Análise crítica para leitores que buscam discernimento entre símbolo e medida
Introdução
A Escala de Consciência proposta por David R. Hawkins atribui valores de 0 a 1000 a diferentes estados emocionais e espirituais humanos. Esses números, segundo o autor, expressariam uma ordem crescente de “poder”, “verdade” ou “nível de consciência”. Mas há um ponto que raramente é discutido com clareza: que tipo de função governa esse crescimento? Hawkins afirma que a escala é logarítmica, mas tudo indica que os valores apresentados seguem uma proporção linear subjetiva, e não uma curva logarítmica genuína.
Este estudo propõe-se a investigar essas duas possibilidades:
- Atribuição linear subjetiva dos valores (como parece ser na prática).
- Suposta função logarítmica de base 10, conforme a alegação simbólica de Hawkins.
A escala original (valores atribuídos por Hawkins)
Os valores mais conhecidos da escala de Hawkins são os seguintes:
Estado de Consciência | Valor na Escala |
---|---|
Vergonha | 20 |
Culpa | 30 |
Apatia | 50 |
Tristeza (luto) | 75 |
Medo | 100 |
Desejo | 125 |
Raiva | 150 |
Orgulho | 175 |
Coragem | 200 |
Neutralidade | 250 |
Boa vontade | 310 |
Aceitação | 350 |
Razão | 400 |
Amor | 500 |
Alegria | 540 |
Paz | 600 |
Iluminação | 700–1000 |
Esses valores não seguem uma progressão geométrica nem logarítmica real. Os saltos entre um ponto e outro são subjetivamente distribuídos. Por exemplo:
- De 20 a 30: +10
- De 400 a 500: +100
- De 600 a 1000: +400
Ou seja, não há regularidade proporcional, o que é um forte indício de que a escala é meramente representacional, não funcional.
Função linear: a representação intuitiva
Uma função linear que representaria uma progressão de estados emocionais poderia ser simplesmente:
f(x) = x
Nesse caso, cada unidade na escala representaria um acréscimo uniforme de consciência, como se todas as emoções estivessem igualmente distantes em impacto ou poder — algo já questionável, mas fácil de entender pelo público geral.
Função logarítmica: a promessa simbólica
A proposta de Hawkins, quando diz que a escala é logarítmica, sugere algo como:
f(x) = log₁₀(x)
Neste caso, o aumento de consciência seria exponencial, ou seja, cada salto numérico corresponderia a uma ordem de magnitude superior em potência, como ocorre nas escalas de som (decibéis), acidez (pH) ou intensidade sísmica (Richter). Isso cria a ideia de que alguém no nível 400 teria uma consciência mil vezes superior à de alguém em 300, o que é muito atrativo metaforicamente — mas perigoso como “medida objetiva”.
Comparação simbólica: linear vs. logarítmica
Vamos assumir que o nível 1 da escala é a vergonha (nível 20) e o nível 17 é a iluminação (nível 1000). Na função linear, cada passo é igual. Na função logarítmica, cada passo representa um salto exponencial.
Gráfico hipotético:
- Linear: f(x) = 50x + 20 (exemplo ajustado)
- Logarítmica: f(x) = log₁₀(x) * K (com K ajustado para chegar a 1000 no ponto 17)
Resultado:
- Linear: previsível, proporcional, compreensível.
- Logarítmica: altamente concentrada nos primeiros níveis, e cada passo acima se torna praticamente inalcançável para o “humano médio”.
Especulação simbólica: por que Hawkins talvez tenha usado o termo “logarítmico”
Se considerarmos uma interpretação mais simbólica e ampla, é possível que Hawkins tenha utilizado o termo “logarítmico” com intenções mais conceituais do que técnicas. Vejamos algumas hipóteses razoáveis:
- Para transmitir um senso de grandeza progressiva: O uso do termo pode ter servido para ilustrar que os estados superiores de consciência representam saltos qualitativos muito maiores que os inferiores, mesmo que isso não seja matematicamente exato.
