser este o precursor da psicologia experimental, assim como a astronomia e a química começaram através da astrologia e da alquimia. Janet defendia a importância de se estudar a mediunidade, pois nos permite “observações psicológicas muito interessantes e refinadas que são longe de inúteis para os observadores de nossos dias” (Janet, 1889, p. 357-8; 1914, p. 394-5).

 

O mesmo mecanismo psicológico é proposto para a explicação “desde os mais insignificantes atos subconscientes até as mais terríveis possessões” (p. 415-6). Janet (1889) propõe a existência de uma “segunda consciência” que persiste subjacente à corrente normal de pensamentos. Quando a personalidade humana perde sua coesão, uma parcela dela mesma pode desprender-se do conjunto e dar origem a diversos automatismos motores e sensoriais. Ou seja, fenômenos tão diversos quanto as anestesias, catalepsias, sonambulismo, escritas automáticas, alucinações, possessões seriam todas formas de “desagregação psíquica”, manifestações de uma corrente secundária de pensamentos, vontades e imagens que se sobrepõe ao campo habitual de consciência. A idéia espírita de uma possessão por uma força exterior é substituída “pela possessão de si mesmo por uma parte de si mesmo: o inconsciente intrapsíquico” (Faure, 1973). Janet negava qualquer origem paranormal para esses fenômenos.

 

O médium seria “quase sempre um nevropata, quando não francamente histérico”, e a faculdade mediúnica dependeria de um estado mórbido particular que poderia originar a histeria e a alienação. A mediunidade seria um sintoma e não uma causa de psicopatologia (Janet, 1889, p. 382-3). Contudo, em 1909, Janet publicou um caso de “delírio decorrente de práticas espíritas” (Janet, 1909). Para Rieber (2002), a maior limitação do trabalho de Janet seria considerar a dissociação sempre como um processo patológico, não percebendo que ela pode estar envolvida em comportamentos criativos saudáveis.

 

Por fim, compartilhamos com Fauce (1973) e com Rieber (2002) a perplexidade e dificuldade de compreender por que um autor tão importante quanto Janet tem sido relegado a tamanho esquecimento.

 

William James (1842-1910)

 

James, além de ter sido um eminente filósofo pragmatista, fundou, na Universidade de Harvard, o primeiro laboratório americano de psicologia. Em um levantamento feito entre os chefes dos departamentos de psicologia do Reino Unido, ao lado de Freud, Piaget, Pavlov e Skinner, foi considerado um dos cinco psicólogos mais importantes de todos os tempos (Newstead, 1983).

 

Entre as diversas áreas de investigação a que se dedicou está a religião (que resultou em seu famoso livro “As variedades da experiência religiosa”) e a então chamada psychical research (pesquisa psíquica). Apesar de menos conhecido, este último foi um importante ramo de pesquisa pelo menos nos seus últimos 30 anos de vida. James manteve estreito contato com a Society for Psychical Research (SPR) de Londres, tendo sido seu presidente entre 1894-5. Defendeu um “empirismo radical”, em que um verdadeiro pesquisador, mesmo perante fenômenos considerados absurdos e inabordáveis, precisa enfrentá-los, pensá-los e correlacioná-los. Pelo seu prestígio intelectual, James trouxe uma certa respeitabilidade à pesquisa psíquica (Murphy, 1960, p. 327-8). Sempre criticou o preconceito científico que se recusava a estudar seriamente tais fenômenos. Lamentava o paradoxo no qual os indivíduos mais capacitados para investigarem o tema (os cientistas) se recusavam, enquanto aqueles que vivenciam os fenômenos adotam uma postura de aceitação ingênua e irrefletida. “O resultado é que não há nenhuma colaboração entre aqueles que mais bem conhecem os fatos e aqueles mais competentes para discuti-los” (James, 1901, p. 220-1).

 

A investigação da mediunidade recebeu especial destaque, tendo realizado, por mais de duas décadas, pesquisas com uma das mais renomadas médiuns do século XIX, Leonore Piper (James, 1886, p. 95; 1890, p. 102.). Em 1909, publicou um substancioso relato da suposta manifestação mediúnica de um falecido pesquisador psíquico (Richard Hodson) através da médium (James, 1909, p. 115).

