DA NEGAÇÃO AO RECONHECIMENTO O FIM DO CETICISMO MATERIALISTA E O RESGATE DA CONSCIÊNCIA COMO CAUSA PRIMÁRIA

DA NEGAÇÃO AO RECONHECIMENTO: O FIM DO CETICISMO MATERIALISTA E O RESGATE DA CONSCIÊNCIA COMO CAUSA PRIMÁRIA

Vem aí: ATIVISMO CONSCIENCIAL, de Dalton Campos Roque, mas só ano que vem…

A história da ciência é marcada por avanços e rupturas de paradigmas que redefinem nossa compreensão da realidade. O século XX trouxe uma das mais profundas revoluções nesse sentido com o advento da física quântica, que desafiou as bases do materialismo clássico e lançou dúvidas sobre a visão mecanicista e reducionista do universo. Durante muito tempo, a ciência ocidental tratou o mundo físico como uma realidade sólida e objetiva, onde a consciência era relegada a um subproduto da matéria e considerada irrelevante para a compreensão dos fenômenos fundamentais. No entanto, com o surgimento da mecânica quântica, surgiram questionamentos sobre o papel da mente e da observação na constituição da realidade, o que abriu portas para interpretações que colocam a consciência como elemento central e não secundário.

A essa crise de paradigma somaram-se pensadores como Thomas Kuhn, que sugeriu que as ciências não evoluem de forma linear, mas sim através de revoluções que substituem uma visão de mundo por outra. Inspirados por esses insights, autores como Fritjof Capra e Ervin Laszlo começaram a explorar as possíveis conexões entre as descobertas da física moderna e as tradições espirituais, que sempre postularam uma realidade interconectada e essencialmente não-material. Esse movimento preparou o terreno para o surgimento do Paradigma Consciencial, promovido por autores como Amit Goswami e Waldo Vieira, que colocaram a consciência como elemento primordial na estrutura do universo.

Diante do crescimento dessas ideias, muitos céticos passaram a questionar as limitações do materialismo científico, ao mesmo tempo em que resistiam ao abandono das velhas crenças. Assim como ocorre em processos de luto, onde a aceitação da perda de algo fundamental ocorre em estágios, o declínio do materialismo e o surgimento do Paradigma Consciencial têm levado a um processo gradual de transformação entre cientistas e pensadores. Neste texto, exploraremos as origens e o desenvolvimento desse novo paradigma, os estágios de “luto” que o ceticismo materialista enfrenta com seu declínio, e as novas possibilidades que se abrem para o futuro da ciência e da espiritualidade, com a eventual chegada de um paradigma mais abrangente e integrador, que denominaremos Paradigma Intuitivo-Integrativo.

  1. O surgimento da física quântica: os pioneiros

 O início do século XX foi um período revolucionário para a ciência. A física clássica, fundamentada por Newton, enfrentava problemas para explicar fenômenos em escalas muito pequenas, no nível subatômico. Diversos cientistas começaram a observar comportamentos que contradiziam o determinismo mecanicista, indicando que a realidade material não era tão sólida e previsível como antes se imaginava.

– Max Planck (1900): Considerado o pai da teoria quântica, Planck propôs a quantização da energia para explicar a radiação do corpo negro, introduzindo a ideia de que a energia é emitida em “pacotes” discretos, ou quanta.

– Albert Einstein (1905): Embora seja mais lembrado por sua teoria da relatividade, Einstein também contribuiu para a física quântica ao explicar o efeito fotoelétrico, demonstrando que a luz poderia se comportar como partículas.

– Niels Bohr (1913): Desenvolveu o modelo atômico de Bohr, incorporando as ideias quânticas e estabelecendo que os elétrons existem em órbitas específicas, revolucionando o entendimento da estrutura atômica.

– Werner Heisenberg (1927): Introduziu o princípio da incerteza, sugerindo que é impossível medir simultaneamente a posição e o momento de uma partícula com precisão absoluta.

– Erwin Schrödinger (1926): Criou a famosa equação de Schrödinger, que descreve o comportamento das partículas em termos de ondas de probabilidade.

Esses primeiros pensadores formaram a base de uma física que já apontava para algo mais complexo do que a visão puramente materialista da realidade. Eles abriram as portas para questionamentos que evoluiriam nas décadas seguintes.

  1. O estabelecimento da física quântica e a crise do paradigma materialista

A física quântica rapidamente se consolidou como uma área fundamental da ciência. No entanto, os paradoxos e contraintuições que ela trouxe geraram debates intensos. A ideia de que partículas poderiam existir em estados de superposição ou que o ato de observação poderia influenciar o comportamento dos sistemas físicos era perturbadora para o pensamento mecanicista clássico.