- Para inspirar reverência aos estados mais elevados: A ideia de que os níveis superiores exigem grandes transformações pode ter sido representada de forma mais expressiva com um modelo que remete a crescimento exponencial.
- Para diferenciar graus de consciência de forma não linear: Hawkins talvez quisesse ilustrar que a evolução interior não é uma linha reta e que os ganhos em consciência exigem mais esforço à medida que se avança.
- Para facilitar uma narrativa de transcendência: A associação com o logaritmo, ainda que simbólica, reforça a noção de que os níveis superiores não são apenas mais “altos”, mas radicalmente diferentes em qualidade.
Estas interpretações não precisam ser vistas como manipulação, mas como tentativa de transmitir um arquétipo de ascensão interior que não caberia bem em uma progressão linear convencional.
Interpretação alternativa: escala de expansão consciencial simbólica
Se abandonarmos a ideia de medir algo objetivamente e adotarmos o paradigma consciencial, podemos dizer que:
- A escala de Hawkins não é uma escala de valores objetivos, mas uma metáfora progressiva de maturidade consciencial.
- Os valores podem ser entendidos como graus de coerência evolutiva e de sintonia com leis universais, não com energia medida em Hertz ou decibéis.
- Sua progressão não é matemática, mas arquétipica e narrativa: vergonha é o abismo, amor é a cura, iluminação é o retorno ao Uno.
Conclusão
A Escala de Hawkins não é logarítmica no sentido matemático, tampouco científica. É um modelo simbólico que pode ser útil, desde que usado com lucidez. Quando tomada ao pé da letra, ela leva à superstição ou ao elitismo espiritual. Quando compreendida como mapa metafórico de evolução da consciência, ela ganha valor como instrumento de reflexão e autodiagnóstico geral subjetivo.
Portanto, o maior erro não é a escala em si, mas o uso ingênuo ou dogmático que se faz dela. O convite aqui é à maturidade epistemológica e à espiritualidade crítica, em que símbolos são bem-vindos — mas nunca levados ao pé da letra.

Dalton é escritor, poeta, cronista, contista, jornalista do astral, médium e humorista incorrigível da consciência. Sente uma saudade imensa de seu planeta em Sírius B e está ansioso para ser “puxado” pelo planeta Chupão. Ele alega com bom humor: “Não quero ficar com os ‘evoluídos’.” Autor de dezenas de obras independentes, sendo 5 sobre informática, uma sobre autopublicação, humor, música, o resto sobre sobre espiritualidade e consciência, mas sem religião. Engenheiro Civil, pós-graduado em Educação em Valores Humanos (inspirado em Sathya Sai Baba) e Estudos da Consciência com ênfase em Parapsicologia. E, como ele sempre diz: “Me ame quando eu menos merecer, pois é quando mais preciso.”
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Sou Dalton Campos Roque, um autor singular no cenário contemporâneo da literatura espiritualista brasileira. Com uma produção prolífica e refinada, reúno mais de três dezenas de obras publicadas de maneira completamente independente, sem recorrer a editoras comerciais, demonstrando domínio integral sobre todos os processos editoriais: da escrita à diagramação, da capa à ficha catalográfica, do ISBN ao marketing. Cada título que crio carrega a marca da minha autenticidade, dedicação e compromisso com a elevação consciencial do leitor.
Sou engenheiro de formação e escritor por vocação, e transito com maestria entre o rigor técnico e a liberdade poética da alma. Meu estilo é direto, sem rodeios, porém profundo, articulando com clareza conceitos complexos de espiritualidade, filosofia, física teórica e consciência, sempre com viés universalista e linguagem acessível, sem ceder à superficialidade ou ao sensacionalismo.
Dotado de sólida bagagem espiritualista e parapsíquica, vivenciei intensamente os bastidores da mediunidade, da apometria, da bioenergia, da projeção da consciência e da cosmoética, tornando-me uma referência singular no que denomino paradigma consciencial. Meus textos, ainda que muitas vezes escritos em tom de crônica, conto ou sátira, jamais se afastam de uma ética elevada, de uma busca sincera pela verdade e de uma missão clara: esclarecer, despertar e provocar a reflexão interior.