 

Considerava a possessão mediúnica uma forma natural e especial de personalidade alternativa em pessoas muitas vezes sem nenhum outro sinal óbvio de problemas mentais. Também dizia que a predisposição para tais vivências não seria algo incomum (James, 1890, p. 48). O autor asseverava que a investigação do transe mediúnico é uma tarefa árdua, pois seria um fenômeno excessivamente complexo em que muitos fatores concomitantes estariam envolvidos (James, 1909a). Entre as possíveis explicações para os fenômenos mediúnicos estariam a fraude, a dissociação com uma tendência a personificar uma outra personalidade e a influência de um espírito desencarnado (James 1909a). Os médiuns em transe forneciam diversas informações verídicas sobre os assistentes. Entre as hipóteses para o modo de obtenção destas informações objetivas dadas pelos médiuns estariam:

• Acertos casuais;

• Informações previamente obtidas pelo médium;

• Pistas fornecidas involuntariamente pelos assistentes;

• Criptomnésia (o médium teve acesso prévio à informação, mas não se lembra conscientemente dela, no entanto, é capaz de acessá-la em estado de transe);

• Telepatia: informação obtida da mente dos assistentes de um modo desconhecido;

• Acesso a algum “reservatório cósmico”, onde a memória de todos os fatos é armazenada;

• Real comunicação do espírito que sobreviveu à sua morte (James, 1909).

 

Para James, as três últimas hipóteses só deveriam ser consideradas após as quatro primeiras tivessem sido excluídas, pois estas seriam as explicações “naturais”. Ele considera que elas explicam a grande maioria das manifestações mediúnicas, mas que existe uma considerável parcela que tem uma origem não explicável pelas hipóteses habituais. Nesses casos, a telepatia e a real comunicação de um espírito desencarnado devem ser cogitadas como causas. Julgava que a telepatia já estava “amplamente estabelecida como um fato, embora sua freqüência seja ainda questionável” e que não haveria razões para, a priori, rejeitar que espíritos possam cooperar na produção do fenômeno (James, 1890a). Apesar de algumas vezes considerar que a atuação de um espírito desencarnado possa ser a explicação mais razoável em certos casos (James, 1890a), James nunca deu por resolvida tal questão. No seu último relato publicado, um ano antes de sua morte, em que expõe suas impressões finais, ele defende que os fenômenos psíquicos eram fatos naturais ainda ignorados pela ciência ortodoxa, apesar de muito promissores:

 

“Os fatos chamados psíquicos apenas começaram a ser tocados e investigados com propósitos científicos. Eu estou persuadido que é através da investigação destes fatos que as maiores conquistas científicas da próxima geração serão alcançadas” (James, 1909a).

 

Frederic W. H. Myers (1843-1901)

 

Myers não teve formação em psicologia, mas em literatura clássica, tornando-se professor de cultura clássica na Universidade de Cambridge. Apesar disso, apresentou diversas contribuições à psicologia. Foi, em 1893, o primeiro autor a introduzir os trabalhos de Freud ao público britânico (Mishlove, 2001). Sua maior colaboração diz respeito à investigação do inconsciente, que ele denominou de Self subliminal. Nas palavras de seu amigo e colega de pesquisas W. James (1901):

 

“No ultimo meio século, psicólogos têm admitido a existência de uma região mental subliminal sob o nome de cerebração inconsciente ou vida involuntária. Entretanto, nunca tinha sido definitivamente investigada a extensão dessa região, nem explicitamente mapeada. Myers definitivamente abordou este problema, que, após ele, será impossível ignorar”.

 

Em 1882, ao lado de outros pesquisadores de Cambridge, fundou a SPR, cujo objetivo era obter informações sobre telepatia, hipnotismo, assombrações e alucinações. Em suas pesquisas nesta área, notadamente com médiuns, desenvolveu todo o seu trabalho e corpo teórico sobre o Self subliminal. Sua última e principal obra foi deixada incompleta devido ao seu falecimento em 1901 e foi publicada postumamente em 1903, com o nome Human Personality and Its Survival of Bodily Death (Myers, 2001). Tanto sua participação na fundação da SPR quanto a publicação deste livro são citados como marcos na história da psicologia britânica pela British Psychological Society (2003).

