O DIABO É CRISTÃO, ainda bem que eu sou crístico

O DIABO É CRISTÃO

O DIABO É CRISTÃO, ainda bem que eu sou crístico!

Se o Diabo fosse fazer um cadastro religioso, sua escolha seria óbvia: cristão. Afinal, onde mais ele encontraria tantos aliados disfarçados de fiéis? Basta observar o que muitos autoproclamados “seguidores de Cristo” têm feito em seu nome. O inferno, nesse caso, é meramente uma franquia das igrejas mais lotadas.

O cristão e seu peculiar marketing do ódio

Quem precisa de um Diabo de chifres e tridente quando se tem um exército de cristãos promovendo ódio, culpa e condenação? O Diabo nem precisa de esforços. Os “soldados de Cristo” já estão fazendo o trabalho pesado, transformando o amor em arma e a fé em moeda de troca. Templos agora servem apenas para política e poder, não mais espiritualidade e salvação, afinal, o Diabo é cristão.

O cristianismo, para muitos, virou um espetáculo de terror psicológico. O ódio do inferno é vendido em doses homeopáticas em cultos e sermões, e o que deveria ser uma mensagem de amor se torna uma campanha publicitária agressiva. “Ame ao próximo, mas só se ele for do nosso time.” Você já ouviu alguma música gospel falando sobre preconceito religioso? Você já ouviu alguma música gospel alegando que todas as religiões são boas e de Deus? Claro que não, o Diabo, além de cristão, também é músico e cantor.

A santa trindade da hipocrisia: julgamento, intolerância e arrogância

Ah, o cristão médio, tão rápido no gatilho do julgamento quanto na leitura de versículos isolados fora de contexto. Ele adora citar a Bíblia para justificar suas posições — contra tudo e todos, é claro — enquanto convenientemente ignora passagens que falam de amor, compaixão, perdão e humildade.

Nada mais cristão, aparentemente, do que condenar outras religiões, denegrir pessoas com diferentes orientações sexuais ou se autoproclamar dono de uma verdade absoluta. “Somos todos irmãos”, dizem eles, enquanto erguem muros de intolerância.

Onde mora o Diabo? No coração do religioso fanático mais próximo

Se você procurar o Diabo, não o encontrará em boates ou festas. Ele está em todos os locais, nas redes sociais, atrás do anonimato, então, nem me diga! Também está em casa, sentado na primeira fila dos cultos dominicais, de terno e gravata ou no púlpito fazendo pregação de moral e ódio – me desculpem as exceções, pois elas existem. Enquanto o pastor grita sobre o pecado e a salvação, o Diabo se diverte, vendo o amor ser sufocado pelo moralismo, pela manipulação, pela política e pelas doações compulsórias.

A ironia? Esses “cristãos” acreditam que estão combatendo o mal enquanto o alimentam com seus próprios preconceitos. “Amai-vos uns aos outros” virou “só ame quem pensa como você”.

O cristão e sua síndrome do dono da verdade

Nada é mais perigoso do que alguém que acredita ser porta-voz de Deus. Muitos cristãos carregam esse título com orgulho, pregando uma doutrina tão exclusivista quanto arbitrária. Eles sabem o que Deus quer, pensam, come e prefere — e, por algum motivo, nunca é paz e inclusão.

Para eles, o mundo é dividido entre salvos e perdidos, santos e pecadores. A complexidade humana? Irrelevante. Tudo é simplificado em dogmas e rituais, porque pensar dá muito trabalho. É mais fácil seguir um script religioso do que encarar os próprios demônios.

O Diabo está vencendo

Enquanto o cristão de língua afiada prega o apocalipse, o Diabo ri, porque ele já venceu. O amor foi engolido pelo ódio, a fé foi transformada em fanatismo, e a espiritualidade virou um clube exclusivo. Cristo, aquele que pregou a inclusão e a compaixão, foi colocado de lado, substituído por um Jesus de plástico que combina com a decoração do púlpito.

O que resta ao Diabo? Descansar e rir

Se o Diabo é cristão, é porque ele encontrou nos cristãos tudo o que precisava: julgamento, intolerância e a capacidade infinita de transformar o divino em arma. No fim, ele nem precisa sujar as mãos. O trabalho já está sendo feito por aqueles que dizem combatê-lo.

Nota muito séria: este texto é um generalismo necessário que sacrifica muitos religiosos bons, amáveis, perdoadores, fraternos e todos os nichos, mas a verdade do texto é apenas uma realidade constatável, cuja fração estatística, não sabemos qual é.


O cristão e o crístico

O “cristão” adora Cristo;
O crístico entende Cristo.

O “cristão” prega Cristo;
O crístico vivencia seus postulados.

O “cristão” considera outras linhas más, ruins ou inimigas.
O crístico compreende e aceita outras ideologias.

O “cristão” se limita na Bíblia;
O crístico se amplia fora dela.

O “cristão” interpreta literalmente ou contextualmente a Bíblia conforme a conveniência facciosa de sua fé em relação a passagem bíblica;
O crístico interpreta a Bíblia através de uma cultura ampla e uma visão integral muito além das religiões.

O “cristão” leva Cristo na língua;
O crístico leva nas atitudes.

O “cristão” se indigna e se ofende;
O crístico compreende e perdoa serenamente.

O “cristão” crê que Cristo perdoa;
O crístico sabe que Cristo não perdoa porque não se ofende.

O “cristão” é um soldado de Cristo;
O crístico é um agente da paz.

O “cristão” faz marketing e propaganda de Cristo;
O crístico vivencia sua doutrina em silêncio sereno.

O “cristão” quer mudar o mundo;
O crístico quer mudar somente a si.

O “cristão” é religioso;
O crístico é a favor do bem.

O “cristão” incentiva a separação doutrinária;
O crístico nutre a união na diversidade.

O “cristão” crê que sua religião é absoluta e infalível;
O crístico sabe que infalível só os conceitos e que todos os homens são incautos.

O “cristão” é guerreiro;
O crístico é um proativo pacífico.

O “cristão” coloca sua religião acima do bem;
O crístico sabe que o bem está acima de tudo, inclusive das religiões e doutrinas.

O “cristão” se encontra com outros “cristão”s;
O crístico se encontra com Deus.

O “cristão” é faccioso e grupuscular;
O crístico é universalista e despreconceituoso.

O “cristão” crê em demônios;
O crístico sabe que os únicos demônios são o ódio, o preconceito e a ignorância humanos.

O “cristão” tem ódio que as ciências derrubem suas crenças;
O crístico sabe que a ciência isenta pode inclusive confirmá-las.

O “cristão” acredita que Deus e Cristo estão em seus cultos e templos;
O crístico sabe encontrá-los no recanto discreto e solitário de seu coração.

O “cristão” é moralista, purista, piegas e dramático;
O crístico compreende as falhas, limitações, erros e momento humanos.

O “cristão” possui fé irracional absolutista (dogmas);
O crístico possui fé raciocinada relativista.

O “cristão” guarda um ódio franco ou dissimulado de outras religiões;
O crístico sabe que seja o Budismo, o Espiritismo, a Umbanda, etc, todos são caminhos que levam a Deus.

[1] Consciência muito evoluída, considerada por muitos místicos como superior evolutivamente a Jesus Cristo

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