É evidente que, diante dos sete “pecados capitais” e de suas sete contrapartes opostas, as sete virtudes capitais, quanto mais alguém se entrega aos pecados, menos evoluído esse ser é. Da mesma forma, quanto mais virtudes uma pessoa possui e quanto mais fortes elas são, mais evoluída essa pessoa é. Isso é o básico, o óbvio e todos sabem. No entanto, este texto não trata disso.
Na nossa sociedade egocêntrica, ocorre uma distorção da nossa autoimagem, permissividade e sentimento de favoritismo. Assim, peço paciência ao leitor para que eu possa explicar clara e detalhadamente o motivo da lista a seguir antes de apresentá-la.
**Favoritismo:** O favoritismo, uma distorção extremamente egoísta, funciona assim: Deus ou Jesus me protege, Santo X me guia, O Serenão nos guarda, Exu e Maria Quitéria não deixam ninguém me atacar, o mestre tal é meu padrinho, e assim por diante. Esses exemplos mínimos variam infinitamente em todas as linhas evolutivas, doutrinas e religiões.
Sim, todos os santos, mestres, anjos, guias, mentores, orientadores evolutivos, etc., nos protegem na proporção do nosso merecimento, ou seja, na proporção em que exercemos nossas virtudes e reeducamos nossos “pecados” ou comportamentos negativos. Nosso amparo espiritual (anjo da guarda ou como preferir chamar) é diretamente proporcional à nossa utilidade ao coletivo. Quanto mais nos doamos à humanidade, ao bairro, ao condomínio, à escola, aos vizinhos, à cidade, ao país, ao mundo, mais proteção espiritual possuímos. Isso se chama amparo de função ou proteção espiritual em função das ações práticas e efetivas.
Eu mencionei três coisas: favoritismo, permissividade e autoimagem. Vamos agora explicar as outras duas.
**Autoimagem:** Nossa autoimagem, em média, é sempre distorcida para “melhor” do que realmente somos. Não quero entrar no mérito dos complexos de inferioridade, anorexia, depressão ou tendências suicidas, pois essas são exceções à média. Refiro-me aqui ao ego mediano que todos nós possuímos.
Exercemos instintiva e automaticamente o sentimento de “sou muito bom”, “sou caridoso”, “vou ao templo”, “vou ao terreiro”, “vou à igreja”, “rezo muito”, “vou ao grupo espiritualista”, “vou ao centro espírita”, enfim, “sou muito bonzinho e mereço muitas bênçãos, benefícios e proteções que os outros não merecem por não serem como eu”. Essa é a distorção da autoimagem de si mesmo e dos seus, na crença egoísta de que se merece mais que os outros por se sentir “superior”. Não há humildade e discernimento nesse caso. Todos nós temos um pouco disso, é só admitir. Algumas pessoas exageram, mas é um fato.
**Permissividade:** É um problema grave no Brasil, a lei da malandragem, a lei de Gerson. Funciona assim: “sou contra a corrupção, mas levo o grampeador da empresa para minha casa”. Trabalho no mercado, então “não tem problema eu roubar umas batatas e levar para minha mãe”. Mas não admito roubo dos outros! Isso também ocorre quando criamos regras para todos, mas abrimos exceções para nós e os nossos. Lembra aquele velho e válido refrão: “para os amigos, tudo. Para os outros, a lei”. É bem típico do brasileiro, que tem essa cultura permissiva e corrupta e exige honestidade de seus políticos, policiais e empresários.
Esses são três pontos cruciais na análise da consciência coletiva, para os mais lúcidos e fraternos se autoavaliarem de bom coração. Os arredios não aceitarão esses argumentos; eles que se enfrentem sozinhos diante de seus próprios espelhos e ruminem suas justificativas e desculpas em seus travesseiros. A cada um, segundo suas obras.
Explicado tudo isso, vamos à lista das características BÁSICAS das almas evoluídas, da qual, eu, o autor, ainda estou longe. O que ocorre é que possuímos algumas dessas características e tantas outras não. Ao dizer BÁSICAS, refiro-me àquelas cotidianas, simples e diretas.
As almas mais evoluídas possuem:
1. **DISCERNIMENTO SUPERIOR** – Nunca caem na armadilha do efeito Dunning-Kruger ( https://consciencial.org/textos-extras/efeito-dunning-kruger-e-o-paradoxo-da-ignorancia-por-que-quem-sabe-menos-acredita-que-sabe-mais/ ). Elas evitam emitir opiniões definitivas sobre assuntos que não estudaram profundamente (ciência, política, religião, filosofia, sociedade, história, geografia, esportes, etc.). Não se baseiam em fontes duvidosas como “Vi no YouTube” ou “Falaram no zap”. Se for necessário expressar uma opinião, buscam o máximo de dados confiáveis e ainda assim, o fazem de forma flexível, aceitando contra-argumentações e outras possibilidades. Isso pode ser chamado de pudor intelectual, uma virtude rara na humanidade.