 

Myers afirmava que o “Self consciente” (ou o Self supraliminal, como ele preferia) não representava toda a mente. Existiria “uma consciência mais abrangente, mais profunda, cujo potencial permanece em sua maior parte latente”. Utilizou a palavra subliminal para designar “tudo que ocorre sob o limiar ordinário, fora da consciência habitual”. Haveria continuamente toda uma vida psíquica com pensamentos, sensações e emoções que “raramente emerge na corrente supraliminal da consciência, com a qual nós habitualmente nos identificamos”. Pelo fato de essa vida psíquica oculta ter características que normalmente associamos com a vida consciente, com o que normalmente chamamos de Self, julgou conveniente falar de um Self subliminal. Mas isso não significa que haveria dois selves paralelos sempre existindo dentro de nós. Haveria apenas um Self, com uma pequena porção consciente (supraliminal) e grande parte inconsciente (subliminal) (Myers, 2001, p. 6-7).

 

Os conteúdos subliminais que atingem a consciência supraliminal freqüentemente são qualitativamente diferentes de qualquer elemento de nossa vida supraliminal, inclusive faculdades das quais não há conhecimento prévio. Tais habilidades envolveriam uma grande ampliação de nossas faculdades mentais, incluindo as inspirações dos gênios, telepatia, clarividência e mesmo a comunicação com os mortos. Ao longo da obra, o autor vai passando gradualmente de fenômenos corriqueiros para aqueles considerados supranormais. Dessa forma, o Self subliminal é implicado, numa visão evolutiva, na causa de eventos como as enfermidades histeroconversivas, inspirações dos gênios, sono, hipnotismo, alucinações, telepatia, automatismos motores e transes de possessão.

 

Myers sustenta que os fenômenos histéricos de desagregação da personalidade, apesar de patológicos, são de extrema importância para a compreensão do funcionamento psíquico humano e dos potenciais ainda ocultos da mente humana. Poderiam apontar para formas mais desenvolvidas de atividade mental: cada forma de dissociação das funções psíquicas sugeriria uma possibilidade correspondente de integração (Myers, 2001, p. 15; 47).

 

Coligindo um impressionante manancial de casos descritos e analisados, busca dar sustentação empírica a cada uma de suas afirmações. O autor enfatiza diversas vezes que evitou deliberadamente fazer teologia, metafísica ou filosofia. Dizia-se vivamente impressionado pelo paradoxo de os métodos da ciência moderna nunca terem sido aplicados ao problema que inquieta mais profundamente o homem: “Se a personalidade tem ou não algum elemento que possa sobreviver à morte corporal” (Myers, 2001, p. 1). Ele buscou derrubar o muro artificial entre a ciência e a superstição. Criticou a atitude de reverenciar como sagrados ou de descartar, a priori, como equívocos, os fenômenos estranhos, anômalos e que não se encaixam nas teorias vigentes. Tais fenômenos deveriam ser encarados como um desafio para se buscar as leis naturais que regem seu funcionamento (Myers, 2001, p. 343).

 

Em suas pesquisas sobre mediunidade, observou que a maioria das manifestações consideradas mediúnicas seria oriunda da emergência de conteúdos do Self subliminal do próprio médium. Nas inúmeras vezes em que o sensitivo evidenciava conhecimentos não passíveis de terem sido adquiridos pelas vias normais, teriam sido obtidos por telepatia ou clarividência (Myers, 2001, p. 11). Considerava haver evidências contundentes da capacidade de comunicação telepática entre indivíduos encarnados. Essa possibilidade de influência a distância entre duas mentes encarnadas abriria também, pelo menos em tese, a possibilidade de influência a partir de uma possível mente desencarnada (Myers, 2001, p. 343). Ao final de suas investigações, Myers concluiu que “a evidência para a comunicação com os espíritos de pessoas falecidas através dos transes ou escritos de sensitivos aparentemente controlados por estes espíritos está estabelecida além da possibilidade de um ataque sério” (Myers, 2001, p. 12). Durante seus trabalhos, investigou diversos médiuns, incluindo Mrs. Piper.

