Quando Buda Desafiou o Baixo do Chris Squire
Naquela terça, o despertador resolveu fazer greve.
Foi o seu Zé das Telhas quem berrou:
“Ô Daltooon! Teu rádio tá tocando o hino dos OVNIs, cara!”
Era só o Yes mandando um Roundabout¹ — o Universo, claro, tentando me acordar com um riff de contrabaixo.
(Ou seria o Chris Squire de outro plano cutucando minha alma com uma palheta cósmica?)
Na cozinha, a torrada fez um salto estilo Freddie Mercury e pousou de manteiga pra cima.
“Até a sorte tem seu lado rock’n’roll”, pensei, enquanto passava Nescau no pão — meu café da manhã era uma metáfora: doce caos com vitamina de ironia.
Coloquei o Pink Floyd pra meditar.
Shine On You Crazy Diamond² me levou a um backstage celestial: Buda no pandeiro, Krishna no teclado sintetizado, Lennon de óculos redondos fazendo backing vocal, e Hendrix — claro — detonando o Purple Haze em loop.
(Nota mental: o Nirvana é literalmente uma garagem band.)
– “Cadê o Cristo?”, gritei, meio sem jeito.
Um anjo estilo Woodstock sussurrou: “Tá no camarim, ensaiando a multiplicação dos riffs…”
Confesso: chorei.
Chorei igual fã de carteirinha ouvindo Wish You Were Here⁴ — sabe, aquela dor de saber que sua mãe vendeu seu The Dark Side of the Moon por R$ 5 numa feira de usados.
Mas antes que o drama virasse power ballad,
um pernilongo iluminado surgiu fazendo moonwalk no ar,
ao som de Black Dog⁵.
(Sim, até os insetos têm seu Robert Plant interior.)
E eu ri.
Rachei feito vinil raro arranhado.
Porque a vida, no fundo, é um álbum duplo:
Lado A: o cotidiano desafinado.
Lado B: a piada cósmica que só entende quem tem ouvido de roadie da existência.
Notas para quem nasceu depois do walkman:
¹ Roundabout (Yes): Música que começa com um baixo tão épico que deveria ser considerado despertador oficial de almas perdidas. Dura 8 minutos — tempo exato pra você repensar todas as suas decisões antes do café.
² Shine On You Crazy Diamond (Pink Floyd): Jamsession de 26 minutos que basicamente diz: “Saudade dói, mas com um bom pedal de delay, até a dor fica psychedelic“.
³ Jam Session Celestial: Buda (paz interior), Krishna (alegria), Lennon (“Imagine”) e Hendrix (guitarra falante) formariam a maior superbanda da história. Jesus? Faz o acústico, claro.
⁴ Wish You Were Here: Hino universal pra quando você descobre que seu primo vendeu sua coleção de discos no Enjoei. Aflige corações desde 1975.
⁵ Black Dog (Led Zeppelin): Música que NÃO tem latidos, mas tem um riff que parece um cachorro raivoso perseguindo sua sanidade. Ideal pra dançar no meio do caos (ou espantar pernilongos filosóficos).

Dalton é escritor, poeta, cronista, contista, jornalista do astral, médium e humorista incorrigível da consciência. Sente saudade de seu planeta em Sírius B e espera com ansiedade o “resgate” pelo planeta Chupão. Brinca: “Não quero ficar com os ‘evoluídos’.” Autor de dezenas de obras independentes — cinco sobre informática, uma sobre autopublicação e o restante sobre espiritualidade e consciência, sem religião. Engenheiro Civil, pós-graduado em Educação em Valores Humanos (Sathya Sai Baba) e Estudos da Consciência com ênfase em Parapsicologia.
Como costuma dizer: “Me ame quando eu menos merecer, pois é quando mais preciso.”
E um lembrete: todo texto, crítica ou alerta que escreve serve, antes de tudo, para ele mesmo.
Livros impressos – https://livros.consciencial.org
E-books – https://ebook.consciencial.org/
Cursos e práticas – https://cursos.consciencial.org
Autopublicação – https://seulivropublicado.com.br
Ao comentar, você aceita nossos comunicados e ofertas conforme a LGPD. Se não concordar, não comente.