– Thomas Kuhn (1962): Em seu livro “A Estrutura das Revoluções Científicas”, Kuhn introduziu o conceito de “paradigma” e propôs que a ciência não progride de maneira linear e acumulativa, mas através de “revoluções”, onde um paradigma dominante é substituído por outro. Seu trabalho não era sobre a física quântica em si, mas ajudou a abrir o caminho para que cientistas e filósofos vissem a crise do materialismo científico como uma mudança de paradigma iminente.

– Fritjof Capra (1975): Em “O Tao da Física”, Capra argumentou que a física moderna e o misticismo oriental convergem para uma visão holística da realidade, sugerindo que a natureza do universo é interconectada e que o materialismo reducionista estava fundamentalmente equivocado.

Esses pensadores ajudaram a desestabilizar o materialismo científico, expondo suas limitações e propondo uma visão mais integrada e holística do universo. Mas o questionamento mais radical ainda viria.

  1. A proposição da primazia da consciência: Amit Goswami e Waldo Vieira

A partir dos anos 1980, alguns cientistas e pensadores começaram a defender a ideia de que a consciência não é um subproduto da matéria, mas sim o fundamento de toda a realidade.

– Amit Goswami (1989): Em “O Universo Autoconsciente”, Goswami propõe a “causação descendente”, onde a consciência é vista como a base de toda a existência, e a matéria emerge dela. Essa visão subverte o paradigma materialista ao afirmar que a consciência é a fonte primária da realidade, e não uma consequência de processos físicos.

– Waldo Vieira (1986): Criador da conscienciologia, Vieira propôs um sistema de estudo da consciência que vai além dos limites da ciência materialista. Ele desenvolveu o conceito de “holossoma” (o conjunto de corpos da consciência) e argumentou pela existência de um “princípio consciencial” independente do corpo físico, introduzindo uma abordagem científica para o estudo da vida após a morte, da projeção astral e da multidimensionalidade.

Esses dois autores contribuíram enormemente para a criação do Paradigma Consciencial, onde a consciência é o foco central da investigação científica e espiritual.

Os Vedas e as tradições espirituais orientais já apontavam, há milênios, para a primazia da consciência como causa e base de toda a realidade. Na Índia antiga, os sábios védicos exploraram a natureza da consciência por meio de práticas meditativas profundas e estados expandidos de percepção, como o samadhi — estado de união transcendental onde o indivíduo experimenta diretamente a interconexão com o todo. Esses textos sagrados e os ensinamentos das escolas esotéricas do Oriente descrevem a consciência como o substrato essencial do universo, a fonte de onde tudo emana e a substância que permeia todos os fenômenos.

As escolas de pensamento do Vedanta, por exemplo, afirmam que a “Brahman”, a realidade absoluta, é consciência pura e ilimitada, da qual todas as formas e manifestações do mundo material são apenas expressões temporárias. Já no budismo, o conceito de “shunyata” (vazio) descreve a essência não-material da existência, onde a mente e a consciência são vistas como as bases da experiência e do “eu”. Os mestres taoístas e os praticantes do budismo tibetano também exploraram, através de práticas de meditação e projeção da consciência, o caráter multidimensional do ser humano e a continuidade da consciência além da morte física.

Esses antigos exploradores da mente humana e do espírito, ainda que limitados pela falta de comunicação global, já pavimentavam o caminho para o entendimento de que a consciência não é um subproduto do cérebro, mas a essência fundamental da existência. Através de experiências fora do corpo, estados elevados de consciência e práticas contemplativas profundas, eles acumulavam conhecimento direto e experiencial sobre a natureza da realidade, conhecimento este que foi registrado em textos e tradições que atravessaram gerações.

Os pensadores contemporâneos, como Waldo Vieira e Amit Goswami, trouxeram essa sabedoria milenar para o contexto moderno, conectando esses conhecimentos ancestrais com a ciência e a filosofia ocidental. Vieira, por exemplo, ao propor conceitos como o holossoma e o estudo sistemático da projeção consciente, resgata elementos presentes nas tradições orientais, mas os organiza dentro de um modelo científico e metódico, próprio da nossa época. Amit Goswami, por sua vez, ao propor a “causação descendente” e a primazia da consciência na física quântica, reinterpreta essas ideias antigas sob a luz da ciência contemporânea, integrando-as ao pensamento ocidental sem perder de vista a profundidade e a sabedoria dessas tradições.