 

Em resumo, Myers considerou que a maioria das manifestações mediúnicas era oriunda do próprio médium, mas que havia alguns casos em que esta explicação não era suficiente. Em tais casos, a hipótese mais plausível era a telepatia e a efetiva comunicação de uma mente já desencarnada. As investigações nessa área envolveriam uma grande complexidade, pois uma mesma comunicação mediúnica pode conter alguns elementos da mente do médium e outros obtidos telepaticamente, tanto de encarnados como do espírito desencarnado comunicante (Myers, 2001, p. 337). Ponderou que a utilização de sua teoria do Self subliminal (incluindo o inconsciente pessoal, a telepatia e a comunicação com os mortos), longe de negar os avanços já realizados pela psicologia, viria ampliá-los. Tal formulação teórica seria um poderoso instrumento para coordenar e explicar uma vasta gama de fenômenos que de outra forma seriam vistos como absurdos ou anômalos (Myers, 2001, p. 292). Por fim, defendeu a continuação das investigações por muitas gerações através de um único modo: “métodos abertos, honestos e francos que o moderno espírito científico exige” (Myers, 2001, p. 346).

 

No ano da publicação desta obra, James (1903) publicou uma ampla revisão comentando-a. Enfatizou a qualidade científica do trabalho, qualificando-o “ao menos como uma obra-prima de coordenação e unificação” de uma vasta gama de fenômenos aparentemente desconectados, demonstrando “uma genialidade similar à de Charles Darwin”. Pondera que o autor oferece evidências empíricas para a existência concreta de cada elemento de seu esquema teórico. Por fim, James aponta algumas fragilidades da obra: a utilização em algumas passagens de um tom excessivamente poético, algumas das evidências que embasam sua teoria são ainda frágeis e que pode ter generalizado excessivamente a existência e abrangência do Self subliminal.

 

“Myers proveu a psicologia com um novo problema a exploração da região subliminal, que, de agora em diante, deve figurar naquele ramo do conhecimento como ‘o problema de Myers’ (…)

 

Qualquer um com um senso de evidência, um senso não embotado pelo sectarismo da ‘ciência’, deve agora, me parece, perceber que sensibilidades ampliadas, transes com faculdades supranormais e mesmo transferências experimentais de pensamento são tipos de fenômenos naturais que devem, assim como qualquer outro evento natural, ser acompanhados com curiosidade científica”.

 

Como curiosidade, vale a pena relatar que, após o falecimento de Myers, surgiram comunicações mediúnicas atribuídas a ele, nas quais buscaria dar novas evidências da sobrevivência do homem após a morte física. Essas manifestações deram origem a um novo tipo de método, que é considerado pelos espiritualistas como um dos mais contundentes a favor da hipótese imortalista: as “correspondências cruzadas” (Smith, 2001). O nome provém do fato de que diferentes médiuns, sem contato normal entre si, de modo independente, comunicariam mensagens que, isoladamente careceriam de sentido, mas que, quando agrupadas, formariam um todo coerente. Essas comunicações foram interpretadas como evidências de um plano das inteligências desencarnadas que, alegadamente, coordenariam as comunicações (Stevenson, 1977).

 

Sigmund Freud (1856-1939)

 

Como afirma James Strachey, editor da Edição Standard das Obras Psicológicas de Sigmund Freud, “o interesse dele (Freud) pela feitiçaria, possessões e fenômenos afins já vinha de longa data. Parece possível que tenha sido estimulado por seus estudos na Salpêtrière em 1885-6.

 

O próprio Charcot concedera muita atenção aos aspectos históricos da neurose, fato mencionado em mais de um ponto do ‘Relatório’ de Freud sobre sua visita a Paris (1956a [1886]) (Nota do editor, neurose demoníaca)”.