2. **INTELIGÊNCIA UNIVERSALISTA** – Enquanto o item anterior trata da opinião baseada em conhecimento factual, este item aborda questões emocionais, éticas e morais, que também se relacionam com o anterior. A moral é relativa, variando conforme o local, a cultura e a época. Há um conflito entre ética e moral; por exemplo, em algumas praias o topless ou nudismo é permitido (ética ou lei social), mas a moral varia conforme a perspectiva pessoal e grupal. Pessoas com inteligência universalista compreendem as nuances da cultura humana e flexibilizam suas opiniões emocionais, aceitando e entendendo situações diferentes da sua cultura e condicionamento social. Elas equilibram entre culturas opressoras que desrespeitam os direitos humanos e as excessivamente liberais, reconhecendo a relatividade dessas questões.
3. **FRATERNIDADE UNIVERSAL** – Considerando as variáveis complexas dos dois itens anteriores, a fraternidade, o amor, a compaixão, a paciência e a humildade ajudam uma pessoa a evitar extremismos de qualquer natureza, vivendo mais em paz consigo mesma e com os outros. Essa pessoa sente menos raiva, menos rancor, nenhum ódio e evita discussões extremistas e radicais: sobre futebol e esportes (comum no Brasil), extremismos políticos (extrema esquerda x extrema direita), ateus e céticos versus espiritualistas, religião A versus religião B, condenações moralistas contra o aborto, e qualquer condenação de escolhas e opiniões diferentes das suas e de seu grupo.
4. **GENEROSIDADE AO COLETIVO** – Embora este item esteja relacionado aos anteriores, ele merece uma explicação específica por ser uma característica básica. Um exemplo de generosidade ao coletivo é quando uma pessoa decide ceder ou conceder vantagens que a beneficiariam pessoalmente ou à sua família, em prol de beneficiar um número maior de pessoas em sua comunidade. Isso é, claramente, uma forma de fraternidade também. Esse comportamento é evidente em atitudes no trânsito, no trato com pessoas mais simples e humildes, na concessão de vantagens no condomínio para o bem de todos, e nas eleições, priorizando o benefício dos mais pobres ao invés de defender apenas sua classe social. Optar por apoiar benefícios sociais em vez de dar esmolas humilhantes e preferir conhecimentos libertários ao invés de doutrinas manipuladoras são outros exemplos.
5. **FLEXIBILIDADE EMOCIONAL** – Esta qualidade elevada leva a uma compreensão ampla e é uma das mais raras, assim como o discernimento superior. O planeta está cheio de analfabetos emocionais cujas emoções densas e desequilibradas contaminam suas opiniões, cheias de raiva, rancor e ódio, resultando em linchamentos verbais, morais, bioenergéticos e físicos, especialmente nas redes sociais, por parte dos “sabe-tudo”. Se as pessoas não conseguem ponderar as variáveis intervenientes em questões factuais (item 1), muito menos em questões de moral e ética (item 3), elas julgam com um fervor moralista e religioso, baseando-se em suas culturas obsoletas, impositivas e autoritárias. Tais indivíduos veem o mundo de forma binária: Sim x Não; 1 x 0; Comigo x Contra mim, e não percebem que o universo é analógico e possui infinitos tons, nuances, variáveis, atenuantes e agravantes em quaisquer situações. Pessoas assim tomam decisões extremas e radicais, sendo um perigo na política e nas religiões, tentando moralizar tudo com desculpas baseadas em seu “ego sagrado”.
Lembre-se leitor, eu, Dalton, o autor, apenas estou a meio caminho em busca redentora por tudo isto. Não possuo ainda tais virtudes, mas busco-as profundamente no dia a dia de meu coração e minha vida.
Dalton Campos Roque – escritor efêmero, poeta eterno, livre pensador consciencial, escritor compulsivo, bem humorado constante, omniquestionador de paradigmas.
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Dalton é escritor, poeta, cronista, contista, jornalista do astral, médium e humorista incorrigível da consciência. Sente uma saudade imensa de seu planeta em Sírius B e está ansioso para ser “puxado” pelo planeta Chupão. Ele alega com bom humor: “Não quero ficar com os ‘evoluídos’.” Autor de 41 obras independentes, sendo 5 sobre informática e 36 sobre espiritualidade e consciência, mas sem religião. Engenheiro Civil, pós-graduado em Educação em Valores Humanos (inspirado em Sathya Sai Baba) e Estudos da Consciência com ênfase em Parapsicologia. E, como ele sempre diz: “Me ame quando eu menos merecer, pois é quando mais preciso.”
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