Descobrindo o Autismo na Maturidade: O Que Fazer Após os 40 ou 60 Anos
Introdução
O diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) em adultos é uma realidade cada vez mais comum, especialmente à medida que o conhecimento sobre o autismo se amplia e se torna mais acessível. Embora o autismo tenha sido tradicionalmente associado a crianças, muitas pessoas estão apenas descobrindo que estão no espectro na vida adulta – e algumas até após os 40 ou 60 anos. Para essas pessoas, a revelação pode ser ao mesmo tempo esclarecedora e desafiadora, trazendo consigo um misto de emoções e a necessidade de reavaliar suas vidas à luz dessa nova compreensão.
Este artigo é destinado a quem desconfia que possa estar no espectro autista ou que foi diagnosticado na maturidade. Vamos explorar como o diagnóstico tardio pode impactar a vida e quais passos podem ser tomados para adaptar-se e prosperar com essa nova identidade.
O Impacto do Diagnóstico Tardio
1. Alívio e Clareza
Para muitas pessoas, finalmente entender que são autistas pode trazer um grande alívio. Durante anos, talvez décadas, elas podem ter sentido que eram “diferentes”, mas não conseguiam identificar o porquê. Um diagnóstico tardio pode oferecer uma explicação para dificuldades sociais, sensoriais e de comunicação que podem ter sido mal interpretadas por outros – ou mesmo por elas próprias – ao longo da vida.
2. Reflexão sobre o Passado
Descobrir o autismo na maturidade muitas vezes leva a uma reavaliação do passado. Situações que antes eram fonte de confusão ou dor emocional podem ser compreendidas sob uma nova luz. Lutas que pareciam inexplicáveis, como dificuldades em manter relacionamentos, no trabalho, ou em ambientes sociais, podem agora fazer sentido, visto que são manifestações do TEA.
3. Sentimento de Perda ou Luto
Algumas pessoas podem sentir um certo luto por não terem descoberto isso antes. Há uma sensação de que, se tivessem entendido seu próprio autismo mais cedo, poderiam ter evitado muitos dos desafios enfrentados ao longo da vida. É comum pensar sobre as oportunidades perdidas ou sobre como a vida poderia ter sido diferente com o conhecimento e o apoio certos.
Como Proceder Após o Diagnóstico
1. Buscar Informação e Suporte
O primeiro passo após um diagnóstico ou suspeita de autismo é buscar informação confiável. Ler livros, assistir a documentários e procurar recursos online sobre autismo em adultos pode ajudar a contextualizar o que significa estar no espectro.
Além disso, procurar grupos de apoio, tanto presenciais quanto online, pode ser extremamente útil. Conversar com outras pessoas que estão passando por experiências semelhantes pode proporcionar um senso de comunidade e pertencimento, além de oferecer dicas práticas para lidar com os desafios cotidianos.
2. Considerar Terapia ou Aconselhamento
A terapia pode ser uma ferramenta valiosa para processar as emoções que surgem com o diagnóstico tardio. Um terapeuta com experiência em autismo pode ajudar a desenvolver estratégias para lidar com os desafios do dia a dia e a explorar a nova identidade de forma positiva. Terapias como a cognitivo-comportamental podem ser úteis para abordar questões como ansiedade social, que é comum em pessoas no espectro autista.
3. Adaptar a Vida às Necessidades Autistas
Com o entendimento de que se está no espectro, é possível começar a fazer ajustes na vida diária que respeitem as necessidades autistas. Isso pode incluir:
Ajustes Sensoriais: Se ruídos altos, luzes brilhantes ou certos tipos de contato físico sempre foram desconfortáveis, agora é possível reconhecer essas sensações como parte do autismo e encontrar maneiras de mitigar esses estímulos.
Rotinas e Estruturas: Autistas muitas vezes se beneficiam de rotinas estruturadas. Agora, você pode se permitir abraçar a necessidade de organização e previsibilidade em sua vida diária, sem culpa ou pressão para se adaptar a expectativas neurotípicas.
Comunicação: Informar pessoas próximas sobre o diagnóstico pode ser útil para que elas entendam melhor suas necessidades e comportamentos. Isso também pode abrir espaço para discussões honestas sobre como se comunicar de forma mais eficaz.
4. Planejamento para o Futuro
Para aqueles que descobrem o autismo aos 60 anos ou mais, pode ser necessário considerar o impacto disso no planejamento de longo prazo, incluindo questões de saúde e independência. Ter um diagnóstico claro pode ajudar a garantir que os cuidados e o suporte adequados sejam disponibilizados à medida que envelhece.
5. Autoconhecimento e Autoaceitação
O diagnóstico de autismo na maturidade também é uma oportunidade de autoconhecimento. Compreender como o autismo influencia sua percepção e interação com o mundo pode permitir que você desenvolva uma nova forma de autoaceitação. Isso significa reconhecer suas forças e aceitar suas limitações, sabendo que ambas fazem parte de quem você é.
Conclusão
Descobrir que você está no espectro autista após os 40 ou 60 anos é uma experiência que pode ser transformadora. Embora o diagnóstico tardio traga consigo uma série de desafios emocionais e práticos, ele também oferece uma oportunidade única de viver com mais autenticidade e compreensão. Ao buscar informações, suporte e fazer os ajustes necessários, é possível viver uma vida plena e gratificante, respeitando as necessidades e características que o autismo traz.
Referências
Grandin, Temple. – O Cérebro Autista: Pensando Através do Espectro. Editora WMF Martins Fontes, 2014.
Silva, Ana Beatriz Barbosa. – Mentes Inquietas: Entendendo Melhor o Autismo e Outros Transtornos do Neurodesenvolvimento. Editora Principium, 2011.
Sinclair, Jim. – “Don’t Mourn for Us.” Autism Network International, 1993. Disponível em: https://www.autreat.com/dont_mourn.html
Attwood, Tony. – A Complete Guide to Asperger’s Syndrome. Routledge, 2006. (Tradução disponível em português).
Essas referências oferecem uma base sólida para quem está começando a explorar o autismo na vida adulta, ajudando a contextualizar e processar essa nova fase de autoconhecimento.
Dalton é escritor, poeta, cronista, contista, jornalista do astral, médium e humorista incorrigível da consciência. Sente uma saudade imensa de seu planeta em Sírius B e está ansioso para ser “puxado” pelo planeta Chupão. Ele alega com bom humor: “Não quero ficar com os ‘evoluídos’.” Autor de 41 obras independentes, sendo 5 sobre informática e 36 sobre espiritualidade e consciência, mas sem religião. Engenheiro Civil, pós-graduado em Educação em Valores Humanos (inspirado em Sathya Sai Baba) e Estudos da Consciência com ênfase em Parapsicologia. E, como ele sempre diz: “Me ame quando eu menos merecer, pois é quando mais preciso.”
Livros impressos – https://livros.consciencial.org
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Cursos, áudios, meditações, práticas – https://cursos.consciencial.org
Seu livro publicado – https://seulivropublicado.com.br
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