 

Entretanto, Freud não escreveu muito sobre mediunidade, freqüentemente, apenas de passagem quando abordava outros assuntos. Como ele próprio afirma, sua interpretação deste fenômeno foi muito influenciada por Charcot:

 

“Diversos autores, e dentre eles Charcot é o principal, identificaram, como sabemos, manifestações de histeria nos retratos de possessão e êxtase (…). Os estados de possessão correspondem às nossas neuroses, para cuja explicação mais uma vez recorremos aos poderes psíquicos. Aos nossos olhos, os demônios são desejos maus e repreensíveis, derivados de impulsos instintuais que foram repudiados e reprimidos. Nós simplesmente eliminamos a projeção dessas entidades mentais para o mundo externo, projeção esta que a Idade Média fazia; em vez disso, encaramo-las como tendo surgido na vida interna do paciente, onde têm sua morada” (Freud, 1923 introdução).

 

Ao explicar que sua teoria de que os sintomas histéricos adviriam de uma cisão da consciência não deveria gerar espanto, afirma que esta é a mesma solução que foi dada durante a Idade Média ao atribuírem à possessão demoníaca a causa dos sintomas histéricos. O que precisava ser feito era apenas “trocar a terminologia religiosa daquela era obscurantista e supersticiosa pela linguagem científica de nossos dias” (Freud, 1893).

 

Freud (1927) considerava que os espiritualistas não conseguiam refutar a hipótese de que as manifestações mediúnicas seriam simples produtos da atividade mental dos próprios médiuns. Seu ponto de vista baseava-se na observação de que a evocação dos espíritos dos mais eminentes pensadores trouxe pronunciamentos tão tolos e sem sentido “que neles nada se pode encontrar de crível, exceto a capacidade dos espíritos em se adaptarem ao círculo de pessoas que os conjuraram”. Ou seja, Freud não identificou a existência de comunicações mediúnicas onde seriam manifestados conhecimentos ou habilidades além da capacidade dos médiuns.

 

Apesar de ser considerada como um vestígio de superstição e primitivismo, Freud adverte que a crença “nos espíritos e fantasmas, e no retorno dos mortos” ainda está longe de ter desaparecido entre a gente culta. “Mesmo o homem que se tornou céptico e racional pode descobrir, envergonhado, que sob o impacto da perplexidade e de emoções fortes facilmente volta por momentos a acreditar em espíritos”. Ao final destas considerações, confessa, constrangido, que tal fato já ocorreu com ele mesmo (Freud, 1907).

 

Em 1921, comenta que o interesse pelos fenômenos conhecidos como “ocultos” havia se disseminado, o que atribui a uma tentativa de compensação “de criar noutra esfera, supermundana, as atrações perdidas pela vida sobre esta Terra” após a Primeira Guerra Mundial. Diz que, durante suas férias, recusou associar-se a três periódicos que estudavam esses temas. Manifesta preocupação com as possíveis implicações dessas pesquisas:

 

“Se os seres espirituais, que são os amigos íntimos dos indagadores humanos, podem fornecer explicações definitivas para tudo, nenhum interesse é capaz de sobrar para as laboriosas abordagens às forças mentais desconhecidas efetuadas pela pesquisa analítica.

 

Tanto assim, que os métodos da técnica analítica serão abandonados se houver uma esperança de entrar em contato direto com os espíritos operantes através de processos ocultos, tal como os hábitos do trabalho paciente e enfadonho são abandonados quando há a esperança de se ficar rico de um só golpe, mediante uma especulação bem-sucedida” (Freud, 1921).

 

Por outro lado, já em 1933, não mais sentia as dúvidas sobre a propriedade de discutir os fenômenos ocultos, afasta os temores, anteriormente expressos, de as perspectivas científicas da psicanálise poderem ser colocadas em perigo, caso a verdade da transmissão de pensamento viesse a ser estabelecida:

 

“Em minha opinião, não mostra grande confiança na ciência quem não pensa ser possível assimilar e utilizar tudo aquilo que talvez venha a se revelar verdadeiro nas assertivas dos ocultistas. E especialmente no que diz respeito à transmissão de pensamento, ela parece realmente favorecer a extensão do modo científico ou, como dizem nossos opositores, mecanicista de pensamento aos fenômenos mentais que são tão difíceis de apreender” (Freud, 1933).

