O POETA E O UNIVERSO

O POETA E O UNIVERSO

SONHOS DE UM POETA ESPIRITUALISTA

O poeta fala para o cosmos:

 

Embora seja filho das estrelas, em carcaça dura e lenta se encarnou.

Com saudades do “lar”, sabe que não merece voltar se não fizer o “dever de casa”.

Trouxe muitos sonhos na mente a romper seu coração.

Sonhos etéreos e sutis que transcendem suas limitações e condições humanas.

Limitações egóicas, quando se juntam a sonhos angélicos produzem lágrimas.

Geram faíscas conscienciais oriundas do contraponto terra/ar e fogo/água.

Porta os sonhos da Espiritualidade Maior, defronte suas fraquezas humanas.

 

O conhecer corrói suas limitações lentamente como ácido, enquanto as transforma em sabedoria através da alquimia interior.

Se sente só no meio de todos com ar circunspecto.

Percebe que poucos compreendem o sentimento inefável de seu peito.

Quando não encontra palavras, o poeta escreve, flutuando em suas
músicas suaves.

Quando não consegue escrever, as lágrimas se esvaem em rosto
quase sereno, que possui consciência que a pressa e o desespero só fazem piorar a situação.

Enquanto não encontra o efêmero abraço sistêmico de outra
alma que o compreenda, ele olha para o horizonte, conversando com o Eterno.

À noite se enamora do silêncio reflexivo, enquanto admira a lua e se
embebeda nos seus sonhos.

Sonhos que, ao inebriar sua alma, talvez o façam sofrer ou talvez
motivem seu viver. São o anestésico da vida, imerso no caos social e na acidez humana.

 

A lenda do médico e o monstro se fazem presentes em sua mente. Sonhando, quer fazer o que não pode e ser o que não é. O monstro da realidade quase sempre destrói seus ingênuos sonhos de criança evolutiva.

 

Perdido em si mesmo, tenta encontrar o Absoluto. Inadequado social, tenta se ajustar ao espiritual. O espírito de fuga confronta o espírito de luta no campo de seu coração, enquanto sua mente tenta discernir o melhor.

 

Enquanto viaja de ônibus, o poeta reflete, sonha, avalia e escreve.

Enquanto descansa na praia, conversa com o mar e o sol, se inspira e escreve.

Enquanto espera na recepção do consultório, sonha, se inspira e escreve.

 

É o poeta sonhador que carrega o coração nas mãos, enquanto sua mente alça voo às estrelas, procurando o rumo do “lar”.

Em suas expansões de consciência, acopla-se com espíritos de luz
e acessa egrégoras inefáveis.

Sente e parece que sabe, mas, em outro momento, sente-se imerso na
ignorância de sua própria humanidade.

Gostaria de ser um anjo, mas mal controla os pensamentos e os instintos.

 

O cosmos fala ao poeta:

 

Pois é, poeta! Você tem o direito a unir sua mente, seu coração e sua caneta, enquanto flutua na música dos corais dos anjos.

Mas, depois, deve largar a caneta dos sonhos e ir pegar a “enxada da vida” para poder pagar as contas e manter a pouca dignidade física e social que lhe resta.

Viva no mundo sem ser do mundo.

 

Melhor que ser poeta é praticar a espiritualidade das pequenas obras no cotidiano e escrever sobre elas.

Quando se lança a “luz” nos homens, os cegos continuarão cegos e os que desejam permanecer de olhos fechados, também continuarão a não ver.

Mas quando se lança a semente de mostarda de “luz” do esclarecimento consciencial nos chacras coronários da humanidade estão lançados os brotos da responsabilidade…

E no dia que Dona Dor e o Doutor Carma a visitarem, essa semente será fertilizada e eclodirá dela o broto espiritual, em muitas vidas antes renegada.

 

O poeta sonhador encara o Doutor Carma e a Dona Dor na vida presente em que o broto espiritual germinou em seu coração.

Nem se lembra de quem a plantou em seu chacra coronário em uma dessas vidas de antanho.

É a interseção consciencial de o gradual morrer do monstro do passado, com o germinar do anjo do futuro.

 

Um ser desperto um dia se estabelecerá, mas enquanto este dia não chega, o poeta escreve e lança os recados das estrelas, para quem guarda afinidade com seus escritos, ideias e energias.

Enquanto o poeta não tem mérito para voltar para “casa”, ele escreve, extravasando o ímpeto de seu coração e cumprindo a obrigação de seu dharma[1].

Às vezes, chora, às vezes ri, às vezes se orgulha e às vezes se sente desprezível, mas não para nunca!

Ele escreve, escreve, escreve…

 

Na esperança e no trabalho de cada dia, para poder melhorar mais sua
sintonia espiritual, melhorar seu padrão vibratório consciencial e melhorar a qualidade de seus talentos.

 

Seja no sol ou na chuva, de dia ou de noite, no caos ou na ordem, na
entalpia ou na entropia, o poeta escreve e sempre escreverá.

É seu caminho e sua responsabilidade que o próprio escolheu. Fique com Deus e com nossa poesia.

O poeta fala para o mundo:

 

Dedico este texto aos seres de coração frio, aos técnicos calculistas, aos arrogantes “evoluídos”, aos intransigentes e fundamentalistas, pois, pelas Leis Evolutivas, todos terão um dia de trilhar os caminhos do coração.

 

Somente pelo chacra cardíaco, por meio da paciência, da modéstia lúcida, do perdão, do servir, do trabalho útil e da compaixão, se acessa o Lótus das Mil Pétalas (Portão de Brahman), a fim de alcançar o Mahasamadhi (plena consciência cósmica).

 

Paz, Amor e Luz é o que este modesto poeta deseja.

(Este texto foi iniciado numa sala de espera de um consultório e terminado em casa.)

Curitiba – PR, 4 de janeiro de 2008.

 

[1] Dharma: no presente contexto, dever perante a Ética cósmica e o projeto reencarnatório.

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