Esses atores contemporâneos, portanto, não estão inventando algo novo, mas sim atualizando e compilando conhecimentos que os antigos sábios já compreendiam intuitiva e experimentalmente. Por meio de suas abordagens científicas, filosóficas e experimentais, eles traduzem o legado dos antigos mestres para uma linguagem moderna, tornando-o acessível e verificável para uma audiência global, agora amparada pela interconectividade e pelo diálogo entre ciência e espiritualidade. Esse movimento representa uma síntese inédita: a união da experiência subjetiva com a investigação objetiva, criando as bases para um paradigma consciencial que finalmente integra a sabedoria espiritual com o rigor científico.

  1. As fases de “luto” dos céticos: o declínio do materialismo científico

Assim como no processo de aceitação de uma perda, a morte do paradigma materialista e a ascensão do Paradigma Consciencial podem ser entendidas em estágios de transição que muitos céticos enfrentarão. Estes estágios refletem as dificuldades em abandonar crenças profundamente arraigadas no materialismo.

Negação

No início, os céticos tenderão a rejeitar qualquer evidência de que a consciência possa ser fundamental. É o estágio da “negação”, onde argumentos baseados em vieses de confirmação e em apego ao materialismo determinista são comuns. As descobertas em parapsicologia, estudos de quase-morte e fenômenos inexplicáveis são vistos como fraudes, coincidências ou falácias.

Raiva

Conforme mais evidências acumulam-se e o materialismo começa a ruir, a frustração surge. Muitos cientistas e pensadores tradicionais entram em um estágio de “raiva”, criticando e atacando as novas abordagens e ridicularizando quem adere a essas visões alternativas, especialmente as relacionadas à espiritualidade ou à primazia da consciência.

Barganha

No estágio da “barganha”, os céticos começam a considerar que talvez a consciência tenha um papel mais importante, mas tentam integrá-la de maneira limitada, como um epifenômeno da atividade cerebral, sem alterar o paradigma materialista. Há uma tentativa de conciliar a visão materialista com algumas interpretações espiritualistas, mas sem comprometer o núcleo do materialismo.

Depressão

À medida que o materialismo científico mostra-se incapaz de explicar adequadamente fenômenos complexos como a consciência, a percepção não-local e os fenômenos de quase-morte, surge uma crise existencial. Muitos cientistas entram em um estado de “depressão”, percebendo a fragilidade do paradigma que antes parecia absoluto e seguro.

Aceitação

Finalmente, vem a “aceitação”: a realização de que a consciência é, de fato, o fundamento da realidade. Neste ponto, os céticos passam a adotar o Paradigma Consciencial, entendendo que o universo é mais profundo e interconectado do que imaginavam. É o estágio de abertura para uma visão holística e integrada da realidade, onde ciência e espiritualidade coexistem e se complementam.

  1. A ascensão de novos paradigmas: do Paradigma Consciencial ao Paradigma Intuitivo-Integrativo

Uma vez aceito o Paradigma Consciencial, abre-se espaço para o desenvolvimento de uma visão ainda mais expandida da realidade. Proponho chamar essa fase futura de Paradigma Intuitivo-Integrativo, onde a realidade é explorada não apenas pela lógica e experimentação, mas pela intuição, percepção multidimensional e uma integração profunda entre ciência, filosofia e espiritualidade.

Esse paradigma teria as seguintes características:

– Primazia da intuição: Aceita-se a intuição como uma forma válida de conhecimento, ao lado da razão e da empiria.

– Integração multidimensional: A realidade é reconhecida como composta por múltiplas dimensões, incluindo planos energéticos e espirituais.

– Abordagem transdisciplinar: As disciplinas tradicionais são superadas, com uma visão integrada da ciência, filosofia, arte e espiritualidade.

– Consciência coletiva: Exploração da interconexão entre as consciências individuais, abrindo caminho para fenômenos como a telepatia e a percepção de realidades sutis.

  1. O fim dos ceticismos

Estamos vivendo o declínio de dois tipos de ceticismo: o materialista científico e o popular. O primeiro é o ceticismo rígido dos cientistas que insistem em uma visão mecanicista do universo, recusando-se a considerar a primazia da consciência. O segundo é o ceticismo das massas, que ainda vivem no consumismo e no individualismo, sem perceber sua interconexão com o todo.

À medida que o Paradigma Intuitivo-Integrativo se estabelece, ambos os tipos de ceticismo perdem força. A ciência, a espiritualidade e o conhecimento intuitivo serão vistos como aspectos complementares de uma realidade integrada. Esse novo paradigma permitirá uma evolução não apenas do conhecimento, mas da própria consciência humana, rumo a uma era onde a compreensão profunda da realidade substituirá a fragmentação e o dogmatismo.

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