 

Carl Gustav Jung (1875-1961)

 

O interesse de Jung pela mediunidade já se manifestou em sua dissertação publicada em 1902 para a obtenção do título de médico: “Sobre a Psicologia e a Patologia dos Fenômenos Chamados Ocultos” (Jung, 1994). Para realizá-la, Jung investigou entre 1899 e 1900, S. W., uma prima sua de 15 anos que era tida como médium, mas que ele concluiu tratar-se de uma histérica, um caso de “sonambulismo com carga hereditária”.

 

Seguindo a linha de Janet (com quem Jung estudou por um semestre em 1902), considerou que o suposto espírito comunicante era, na realidade, uma personalidade subconsciente que se manifestaria através de uma série de automatismos como a escrita automática (que atualmente chamaríamos de psicografia) e as alucinações (Jung, 1994, p. 57). Haveria uma desagregação de complexos psíquicos que se manifestariam como individualidades, cuja existência depende de sugestões do ambiente e de certa predisposição do médium. A individualização da subconsciência teria enorme influência sugestiva sobre a formação de novos e posteriores automatismos. Como afirma o autor: “É desse modo que podemos considerar, em nosso caso, o surgimento das personalidades inconscientes” (Jung, 1994, p. 63).

 

Com a prática e desenvolvimento da capacidade dissociativa dos médiuns, maior vai sendo a “plasticidade das situações oníricas”, trazendo cada vez mais complexidade e elaboração às manifestações mediúnicas, bem como ao conteúdo das histórias e teorias apresentadas pelas personalidades comunicantes. No caso de S. W., a ampliação de seus sistemas ocorria exclusivamente durante os transes; em seu estado normal era totalmente incapaz de dar qualquer nova idéia ou explicação (Jung, 1994, p. 76-7).

 

Com a prática das sessões mediúnicas, os “espíritos” se multiplicaram:

 

“A variedade de nomes parecia inesgotável, mas a diferença entre as respectivas personalidades cedo se esgotou e ficou patente que todas as personalidades podiam ser classificadas em dois tipos: o sério-religioso e o alegre-brincalhão. Na verdade, tratava-se apenas de duas personalidades subconscientemente diversas que se manifestavam com diferentes nomes que, no entanto, tinham pouca importância” (Jung, 1994, p. 81).

 

Apesar de numerosas, as personalidades subconscientes só evidenciavam conhecimentos que a paciente possuía no estado de vigília; nos casos em que isso não ocorria, se devia à criptomnésia1 (Jung, 1994, p. 82). Um outro fator que responde pelas capacidades exibidas pelos médiuns durante o transe é o chamado “aumento do rendimento inconsciente”. Definido pelo autor como: “aquele processo automático cujo resultado não está ao alcance da atividade psíquica consciente do respectivo indivíduo” (Jung, 1994, p. 88-9). Nesses transes em que há uma manifestação importante do inconsciente, o paciente pode exibir uma inteligência mais aguçada, bem como ter acesso a informações não disponíveis na vigília (através da criptomnésia). A paciente em estudo apresentou um “aumento de rendimento que ultrapassa sua inteligência normal. (…) levando em conta a idade e mentalidade da paciente, deve ser considerado como algo fora do comum” (Jung, 1994, p. 95-6).

 

Sobre a causa básica do quadro em análise, Jung afirma:

 

“Não estaremos equivocados se procurarmos na sexualidade emergente a principal causa desse quadro clínico peculiar. Visto sob esse ângulo, todo o ser de Ivenes2, juntamente com sua enorme família, nada mais é do que um sonho de realização de desejos sexuais que se distingue dos sonhos de uma noite pelo fato de prolongar-se por meses e anos” (Jung, 1994, p. 78-9).

 

No final de sua tese, Jung conclui:

 

“Longe estou de acreditar que com este trabalho tenha conseguido um resultado definitivo ou cientificamente satisfatório. Meu esforço visou sobretudo à opinião superficial daqueles que dedicam aos fenômenos chamados ocultos nada mais que um sorriso de escárnio; também teve como objetivo mostrar as várias conexões que existem entre esses fenômenos e o campo experimental do médico e da psicologia e, finalmente, apontar para as diversas questões de peso que este campo inexplorado nos reserva. Este trabalho me convenceu de que neste campo está amadurecendo rica colheita para a psicologia experimental (…)

 

Espero que meu trabalho ajude a ciência a encontrar caminhos que a levem a compreender e assimilar sempre mais a psicologia do inconsciente” (Jung, 1994, 1902, p. 96).

 

Jung escreveu em circunstâncias obscuras um enigmático texto em 1916, intitulado “Septem Sermones ad Mortuos” (Sete Sermões aos Mortos). Atribuiu a autoria a um gnóstico do século II, Basílides, o que levou alguns a considerá-la uma obra mediúnica (Hoeller, 1990). Nunca levou o texto a público, apenas o distribuiu reservadamente a amigos; mais tarde qualificou a obra como um “pecado da juventude”, arrependendo-se de tê-lo divulgado. Após alguma hesitação, consentiu em sua publicação junto às suas memórias (Jung, 1961).

 

Em 1946, quase meio século depois de seu trabalho inicial, em uma carta ao Dr. Künke (Jung, 2002), Jung faz uma análise de alguns livros escritos por via mediúnica enviados a ele pelo destinatário da carta. Nesta, afirma que estudou a literatura espírita a fundo e “por longo tempo, para descobrir o sentido desse movimento”. Tendo concluído “com absoluta clareza que em todo movimento espírita havia uma compulsão inconsciente para fazer com que o inconsciente chegasse à consciência”. Aponta duas razões pelas quais “os conteúdos inconscientes se manifestem na forma de personificações (espíritos)”: porque esta sempre foi a forma tradicional de compensação inconsciente e porque é difícil provar com certeza que não se trate realmente de espíritos. Por outro lado, também diz ser muito difícil, senão impossível, a prova de que se tratem realmente de espíritos. Sobre este tema, Jung cita uma longa conversa sobre o tema que teve com o Prof. Hyslop3:

 

“Ele (Hyslop) admitiu que, considerando todos os fatores, a totalidade desses fenômenos metafísicos seria mais bem explicada pela hipótese dos espíritos do que pelas qualidades e peculiaridades do inconsciente. Com base em minhas próprias experiências, preciso dar-lhe razão neste aspecto. Em cada caso particular, preciso ser cético, mas, no geral, devo conceder que a hipótese dos espíritos traz melhores resultados na prática do que outra qualquer.”

 

Apesar de cogitar a hipótese espírita, o autor deixa claro que “a grande maioria das comunicações têm origem puramente psicológica e só aparecem personificadas porque as pessoas não têm noção nenhuma da psicologia do inconsciente”. Conta que observou muitos casos em que o inconsciente apareceu inicialmente na forma de espíritos, mas que, após descarregarem seus conteúdos na consciência, esses “espíritos” desapareceram. Jung comenta a dificuldade em se avaliar se a personalidade comunicante seria a personificação de um arquétipo (como a grande mãe, anima ou o velho sábio) ou realmente um espírito, pois estes dois fatores poderiam misturar-se:

 

“(…) no caso de Betty (personalidade comunicante), tenho dúvidas em negar sua realidade como espírito; isto significa que estou inclinado a aceitar que ela seja mais provavelmente um espírito do que um arquétipo, ainda que represente supostamente as duas coisas ao mesmo tempo. Parece-me que os espíritos têm uma tendência cada vez maior de se aglutinar aos arquétipos”.

 

Em 1948, Jung (1977) escreveu a introdução da edição em alemão de um desses livros mediúnicos, The Unobstructed Universe (White, 1948). Nela, repete uma posição dúbia: por um lado, reafirma que os “espíritos” são na realidade personificações de conteúdos inconscientes, por outro lado reafirma sua dúvida quanto à origem de tais manifestações:

 

“Aqueles que não estão convencidos deveriam ter cautela em assumir ingenuamente que toda a questão dos espíritos foi resolvida e que todas as manifestações deste tipo são fraudes sem sentido. Isto não é tudo. (…) é fora de dúvida que elas são manifestações do inconsciente. (…) Eu não hesito em declarar que tenho observado um número suficiente de tais fenômenos para estar completamente convencido de sua realidade. Para mim, eles são inexplicáveis, e eu sou incapaz de decidir a favor de qualquer uma das interpretações usuais”.

 

Em resumo, comenta que o livro, independentemente de sua origem, é um relato interessante de fatos psicológicos que “pode ser considerado como uma fonte de informações valiosas sobre o inconsciente”. Também destaca os paralelos existentes entre a visão de psiquê apresentada no livro pelos “espíritos” e a evidenciada pelos achados recentes da pesquisa psicológica, mas com uma diferença fundamental: a adoção de uma “visão primitiva de mundo, onde os conteúdos do inconsciente são todos projetados em objetos externos”.

 

Discussão e conclusão

 

Apesar de ter sido apresentada apenas uma visão panorâmica, pode-se perceber que o tema mediunidade já recebeu séria atenção de alguns dos principais autores da área mental, que não chegaram a uma posição comum. Podemos, didaticamente, separar suas conclusões em três grupos:

• Janet e Freud: as experiências mediúnicas são patológicas e fruto exclusivo da atividade do inconsciente do médium; não há a participação de qualquer faculdade paranormal.

• James e Jung: a mediunidade não é necessariamente patológica, teria origem no inconsciente do médium, mas não foi excluída a possibilidade de uma origem paranormal, inclusive a real comunicação de um espírito desencarnado. Reforçam a necessidade de maiores estudos.

• Myers: a mediunidade pode ser evidência de um desenvolvimento superior da personalidade, e suas manifestações teriam origem em um misto de fontes (inconsciente pessoal, telepatia e comunicação de espíritos desencarnados).

 

As três hipóteses em análise ilustram as principais posições assumidas por pesquisadores do tema. O que é digno de nota é o fato de a mediunidade ter sido objeto de intensas pesquisas que não levaram a uma teoria única e, mesmo assim, os estudos terem sido interrompidos. Num sentido “kuhniano’, não havia ainda chegado a um paradigma maduro e aceito consensualmente pelo meio científico. Ou seja, interrompeu-se a empreitada num período pré-paradigmático, antes de se chegar a uma abordagem científica madura (Kuhn, 1970)”.

 

Outro aspecto relevante são as declarações dos pesquisadores discutidos enfatizando a importância que a investigação e o melhor entendimento das vivências tidas como mediúnicas têm para a exploração da mente humana. Portanto, faz-se mister a retomada dos estudos sobre as experiências tidas como mediúnicas e reconhecer que um longo caminho já foi trilhado. Em artigo recente, os autores do presente trabalho apresentaram as diretrizes metodológicas para a investigação de estados alterados de consciência (Almeida e Lotufo Neto, 2003). Entre as principais linhas de pesquisa para a exploração das experiências tidas como mediúnicas estão: a fenomenologia destas vivências, o perfil psicológico e sociodemográfico dos médiuns, os mecanismos que produzem tais experiências, o diagnóstico diferencial com psicopatologia, estudos historiográficos sobre o apogeu e declínio das pesquisas sobre o tema há um século, bem como o impacto dessas pesquisas sobre nossa contemporânea teoria psiquiátrica e psicológica. O conhecimento e a análise do conhecimento já produzido sobre o tema por eminentes cientistas é uma etapa imprescindível, pois “se lemos mais o que já foi pesquisado, teremos menos a descobrir” (Rieber, 2002).

 

British Psychological Society – A Chronology of Psychology in Britain. Disponível na página http://www.bps.org.uk/documents/Chronol.pdf (acessado em 02/04/2003).

 

 

 

Recebido: 22/04/2004

 

Aceito: 05/07/2004

 

Este trabalho recebe o apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) Processo n. 01/02298-0.

 

 

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  • Endereço para correspondência
    NEPER – Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos, Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP
    Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, s/n
    São Paulo SP CEP 050403-010
    e-mail:
  • 1
    Termo que provém da literatura científica francesa e significa “recordações não reconhecidas como tais”. Jung a define como o “processo psíquico onde uma força automática e criativa faz com que traços perdidos da memória reapareçam em fragmentos maiores, com fidelidade fotográfica”. (Jung, 1994, 1905, p. 101-11). Ou seja, são informações que chegam à consciência oriundas da memória, mas que não são reconhecidas como tal.

    2

    Um dos principais “espíritos” que se comunicava (p. 44).

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